UOL - O melhor conteúdo
Lupa
Imersão Acadêmica da Lupa reúne pesquisadores para debater combate à desinformação
15.06.2022 - 11h52
Rio de Janeiro - RJ
Na última segunda-feira (13), o MisinfoCon Brasil realizou a Imersão Acadêmica, painel que reuniu pesquisadores para pensar o combate à desinformação no Brasil de hoje. Depois de receber publicações de diferentes áreas do conhecimento, a Lupa selecionou três pesquisas nas áreas de comunicação, tecnologia e educação midiática. A iniciativa reforça o compromisso de valorizar e dar visibilidade às ciências e à divulgação científica, entendidas como braços estratégicos para combater a desinformação. O evento, que tem sua primeira edição no Brasil, é organizado pelo Hacks/Hackers em parceria com a Lupa
Mediada pelo Analista de Educação da Lupa, Victor Terra, a conversa contou com a participação da coordenadora da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCd), Ana Regina Rêgo; do pesquisador e coordenador da Meedan, Caio Sacramento; e da professora e pesquisadora da Universidade de Lisboa, Lílian Tropiano.
Em sua fala, Ana Regina fez um breve panorama sobre o ambiente das redes sociais, no qual estamos imersos hoje em tempo muitas vezes comparável ao que muitos passam offline. Segundo ela, o funcionamento das plataformas estaria baseado em lógicas de captura de atenção, recompensa e julgamento mútuos, em que todos estão avaliando e sendo avaliados. “Estamos mergulhados dentro de uma vida digital. Hoje, é a nossa própria experiência humana que está sendo vendida pelas plataformas, prevendo como cada um vai se comportar em termos de ideologia, religião, hábitos de consumo e relacionamento. Essa é a reserva que está guardada nos cofres das plataformas digitais: nós. Nós somos aquilo que para muitos é o petróleo dos dias atuais”, explica a pesquisadora.   
Para ela, ainda que neguem que a desinformação é uma estratégia pretendida, as redes sociais têm se beneficiado com o crescimento da indústria da desinformação. “O modelo de negócios dessas plataformas favorece narrativas que trabalham no viés da desinformação. Isso porque uma desinformação possui, por exemplo, uma potência 70% maior para viralizar do que um conteúdo verdadeiro, segundo pesquisa do MIT. 
Se por um lado, a tecnologia apresenta seus riscos com as plataformas, ela também pode servir de instrumento para enfrentar conteúdos desinformativos. Com foco no desenvolvimento de softwares para identificação automática de conteúdo falso, a pesquisa de Caio Sacramento é um exemplo disso. “O que nossa ferramenta oferece é que conteúdos similares sejam agrupados e as checagens sejam otimizadas, o que reduz o trabalho de um checador por exemplo, que vai poder saber se aquele texto ou algo muito similar a ele já foi checado antes”. E ainda que contribua, a tecnologia não deve ser enxergada como solução de todos os problemas. “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a identificação automática de conteúdo falso não é uma tarefa trivial de ser aplicada. É arriscada se feita de forma totalmente automatizada. O que propomos é que a tecnologia entre como auxílio para otimizar o processo, mas que a palavra final sempre seja dada por um humano”, argumenta Sacramento, que além de pesquisador na área de ciência da computação, é diretor de tecnologia do Meedan, parceiro da Lupa nas soluções ligadas ao Whatsapp. 
Além da compreensão do contexto das redes e das novas tecnologias, outro pilar no enfrentamento às desinformações é a educação midiática, tema explorado na pesquisa de Lilian Tropiano. “A educação é um braço de ação multiplicador. Interligando as experiências do letramento midiático de Portugal e Brasil, Tropiano, que desenvolve pesquisa pela Universidade de Lisboa, tem investigado a oferta de MOOCs (Massive Open Online Course) e de outros recursos educacionais abertos voltados à educação e letramento midiático no Brasil.  
Ela lembrou ainda que a educação não deve ser pensada como restrita ao ensino formal e que os MOOCs funcionam como ferramentas que favorecem o acesso ao aprendizado contínuo nas diversas áreas de conhecimento, em especial de letramento midiático. “Além disso, tenho buscado entender e construir quais seriam as formas adequadas e recursos necessários em termos de design educacional para promover o letramento midiática”, explicou Tropiano. 
Ela explica que o objetivo final da pesquisa é oferecer um curso introdutório voltado para pessoas que nunca tiveram contato com a educação midiática. “Precisamos fornecer recursos que possibilitem as pessoas produzirem narrativas coerentes diante de toda essa desordem da informação”, completou. 
Primeira edição no Brasil
Esta é a primeira edição do MisinfoCon realizada no Brasil, em formato híbrido. A programação completa pode ser conferida aqui. Os painéis e a imersão acadêmica estão disponíveis no canal da Lupa no YouTube.
Clique aqui para ver como a Lupa faz suas checagens e acessar a política de transparência
A Lupa faz parte do
The trust project
International Fact-Checking Network
A Agência Lupa é membro verificado da International Fact-checking Network (IFCN). Cumpre os cinco princípios éticos estabelecidos pela rede de checadores e passa por auditorias independentes todos os anos.
A Lupa está infringindo esse código? FALE COM A IFCN
Tipo de Conteúdo: Artigos
Copyright Lupa. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização.
Women Owned
Assine nossa newsletter
sobre desinformação
Acompanhe nossas redes
Lupa © 2025 Todos os direitos reservados
Feito por
Dex01
Meza Digital