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Lupa
Cinco perguntas para explicar Educação Midiática
14.09.2023 - 20h54
Rio de Janeiro - RJ
Com a popularização do termo e de suas práticas nos últimos anos, a Educação Midiática ainda soa como um tema desafiador para educadores e comunicadores. 
Por isso, a Lupa traz um resumo sobre o assunto em 5 perguntas que te ajudam a entender de uma vez por todas o que, afinal, significa Educação Midiática e qual o seu papel no mundo atual. 
Por aqui você vai entender: 
  1. O que é Educação Midiática? 
  2. Por que Educação Midiática é importante?
  3. Como a Educação Midiática combate a desinformação?
  4. Qual a diferença entre Educação Midiática e Educação Digital?
  5. Que práticas podem ser adotadas no dia a dia e na sala de aula?

1. Afinal, o que é Educação Midiática?

A Educação Midiática é um conjunto de práticas voltadas para fomentar as habilidades de acessar, analisar, criar e participar de forma crítica do mundo atual, marcado pela grande circulação de informações e conteúdos, nos diferentes suportes, linguagens e espaços midiáticos que nos cercam. 
Enquanto instrumento pedagógico, a Educação Midiática deve ser entendida como uma camada, capaz de ser integrada a qualquer disciplina ou área do conhecimento, seja no Ensino Básico, Superior ou ainda em espaços de educação não-formal. A Educação Midiática não deve pertencer a um determinado espaço ou disciplina, mas deve atravessar nosso cotidiano e nossas escolaridades, acompanhando justamente a diversidade de conteúdos que já circulam nos mais variados espaços.  
Enquanto instrumento democrático e cidadão, a Educação Midiática deve potencializar a voz e o direito à expressão garantido a todo cidadão, viabilizando uma comunicação mais eficiente e consciente. Quando não  trabalhada, o efeito é o inverso: menos senso crítico e mais desinformação. 

2. Por que Educação Midiática é importante?

Ferramentas, plataformas e tecnologias da informação estão em constante mudança. Nessa realidade, marcada por telas, redes e conteúdos de todos os tipos, é inegável o alto grau de impacto provocado pelas mídias na forma como nos comunicamos e nos relacionamos com outras pessoas e com a própria informação. 
É uma revolução: lembra o tempo que demorou para as pessoas acostumadas com o rádio migrarem para a televisão?
Agora, pense nos seguintes exemplos:
Um meme, que pode se espalhar em minutos para milhares de pessoas
Ou ainda...
um aplicativo, que pode viralizar no mundo todo em menos de um ano
De plataformas de streaming a mecanismos de busca online, passando por aplicativos de mensagens e ferramentas de Inteligência Artificial, experiências midiáticas têm influenciado o cotidiano, o que inclui as práticas de ensino e aprendizagem, dentro e fora da sala de aula.
Portanto, mais do que uma escolha, passa a ser necessário saber lidar com as mídias, e a Educação Midiática tem se mostrado uma das ferramentas mais eficientes nesse desafio, formando cidadãos críticos para atuarem em um mundo hiper conectado e informacional.
Se por um lado vemos a constante mudança de plataformas e tecnologias, precisamos conseguir enxergar, por outro, o letramento midiático como prática constante e capaz de refletir e problematizar tais atualizações - seus problemas e benefícios.

3. Como a Educação Midiática combate a desinformação?

Pesquisas recentes mostram que, no Brasil:
  • quase todas as crianças e jovens de 9 a 17 anos acessam a internet, mas 43% não sabem checar se uma informação é verdadeira ou falsa, e 38% não sabem identificar se um site é confiável ou não.
  • entre as pessoas de todas as idades que utilizam apenas o celular para acessar a internet, apenas 37% checam as informações que recebem. 

Dados extraídos de pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em maio de 2023.

O contexto ilustrado pelos dados favorece a disseminação e o consumo de desinformação. Muitos desses conteúdos têm sido combatidos e contidos por veículos jornalísticos e de checagem, mas, ainda assim, seguem atingindo uma quantidade significativa da população. 
Isso porque já entregam o conteúdo checado e pronto para as pessoas, ao invés de apresentar a elas os mecanismos e os sinais que permitam identificar se um conteúdo é ou não confiável.  
Esse princípio – antes, altamente visto como confiável devido à credibilidade de quem publicava – passou a perder relevância, ser pulverizado e disputar com conteúdos que não passam pelos mesmos critérios jornalísticos.
A simples premissa de “buscar informação em lugar confiável” se tornou mais profunda, levantando a necessidade de “saber checar onde se busca a informação”. 
A Educação Midiática:
  • funciona como estratégia transversal, potencializando o senso crítico individual de cada cidadão em sua relação com as mídias e, por consequência, fortalecendo a confiança da sociedade em iniciativas jornalísticas e de divulgação científica já existentes;
  • fornece as ferramentas e desenvolve as habilidades para que cada pessoa saiba interpretar um texto, uma imagem e os elementos de um conteúdo midiático, identificando de forma crítica se as informações apresentadas são potencialmente confiáveis ou não. 
Pense em uma lógica como daqueles jogos, em que um dominó é posicionado ao lado de outro e, quando o primeiro é empurrado, todos acabam seguindo o mesmo fluxo e caindo. A desinformação funciona desta maneira. Mas, se um dominó é retirado da trajetória, o fluxo de informações não confiáveis é interrompido. Um leitor/espectador que se comporta como um checador pode ser essa interrupção, impedindo que um conteúdo desinformativo siga a frente afetando a próxima pessoa.

4. Qual é a diferença entre Educação Midiática e Educação Digital?

Ao contrário do que muita gente pensa, as práticas de educação midiática não requerem necessariamente o uso de ferramentas digitais. Afinal, nem todo recurso midiático é necessariamente digital
É possível trabalhar as habilidades de acessar, analisar, avaliar, criar e participar de forma crítica, recorrendo a outros instrumentos e atividades que não apenas aquelas que envolvam celulares, computadores, telas e Internet. 
Jornais, revistas, cartazes, capas de livros e até embalagens de produtos, por exemplo, são mídias – já que funcionam como suporte para difundir determinada informação para uma ou mais pessoas. 
Por isso, na educação midiática mais importante do que focar em meios digitais ou analógicos, é fundamental entender de que forma os diferentes tipos de mídias se relacionam, se integram e cumprem cada um seu papel nos processos de relação e comunicação na sociedade atual. 

5. Que práticas podem ser adotadas no dia a dia e na sala de aula?

Existem muitas estratégias e metodologias de Educação Midiática possíveis de serem aplicadas dentro e fora das salas de aula. O que todas devem apresentar em comum ao serem implementadas é a constância de atividades e a diversificação de habilidades, reflexões e formatos. 
Buscar por linguagens que o público-alvo já esteja ambientado no dia a dia pode ser um bom caminho para iniciar as práticas. Afinal, nas mídias não basta que apenas o conteúdo seja considerado. 
É preciso pensar na construção das narrativas considerando os recursos disponibilizados pelos formatos, observando a adequação, o potencial e os eventuais riscos que cada um deles oferece e outras questões como:as relações entre formatos e com quem os produz, os motivos que podem levar à escolha de determinado formato, como cada um é capaz de colocar algo em foco ao transmitir a mensagem.
Veja alguns exemplos:  
  • Reconhecer formatos, elementos e estratégias textuais e visuais ligadas a conteúdos desinformativos [Linguagens e Humanidades];
  • Analisar infográficos e mapas, identificando a relação entre as informações, sua distribuição visual e textual [Ciências Matemáticas e da Natureza];
  • Comparar imagens, linguagem e formato utilizados entre dois veículos diferentes (um digital e um analógico, por exemplo) [Linguagens e Humanidades];
  • Identificar e acessar a fonte da informação de determinado conteúdo, seja ele analógico ou digital – site, página de um livro, artigo científico, documento histórico [Linguagens, Humanidades e Ciências da Natureza]; 
  • Criar, recriar ou editar memes que viralizaram nas redes sociais, debatendo seu sentido, tom de voz e o impacto da mensagem comunicada [Linguagens, Humanidades].
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Tipo de Conteúdo: Artigos
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