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Projeto ensina estudantes a checarem informações sobre vacinas
16.11.2023 - 21h31
Boa Vista- RR
Alunos da Escola Estadual de Queimado Lençol (DF) participando da oficina de combate a desinformação contra a vacina do HPV

Quando participou do programa FactCheckLab, promovido pela Lupa em parceria com a Embaixada e os Consulados dos Estados Unidos no Brasil, a jornalista Gracielly Bittencourt buscava criar uma iniciativa de combate à desinformação que tivesse impacto social em sua comunidade. Foi assim que surgiu o projeto “Conhecimento é vacina contra a desinformação”, com oficinas realizadas em escolas para  discutir e checar informações sobre a vacina contra o HPV. Com o foco em  meninos e meninas entre 9 e 14 anos, a iniciativa já beneficiou cerca de 50 estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal (DF).
“Observei o caso da vacina contra o HPV, que está disponível desde 2014, mas que nunca atingiu a meta de vacinação e muito por conta da desinformação que circulou sobre essa vacina. Talvez essa tenha sido uma das primeiras vacinas no Brasil impactadas pela desinformação e eu propus um projeto focado nisso”, explica Gracielly, que venceu o FactCheckLab na região centro-oeste.
Após concluir o programa de mentoria, oferecido pela Lupa em parceria com o Consulado dos Estados Unidos, em 2019, Gracielly participou do intercâmbio profissional IVLP (International Visitor Leadership Program ou Programa de Liderança de Visitantes Internacionais), também fruto da parceria com a embaixada americana.. Assim, conseguiu apoio financeiro, por meio de editais do país, para colocar em prática o projeto em 2022 e 2023. 
Intercâmbio nos Estados Unidos promovido pelo Instituto Poynter. Fonte: arquivo pessoal.
A primeira edição do projeto aconteceu em novembro de 2022, no Centro de Ensino Médio (CEM) 2, em Ceilândia (DF). Na ocasião, estudantes do segundo ano do Ensino Médio, de 15 a 17 anos, participaram de dois dias de oficinas com palestras sobre desinformação e atividades práticas de checagem.
A segunda edição foi realizada em outubro de 2023 no Centro de Ensino Fundamental Queima Lençol, área rural de Sobradinho (DF), com jovens de 13 a 15 anos de idade. 
Checando informações sobre vacina
Embora a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) seja fundamental para prevenir o câncer do colo de útero e disponibilizada gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), estudos da Fundação Nacional do Câncer mostram a baixa procura dos jovens pelo imunizante. Por isso, as atividades das oficinas focam  não apenas em discutir, mas também em checar informações sobre a vacina, desmistificando conteúdos falsos e esclarecendo dúvidas sobre benefícios, efeitos e funcionamento do imunizante  . 
Nas duas edições, as oficinas ocorreram em dois dias. No primeiro dia, os alunos participam de um bate-papo sobre fake news, para mostrar na prática alguns exemplos de desinformação e como elas circulam nas redes sociais. “Muitos deles disseram que se informam pelo TikTok, por influencers do Youtube, chat de jogos online e outras redes sociais”, afirma Gracielly.
Do olhar crítico à prática da checagem 
O objetivo dessa primeira conversa é que os estudantes questionem sobre as informações que recebem por meio da internet, estimulando o olhar e o  senso crítico. A programação inclui também  a participação de jornalistas que trabalham com checagem de fatos, para contar sobre a rotina da redação e esclarecer dúvidas. Há ainda palestras como especialistas em saúde e vacinação, como no caso da primeira edição, que recebeu  uma pesquisadora da Fiocruz falando  sobre várias vacinas, não só a do HPV.
O segundo dia é dedicado a atividades práticas, com a apresentação de técnicas de checagem – como a busca reversa de imagem, observação de fonte e data de publicação. “Observei como essas técnicas de checagem  fizeram um grande efeito. Eles começaram a ficar mais atentos”, explica  a idealizadora do projeto. Em seguida, os alunos colocam  em prática o que aprenderam, tendo a oportunidade de criar conteúdos de checagens sobre vacinação, incentivando outros jovens a tomarem a vacina.
Ausência de informações básicas  
Após a realização das atividades, os participantes são submetidos a  um questionário O diagnóstico preocupa. A maioria dos alunos informaram que não foram vacinados contra HPV. Entre as justificativas está o simples fato de desconhecer a existência do imunizante “Eles não tomaram a vacina, não porque eles são anti-vax,. mas porque não receberam a informação básica. Às vezes, essa informação não chegou à família porque desconheciam ou foram afetadas por alguma fake news, o que desincentiva  esse adolescente a ir tomar”, explica Bittencourt.
Efeito multiplicador 
Para que o tema passe a ter maior alcance entre os jovens, os alunos criaram conteúdos para propagar informações científicas sobre as vacinas e combater a desinformação. Na visão de Gracielly, trabalhar com educação midiática com os jovens é divulgar informações com embasamento na ciência.
“O jovem é um grande propagador de informação, tanto entre eles, quanto para as famílias. Ele chega em casa e vai levar esse conhecimento que recebeu na escola. Então, esse trabalho tem um efeito multiplicador muito grande", observa.
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Tipo de Conteúdo: Artigos
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