Este artigo analisa as condições de emergência e atuação do negacionismo climático no Brasil, destacando seu papel estratégico na visão liberal-conservadora e seu impacto na governança ambiental.
Demonstra a relação do negacionismo climático no Brasil com discursos, instituições e práticas que influenciam disputas ambientais, como a regulamentação do desmatamento e compromissos climáticos internacionais.
O negacionismo climático aparece como dispositivo estratégico liberal conservador, cuja visão de mundo vê a governamentalização ambiental como uma ameaça ao livre mercado, propriedade privada, espiritualidade cristã e civilização ocidental, refletindo significados sociais profundamente enraizados. Assim, o negacionismo aparece não apenas como fruto de "desinformação" ou "ignorância", mas como ação estratégica de determinados grupos políticos.
A pesquisa, conduzida entre janeiro de 2019 e junho de 2021, mapeou eventos públicos relacionados ao negacionismo climático desde 2007, examinando arquivos digitais, vídeos, audiências públicas, livros, sites e cartas abertas, focando em temas como política florestal, agronegócio, e bolsonarismo.
Jean Carlos Hochsprung Miguel: é pesquisador, doutor em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).