Apontando os desafios trazidos pelas novas tecnologias ao jornalismo, tanto como instituição quanto como empresa econômica, o texto classifica como ambígua a postura da grande imprensa brasileira diante do crescimento das “notícias falsas” nos últimos anos. Tal ambiguidade pode ser identificada, segundo o autor, na conduta da imprensa diante do avanço do Bolsonarismo em 2018, movimento tomado como última salvação contra eventual vitória do Partido dos Trabalhadores (PT) e, simultaneamente, ameaça ao capital político do próprio jornalismo. O estudo busca demonstrar como as crises da democracia liberal e do jornalismo são reflexos do esgotamento de seus modelos. Nesse sentido, o artigo conclui que o combate às fake news só é viável a partir da elaboração de novos modelos que incluam a democratização e pluralização da produção de informações e a educação política para leitura crítica da mídia.
Luis Felipe Miguel é professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasilia (UnB), onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê) e é pesquisador do CNPq