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Marina Silva muda de posição e defende impeachment da presidente
11.04.2016 - 17h36
Rio de Janeiro - RJ
No último sábado (9), a ex-ministra, ex-senadora e porta-voz da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, participou de uma conferência com estudantes, na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. No evento, ao ser questionada sobre o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que tramita na Câmara dos Deputados, Marina afirmou:
“Entendo, primeiro, que não é golpe. Segundo, que se explicitaram as bases para o impeachment”
Contraditório
Mas, no dia 4 de dezembro de 2015, dois dias depois de o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, aceitar o pedido de impedimento protocolado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, a Comissão Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade – da qual Marina é integrante – publicou uma nota crítica ao processo. No texto divulgado pela Rede, o partido afirmava que:
“A petição aceita (por Cunha) não apresenta matéria nova em relação à anterior, já analisada pela Rede como insuficiente para redundar em impeachment”
O novo posicionamento de Marina,  fundadora e  uma das principais líderes da Rede, foi registrado nesta segunda-feira (11) pela BBC Brasil e pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, que acompanharam o evento em Chicago. Ontem, o “Fantástico” também noticiou o posicionamento favorável de Marina à admissibilidade do processo de impeachment de Dilma, segundo registro feito pelo site G1.
Uma busca pela internet confirma, no entanto, a mudança de posição da ex-senadora. Em março de 2015, Marina escreveu o texto “Silêncio se faz para ouvir“. No artigo, ela argumentava que “há uma campanha pedindo o impeachment da presidente que foi eleita há poucos meses. Compreendo a indignação e a revolta, mas não acredito que essa seja a solução”.
Meses mais tarde, em dezembro de 2015, o jornal “O Estado de S.Paulo”, por exemplo, publicou uma reportagem intitulada “Rede de Marina se posiciona contra o impeachment”. O blog do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, publicou algo semelhante no mesmo período, informando que Marina não via “elementos técnicos e jurídicos” para embasar o impedimento da presidente. E o jornal “Folha de S.Paulo” também informou que a Rede tinha decidido “se posicionar contra o impeachment” de Dilma.

DATAFOLHA

A mudança de posição de Marina aconteceu no mesmo dia em que o site da Folha publicou o resultado da última pesquisa de intenção de voto para 2018, feita pelo DataFolha. Nesse levantamento, “Lula e Marina lideram a corrida” presidencial.
Entre dezembro de 2015 e o último sábado, o pedido de impeachment acolhido por Cunha não sofreu nenhuma alteração em seu conteúdo. A Comissão Especial chegou a debater se incluiria na avaliação o teor da delação premiada que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo, fez na Operação Lava-Jato. O grupo, no entanto, decidiu deixar esse conteúdo de fora da análise.

‘NEM DILMA NEM TEMER’

Na semana passada, Marina Silva lançou a campanha “Nem Dilma nem Temer – nova eleição é a solução”. A ex-senadora e ex-deputada defende desde então que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) casse a chapa vencedora em 2014, por suposto uso de propina em campanha, e que realize novo pleito presidencial.
A posição de Marina é de que o partido libere sua bancada para se posicionar no plenário da Casa se o pedido de impedimento de Dilma passar pela comissão. A bancada da Rede na Câmara tem hoje 4 deputados.
A Lupa procurou a assessoria de imprensa da Rede por telefone e e-mail. No início da noite, a Rede Sustentabilidade emitiu nota reafirmando o que Marina Silva disse na conferência nos EUA.  O partido afirma que, após debates internos, “a maioria dos membros de sua instância nacional dirigente, a Rede Sustentabilidade entende que existem elementos que justificam a admissibilidade do processo contra a presidente Dilma para que a necessária investigação dos atos de improbidade administrativa previstos na Constituição siga seu curso no Senado, de acordo com o rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal”.
Com a colaboração do jornal “O Estado de S.Paulo”, que cedeu áudio da coletiva em Chicago.
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Ítalo Rômany
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