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Crivella corta R$ 3,2 bilhões do orçamento do Rio. Só da Saúde, foram R$ 547 milhões
14.03.2017 - 10h14
Rio de Janeiro - RJ
Durante a campanha eleitoral do ano passado, o então candidato pelo PRB e hoje prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, criticou diversas vezes a administração de Eduardo Paes (PMDB) na área de Saúde. Em 16 de agosto, por exemplo, logo no início da disputa, Crivella fez uma caminhada pelo bairro de Realengo, na Zona Oeste, e disse que a saúde municipal estava “um caos” e que era preciso encontrar “uma solução” para os problemas locais.
“Vou aumentar em mais R$ 250 milhões o orçamento da pasta (Saúde)”
Contraditório
A mesma promessa também foi descrita pelo então candidato em seu programa de governo registrado no Tribunal Superior Eleitoral.
Dados extraídos do Rio Transparente, portal de Transparência da prefeitura carioca, revelam que, dois meses depois de assumir a administração, Crivella passou a seguir caminho oposto ao prometido. Os números oficiais mostram que o orçamento do Rio sofreu um corte de R$ 3,258 bilhões. No fim do ano passado, a Câmara de Vereadores havia aprovado uma dotação inicial de R$ 28,607 bilhões para 2017. Agora, o portal de transparência gerido pela Controladoria Geral do Município mostra que o orçamento – ou seja a dotação atualizada – fica bem abaixo disso, em R$ 25,349 bilhões.
Na Saúde, área que mereceu a atenção de Crivella em sua caminhada por Realengo e em diversos outros eventos de campanha, o corte chega a R$ 547 milhões. O valor aprovado pelos vereadores para este ano foi de R$ 5,46 bilhões. Agora, consta no Rio Transparente que são apenas R$ 4,92 bilhões. O Hospital Souza Aguiar foi um dos mais atingidos com um corte de R$ 33 milhões.
Na Educação, o cenário se repete em menor escala. O corte foi de R$ 112 milhões, tendo o orçamento da pasta passado de R$ 6,4 bilhões para R$ 6,3 bilhões.
Quem verifica os dados descobre ainda que, por outro lado, o gabinete do prefeito passou a ter mais verba a sua disposição. No orçamento original, eram R$ 42,9 milhões. Agora são R$ 262,9 milhões – quase seis vezes mais.
A Lupa ainda aguarda que os dados sobre as demais secretarias e órgãos do governo municipal sejam publicados no Rio Transparente para seguir a avaliação das promessas de campanha do prefeito. Lembra que o portal Rio Transparente, criado por lei, passou quase três meses sem nenhuma atualização oficial.
Procurada para comentar esta reportagem, a prefeitura do Rio disse que “a redução de gastos é resultado da renegociação de contratos, principalmente nos serviços de apoio administrativo” e que “o orçamento projetado para 2017 não levou em consideração, por exemplo, a expansão da rede de saúde”. Para a administração carioca, “a renegociação se faz necessária para que os serviços não sejam paralisados”. A prefeitura informa ainda que “a dívida, apenas na Saúde, chega a R$ 400 milhões” e que, “a partir desse diagnóstico, está sendo feito um enorme um esforço fiscal no sentido de cortar cargos, rever contratos e administrar as receitas com mais austeridade”.
Sobre o aumento de verba para o gabinete do prefeito, a prefeitura disse que o órgão passou abrigar a Subsecretaria de Bem Estar Animal, a Coordenadoria da Diversidade Sexual e a Subsecretaria para pessoas com deficiência, órgãos que anteriormente estavam em outras pastas da prefeitura.
A prefeitura deixou de responder se pretende manter a promessa e colocar os R$ 250 milhões prometidos anualmente na Saúde. Confira a nota na íntegra.
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Ítalo Rômany
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