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Ferramenta digital converte som em movimento labial
19.07.2017 - 13h00
Rio de Janeiro - RJ
Para horror dos checadores, o combate às notícias falsas pode ter alcançado um novo patamar. Ainda mais difícil. Enquanto estudavam formas de melhorar a qualidade dos vídeos transmitidos pela internet (em conversas como as de Skype), pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, acabaram desenvolvendo um programa capaz de converter som em movimento labial perfeito. Com isso, conseguiram colocar na boca de pessoas de grande relevância palavras que jamais foram ditas por elas.
Um dos testes foi realizado com o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. A equipe de pesquisadores de Washington selecionou uma entrevista que ele deu em 1990 e, usando apenas seu áudio, fez com que Obama dissesse exatamente as mesmas palavras num vídeo gravado 25 anos mais tarde. Veja:
Imagine agora se o áudio original embutido no vídeo de Obama não tivesse sido uma frase dita pelo ex-presidente. Imagine se tivesse vindo de Adolph Hitler, Fidel Castro ou um serial killer. Pois é. Por aí vai o receio dos quase 200 membros da International Fact-checking Network (IFCN), que debateram a notícia nos últimos dias.
Em março de 2016, outra revelação parecida já havia sacudido a comunidade de checadores. Pesquisadores da Universidade de Erlangen-Nuremberg, do Max-Planck Institute for Informatics e da Universidade de Stanford haviam anunciado ser capazes de transferir expressões faciais de um ser humano para um vídeo contendo imagens de outra pessoa. O teste acadêmico também foi feito usando um ex-presidente americano como base.
Neste caso foi o republicano George W. Bush. E, no resultado final, ele aparece erguendo as sobrancelhas, torcendo o nariz e fazendo bico sem nunca ter feito esses movimentos na gravação original. Graças a essa tecnologia de ponta, um “Bush-fantoche” apenas refletia os movimentos feitos pelo pesquisador. Veja:
O que mais intriga os fact-checkers, no entanto, é o fato de que, a olho nu, parece impossível identificar que os lábios e/ou as expressões faciais foram manipulados. Será preciso, portanto, um esforço tecnológico para detectar essas alterações.
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