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Lupa
De olho em 2018, João Doria e Geraldo Alckmin já vivem a pré-campanha
01.09.2017 - 05h00
Rio de Janeiro - RJ
Dando sequência à série de checagens sobre os possíveis candidatos à presidência em 2018, a Lupa passou as últimas semanas acompanhando discursos e postagens feitas pelos tucanos João Doria e Geraldo Alckmin, atuais prefeito e governador de São Paulo, respectivamente. Veja a seguir o resultado:
“Na primeira avaliação feita, fechei com 70% de aprovação (…) Fernando Haddad fechou, no mesmo período, com 15%”
João Doria, prefeito de São Paulo, em Fortaleza, no dia 18 de agosto
A primeira pesquisa relativa à administração João Doria foi realizada pelo Instituto Datafolha entre os dias 8 e 9 de fevereiro de 2017 e mostrou que ele contava com a aprovação de 44% dos entrevistados um mês depois de sua posse. O tucano só apareceu com uma aprovação de 70,3% no levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas entre os dias 25 e 28 de março. A informação dada por Doria sobre o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad também contém erro. O Instituto Paraná Pesquisas não avaliou a aprovação do petista em seus três primeiros meses de governo – o que impede a comparação com os 70% do tucano. O Datafolha, por sua vez, informou que, em seus primeiros três meses de governo, Doria teve 43% de aprovação e Haddad, 31% – o dobro do mencionado pelo atual prefeito, em Fortaleza.
Procurado, o prefeito disse que “cometeu um lapso em relação à referência temporal” e que pretendia mencionar a aprovação de Haddad registrada pelo Datafolha em 15 de julho de 2016.

“Depois de Fortaleza, o maior número de cearenses está concentrado na nossa cidade (…) São 3,5 milhões de nordestinos que vivem em São Paulo”
João Doria, prefeito de São Paulo, em Fortaleza, no dia 18 de agosto
A última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo IBGE em 2015 mostra que o Estado de São Paulo abrigava 5,6 milhões de nordestinos. Desse total, 3,9 milhões viviam nos 39 municípios da Região Metropolitana. O estudo não informa quantos deles moravam especificamente na cidade de São Paulo. Ainda vale mencionar que, de acordo com o IBGE, proporcionalmente, o Distrito Federal é onde há mais cearenses migrados.
Procurado, Doria informou que fez uma “aproximação” com base em diversas fontes, entre elas o artigo “Viva São Paulo, a maior cidade nordestina do Brasil!”, de autoria de Raquel Rolnik.

“Eu venci o PT. Não houve uma região sequer na cidade de São Paulo em que o PT tivesse vencido”
João Doria, prefeito de São Paulo, em Fortaleza, no dia 18 de agosto
Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) realmente não venceu o tucano Doria em nenhuma das 58 zonas eleitorais da capital paulista. Marta Suplicy, candidata pelo PMDB na eleição de 2016, foi a única a tirar a hegemonia do atual prefeito. Ficou em primeiro lugar em duas regiões: Grajaú e Parelheiros.

“Eu quero ser [candidato a presidente]. Estou preparado para ser candidato [à Presidência]”
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, no Twitter, no dia 23 de agosto
No ano passado –  antes de a crise política desencadeada pela delação da JBS atingir o então presidente do PSDB, Aécio Neves – o governador de São Paulo desconversava sobre o assunto Presidência sempre que questionado sobre ele. Em maio de 2016, Alckmin declarou que era “candidatíssimo à presidência” do Santos Futebol Clube, seu time do coração. Repetiu a brincadeira em maio deste ano, ao ser perguntado sobre quem seria seu maior adversário nas eleições de 2018: “Vamos ter uma grande disputa pela presidência do Santos Futebol Clube, esse grande time do Peixe”.
Em nota, Alckmin destacou que a candidatura presidencial “é uma decisão coletiva, que começa pelo partido” e, que será tomada até o fim do ano.

Hoje nós temos o menor número [de homicídios] do Brasil: 8,2 homicídios por 100 mil habitantes”
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, no Twitter, em 23 de agosto
Dados compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) mostram que Alckmin acertou ao dizer que São Paulo é o estado que possui a menor taxa de homicídios do Brasil. Mas o governador errou o número. O Atlas da Violência 2017, única fonte oficial que comporta comparações estatísticas desse tipo entre todas as unidades da federação, mostra São Paulo como uma taxa de homicídios de 12,2 mortos a cada 100 mil habitantes – não 8,2, como afirmou Alckmin. No mesmo período, a média brasileira foi de 28,9 assassinatos, e Sergipe teve o pior índice, com 58,1.
Em nota, o governador de SP informou que  o dado utilizado vem de sua Secretaria de Segurança Pública e foi registrado em maio de 2016. Não há, no entanto, nenhuma comparação pública entre os estados que apresente esse total como sendo o menor do país.
__Esta reportagem foi publicada na versão impressa do jornal Folha de S.Paulo no dia 1 de setembro de 2017.
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Ítalo Rômany
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