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SobreElas: TO não consegue reduzir mortes de mulheres ligadas à saúde
27.03.2018 - 12h00
Rio de Janeiro - RJ
Eleito para mais um mandato de governador em 2014, Marcelo Miranda (MDB) prometeu que o governo iria contribuir para reduzir o número de mortes de mulheres relacionadas a questões de saúde. Cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última semana, acusado de caixa dois na campanha eleitoral, Miranda deixou o governo sem cumprir a promessa.
Já na capital, Palmas, o prefeito Carlos Amastha (PSB) indicou que iria combater as desigualdades entre homens e mulheres – mas, ao menos no que diz respeito ao mercado de trabalho, nada mudou.
No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a Lupa volta às promessas feitas às eleitoras nas campanhas de 2014 e 2016 para ver se saíram ou não do papel. É a série SobreElas. A seguir, o resultado da análise sobre Tocantins e Palmas:
“Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis”
Página 22 do programa de governo de Marcelo Miranda (PMDB), governador do Tocantins, registrado no TSE em 2014
O  Ministério da Saúde classifica como “evitáveis” as causas de morte que podem ser prevenidas pela atuação do sistema de saúde. São 77 ao todo, e entre essas causas estão doenças como tuberculose, sarampo, complicações pós-parto e hepatite, por exemplo.
Em 2014, ano em que Marcelo Miranda se candidatou ao governo pela segunda vez (ele já tinha sido eleito em 2002, quando cumpriu mandato até 2006), morreram 1.457 mulheres por essas “causas evitáveis” no Tocantins. O número cresceu no primeiro ano do atual mandato de Miranda : em 2015, morreram 1.506 mulheres. Já em 2016, o número caiu, mas pouco: 1.493 – ainda acima do registrado em 2014, antes do governo de Miranda.
Já os índices de mortalidade materna tiveram aumento. De acordo com o Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde, o Tocantins registrou 15 mortes maternas em 2014. O número subiu para 19 em 2015, e para 20 em 2016 e em 2017. Mortes maternas são, de acordo com o Ministério da Saúde, óbitos de mulheres durante a gestação ou até 42 dias após o parto.
Procurado, o governo do Tocantins não respondeu.

“Desenvolver políticas de valorização da mulher, combatendo as desigualdades entre homens e mulheres como condição para o desenvolvimento em toda sua diversidade (…)”
Página 14 do programa de governo de Carlos Amastha (PSB), prefeito de Palmas, registrado no TSE em 2016
Apesar da promessa de Carlos Amastha ser vaga, dados do IBGE mostram pelo menos dois aspectos em que há desigualdade entre homens e mulheres em Palmas: inserção no mercado de trabalho e valor dos salários recebidos.
No final de 2017, 139 mil pessoas estavam ocupadas na capital do Tocantins. Destes, 73 mil eram homens e 65 mil eram mulheres. A diferença (8 mil) é um pouco menor do que a registrada em 2016. No final daquele ano, 127 mil pessoas estavam ocupadas – 68 mil homens e 59 mil mulheres. A desocupação é maior entre elas: em 2016, 13 mil mulheres estavam desempregadas – contra 10 mil homens. Em 2017, este número foi de 12 mil mulheres e 11 mil homens.
Já os salários médios recebidos por homens e mulheres também apontam para permanência da desigualdade dos gêneros. De acordo com o IBGE, essa diferença cresceu entre 2016 e 2017. No ano passado,  os homens ganharam em média R$ 2.858 por mês, enquanto as mulheres receberam R$ 1.949 – uma diferença de R$ 909. A discrepância era menor em 2016: naquele ano, as mulheres ganharam R$ 2 mil por mês, enquanto os homens receberam R$ 2.537.
Procurada, a prefeitura de Palmas não se manifestou.
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