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No Datena, Bolsonaro volta a falar sobre salário de mulheres e homens
23.04.2018 - 06h00
Rio de Janeiro - RJ
O deputado federal e pré-candidato pelo PSL, Jair Bolsonaro, concedeu entrevista ao novo programa de José Luiz Datena, na TV Bandeirantes, no último domingo (22). Antes disso, no entanto, diversos trechos da entrevista haviam sido compartilhados por páginas de apoio a Bolsonaro e pelo próprio deputado, em seu Facebook. A Lupa checou algumas de suas declarações. Confira a seguir o resultado:
“Aponte um áudio meu dizendo que mulher tem que ganhar menos do que homem”
Jair Bolsonaro, deputado federal e pré-candidato à presidência pelo PSL, em entrevista ao programa Agora É Com Datena, da Band, no dia 22 de abril
A polêmica tem origem em uma entrevista que o deputado concedeu ao jornal Zero Hora em 2014. Na época, ele disse o seguinte: “Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo. Daqui a pouco engravida. Seis meses de licença-maternidade’ (…) Por isso que o cara paga menos para a mulher. É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual”.
Em 2016, em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez na RedeTV!, Bolsonaro falou sobre o que tinha dito ao jornal gaúcho: “eu não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente”.
Segundo o IBGE, as mulheres ganham em média R$ 542 a menos do que os homens no Brasil.
Na última terça-feira, o deputado disse que a declaração dada à Rede TV! buscava explicar sua posição sobre o tema e que considera injusto usá-la para dizer que hoje ele diz isso sobre esse assunto. “Se houve um mal entendido em 2016, paciência”. Perguntado sobre sua opinião atual sobre a diferença salarial entre homens e mulheres, disse que não tem nenhuma.

“Nas últimas eleições, em 2014, em 63 oportunidades, eles [Datafolha] erraram quem ganharia no dia seguinte”
Jair Bolsonaro, deputado federal e pré-candidato à presidência pelo PSL, em entrevista ao programa Agora É Com Datena, da Band, no dia 22 de abril
Levantamento feito pelo Yahoo e publicado depois do primeiro turno das eleições de 2014 mostrou que o Datafolha não acertou o resultado de 17 das 27 últimas estimativas que fez para aquele pleito.
O portal comparou o resultado final e a estimativa de votos que havia sido feita pelo instituto para os três primeiros colocados nas disputas para Presidência da República e para os governos de oito estados: Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Não foram, portanto, 63 erros, como sugere Bolsonaro, mas erros em 63% dos cenários pesquisados.
O deputado reconheceu o engano. Disse que faltou falar “por cento”.

“Meu filho, no Rio de Janeiro, deu 7% no sábado [em estimativa de votos, segundo o Datafolha], e, no domingo, ele teve 14% [no resultado da votação]”
Jair Bolsonaro, deputado federal e pré-candidato à presidência pelo PSL, em entrevista ao programa Agora É Com Datena, da Band, no dia 22 de abril
Em 2016, Flavio Bolsonaro, filho do deputado federal, foi candidato à prefeitura pelo PSC. Na véspera do primeiro turno, o Datafolha divulgou uma pesquisa dando-lhe 8% das intenções de voto, o sexto lugar. Flavio, no entanto, terminou a eleição em quarto lugar, com 14% dos votos – um total de 424.307.

“[Raquel Dodge] Entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para acabar com o voto impresso”
Jair Bolsonaro, deputado federal e pré-candidato à presidência pelo PSL, em entrevista ao programa Agora É Com Datena, da Band, no dia 22 de abril
Em fevereiro deste ano, a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, propôs uma ação contra a obrigatoriedade do voto impresso, aprovada com os votos de 433 deputados na minirreforma eleitoral em 2015. Bolsonaro é o autor da emenda, à qual apenas sete deputados se opuseram.
Segundo Dodge, a impressão fere o anonimato e a preservação de sigilo dos votos, ambos previstos na Constituição. A PGR também lembra que, em 2009, o STF decidiu por unanimidade que a impressão era inconstitucional. O TSE estimava em R$ 2,5 bilhões o custo total da impressão dos votos em todo o país e considera essa medida um “inegável retrocesso”.
Bolsonaro é defensor do voto impresso e foi autor da emenda, aprovada por 433 deputados, que instituiu esta obrigatoriedade, em 2015. Apenas sete deputados se opuseram ao texto.

“Inventaram cota para as academias militares, das Forças Armadas”
Jair Bolsonaro, deputado federal e pré-candidato à presidência pelo PSL, em entrevista ao programa Agora É Com Datena, da Band, no dia 22 de abril
No início de abril, o STF reconheceu, por unanimidade, que a Lei de Cotas também vale para as Forças Armadas. Sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2014, a medida reserva até 20% das vagas em concursos públicos para negros auto-declarados.
Mas a lei não é uma “invenção”, como afirma, Bolsonaro. Trata-se de uma lei considerada constitucional pelo plenário do STF. De acordo com o ministro Luís Roberto Barroso, ela é “motivada por um dever de reparação histórica decorrente da escravidão e de um racismo estrutural existente na sociedade brasileira”.
Procurado, Bolsonaro disse que fazia referência à decisão tomada pelo STF na última semana: “o Supremo resolveu, mais uma vez, legislar”.
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Ítalo Rômany
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