UOL - O melhor conteúdo
Lupa
Manuela: Brasil tem uma das ‘maiores jornadas de trabalho do mundo’. Será?
28.06.2018 - 11h00
Rio de Janeiro - RJ
Na última segunda-feira (25), a pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, foi entrevistada no Roda Viva, da TV Cultura. Deputada estadual no Rio Grande do Sul, Manuela foi a sétima presidenciável a participar do programa. A Lupa checou algumas das declarações da pré-candidata. Confira abaixo o resultado:
“[O povo brasileiro] É um dos que têm a maior jornada de trabalho do mundo”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
Falso
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que, em 2017, o brasileiro trabalhou, em média, 38,42 horas por semana. A média em todos os 102 países que forneceram dados recentes (posteriores a 2015) é de 40,45 horas.
A Penn World Table, base de dados econômicos mundiais mantida pelas Universidade de Groningen, na Holanda, e da Califórnia, nos Estados Unidos, indica que o brasileiro trabalha, em média, 1.711,28 horas por ano. Isso coloca o país na 49ª posição numa lista de 68 países avaliados.
Essa quantidade de horas do Brasil é menor do que a de todos os países da América Latina, exceto o Uruguai. Também fica abaixo da média internacional, que é de 1.864,11 horas trabalhadas por ano. Veja os levantamentos completos.
Procurada, Manuela não retornou.

“A nossa bancada [do PCdoB] é a com mais negros e pardos do Congresso Nacional, além de [ser] a que tem mais mulheres”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
Verdadeiro, mas...
A bancada do PCdoB no Congresso é composta por 10 deputados (5 deles são mulheres) e uma senadora. A sigla é realmente a que tem a maior proporção feminina em Brasília. Mas com relação à proporção de negros e pardos, o partido aparece em segundo na lista. O PCdoB tem 70% dos seus congressistas identificados dessa forma. O PPL, que tem apenas um deputado auto-identificado como pardo, chega a 100% da bancada. Ainda vale destacar que a fala de Manuela só é verdadeira em números proporcionais. Em números absolutos, há outros partidos com mais mulheres e/ou mais negros e pardos.

“[No Maranhão, o governo de Flávio Dino (PCdoB)] Fez uma espécie de minirreforma tributária. Tributou heranças permitindo que os milionários maranhenses (…) pagassem tributos”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
Verdadeiro, mas...
A gestão de Flávio Dino, de fato, promoveu uma mudança na tributação de heranças e doações em julho de 2015. Mas o Maranhão – assim como todos os estados brasileiros – já tributava esses ganhos antes da administração do PCdoB.
Até 2014, as taxas sobre heranças e doações no estado eram fixas – de 4% sobre qualquer herança e de 2% sobre qualquer doação. Com a “minirreforma” que Dino fez em 2015, o tributo sobre as heranças passou a variar entre 3% e 7%, enquanto o aplicado a doações passou a ser de 1% a 2%. Esses percentuais são definidos de acordo com o valor herdado ou doado.
De acordo com um levantamento feito pela consultoria Ernst & Young e publicado pelo site Poder360, oito estados – além do Maranhão – fizeram a mudança nas taxas sobre heranças em 2015. Desses, seis também mudaram os percentuais sobre as doações. Atualmente, 10 estados brasileiros cobram a taxa máxima de 8% nas transações envolvendo heranças e doações. O Maranhão não está entre eles.

“Sete vezes foi enviado à Câmara argentina aquele projeto [sobre a descriminalização do aborto]”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
Verdadeiro
O projeto de lei pela descriminalização do aborto na Argentina foi elaborado por uma aliança de organizações intitulada Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito e apresentado pela primeira vez ao Congresso do país vizinho em 2006. Segundo dados do Diretório Legislativo argentino, de fato, o projeto entrou em pauta sete vezes até ser aprovado, em junho deste ano.
Durante o governo de Cristina Kirchner (2007-2015), a proposta foi apresentada em cinco oportunidades. A então presidente se colocou contra a iniciativa. No atual governo, de Maurício Macri, o projeto foi apresentado mais duas vezes. Macri também se disse contrário ao ato do aborto, mas se mostrou a favor do debate. Esta checagem contou com a colaboração do Chequeado, plataforma de fact-checking da Argentina.
Clique aqui para ver como a Lupa faz suas checagens e acessar a política de transparência
A Lupa faz parte do
The trust project
International Fact-Checking Network
A Agência Lupa é membro verificado da International Fact-checking Network (IFCN). Cumpre os cinco princípios éticos estabelecidos pela rede de checadores e passa por auditorias independentes todos os anos.
A Lupa está infringindo esse código? FALE COM A IFCN
Tipo de Conteúdo: Checagem
Conteúdo de verificação e classificação de uma ou mais falas específicas de determinada pessoa, seguindo metodologia própria.
Copyright Lupa. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização.

Leia também


07.09.2024 - 20h00
7 de setembro
Na Paulista, Bolsonaro e aliados atacam Moraes e repetem fakes sobre urnas e 8 de janeiro

 Políticos reunidos no ato da avenida Paulista convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no 7 de setembro, atacaram o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e pediram seu impeachment. Eles repetiram antigas fakes para atacar o atual governo e para defender a libertação dos responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro. 

Carol Macário
04.09.2024 - 16h41
Eleições 2024
Camozzato erra valor investido em tratamento de esgoto nas últimas gestões de Porto Alegre

O deputado estadual Felipe Camozzato (Novo) foi o terceiro candidato à prefeitura de Porto Alegre a ser entrevistado pela rádio Gaúcha. Na sabatina, Camozzato errou o valor investido nos últimos 10 anos em tratamento de esgoto na capital e subestimou o montante autorizado pela Câmara de Vereadores para investimento na cidade.

Ítalo Rômany
03.09.2024 - 19h30
Eleições 2024
No Roda Viva, Marçal mente sobre monetização de cortes

O empresário Pablo Marçal (PRTB) foi o quarto candidato à prefeitura de São Paulo a ser sabatinado no programa Roda Viva, da TV Cultura. Em entrevista na noite de segunda-feira (2), ele afirmou que não houve pagamento por cortes de vídeos nas redes sociais durante a campanha eleitoral, o que não é verdade. Confira checagem completa.

Catiane Pereira
03.09.2024 - 18h30
Eleições 2024
Em Porto Alegre, Melo erra sobre indicador na saúde e gestão na educação

O prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo, candidato à reeleição, foi sabatinado na terça (3) pela Rádio Gaúcha. Ele errou ao citar que a cidade tem o melhor indicador da atenção primária em saúde e que agiu rápido para afastar a ex-secretária de Educação, Sônia da Rosa, diante de indícios de irregularidades. A Lupa checou algumas das declarações

Carol Macário
02.09.2024 - 19h30
Eleições 2024
Em Porto Alegre, Maria do Rosário (PT) erra ao comparar Ideb em capitais

Maria do Rosário (PT) foi a primeira candidata à prefeitura de Porto Alegre a ser sabatinada pela Rádio Gaúcha em 2 de setembro. A petista errou ao comparar a nota do Ideb da cidade em relação a outras capitais e falou sem contexto sobre cargos ocupados no  Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). A Lupa checou algumas das declarações da candidata.

Carol Macário
Lupa © 2024 Todos os direitos reservados
Feito por
Dex01
Meza Digital