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Alvaro Dias: governo descumpriu acordo com senadores na reforma trabalhista. Será?
31.07.2018 - 18h00
Rio de Janeiro - RJ
O pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, Alvaro Dias, foi o primeiro sabatinado no programa Central das Eleições 2018, da Globonews, na última segunda (30). Ao longo da semana, também serão entrevistados Marina Silva (Rede, dia 31), Ciro Gomes (PDT, 1.º), Jair Bolsonaro (PSL, 2) e Geraldo Alckmin (PSDB, 3).  A Lupa checou algumas das declarações do senador. Veja:
“O governo assumiu o compromisso [com os senadores] de alterar 27 dispositivos [da reforma trabalhista aprovada em julho de 2017] e (…) não cumpriu”
Alvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo Podemos, em sabatina no programa Central das Eleições 2018, da Globonews, dia 30 de julho de 2018
Exagerado
Para garantir a aprovação da reforma trabalhista no Senado, em julho de 2017, o presidente Michel Temer enviou carta aos senadores indicando a possibilidade de ajustes no texto. À época, segundo o Senado, pelo menos oito pontos poderiam ser vetados ou alterados. As mudanças foram feitas pela Medida Provisória 808, que alterou 17 artigos da nova lei. No entanto, essa MP não foi votada pelo Congresso e perdeu a validade.
Procurado, o senador não respondeu.

“Existem ministérios superpostos. [Por exemplo,] O Ministério da Pesca”
Alvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo Podemos, em sabatina no programa Central das Eleições 2018, da Globonews, dia 30 de julho de 2018
Falso
O Ministério da Pesca não existe desde 2015, quando foi incorporado pelo Ministério da Agricultura, em reforma ministerial no segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). O Ministério da Pesca e Aquicultura foi criado, inicialmente, como secretaria especial, em 2003, no governo Lula (PT). Em 2009, a secretaria foi “promovida” a ministério. Um dos ministros foi o atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), que, questionado sobre sua afinidade com a área, declarou: “Nem colocar minhoca no anzol eu sei”.
Procurado, o senador não respondeu.

“Todos os meus concorrentes que estão na minha frente (…) possuem uma rejeição superior a 50%, 60%”
Alvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo Podemos, em sabatina no programa Central das Eleições 2018, da Globonews, dia 30 de julho de 2018
Falso
No levantamento mais recente publicado pelo Datafolha, em 11 de junho, Lula (PT), Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) aparecem à frente de Dias na intenção de voto. Nenhum deles tem 50% ou mais de rejeição. A mais alta é a de Lula: 36%. Depois estão Bolsonaro (32%), Marina (24%) e Ciro (23%). Geraldo Alckmin (PSDB), que aparece empatado tecnicamente com Dias nas intenções de voto, tem rejeição de 27%. O mesmo ocorre na pesquisa Ibope de 28 de junho: Lula tem rejeição de 31%, Bolsonaro, de 32%, Marina e Ciro, 18% e Alckmin, 22%. O índice de eleitores que dizem que não votariam em Alvaro Dias é de 12%.
Procurado, o senador não respondeu.

“Temos 35 [siglas] legais e mais 73 na fila de espera aguardando a oficialização”
Alvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo Podemos, em sabatina no programa Central das Eleições 2018, da Globonews, dia 30 de julho de 2018
Verdadeiro
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, atualmente, existem 35 partidos políticos com registro formalizado e 73 partidos em formação no Brasil. Entre estes últimos, há tentativas de refundação da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido da ditadura, e do Prona, sigla de Enéas Carneiro. Também há solicitações para a fundação do Partido Nacional Corinthiano e até mesmo de um PODE – sigla utilizada pela Câmara para se referir ao Podemos, partido do próprio Dias.

“No governo Fernando Henrique, eu não votei [na CPMF], não era parlamentar. No governo Lula, votei contra”
Alvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo Podemos, em sabatina no programa Central das Eleições 2018, da Globonews, dia 30 de julho de 2018
Verdadeiro, mas...
A prorrogação da CPMF foi votada em três ocasiões quando Dias era senador, e nas três ele votou contra. Ao contrário do que ele diz, porém, uma delas foi durante o governo Fernando Henrique.
Este imposto, popularmente conhecido como imposto do cheque, foi criado como uma contribuição temporária sobre transações financeiras, como complemento ao financiamento da saúde pública, em 1997. Dias se elegeu senador em 1998, após passar sete anos sem nenhum mandato eletivo, e tomou posse no dia 1.º de fevereiro de 1999.
Inicialmente, a CPMF duraria dois anos. Mas em 1999, a PEC 34 prorrogou a vigência do imposto por mais três anos. Por razões políticas, a PEC foi votada em janeiro, durante o recesso, antes da posse dos senadores recém-eleitos. Assim, como ainda não havia sido empossado, Dias não votou.
A CPMF foi prorrogada pela segunda vez em junho de 2002, ainda durante o governo de Fernando Henrique. Dias votou contra a prorrogação da vigência imposto, assim como votou contra a matéria em uma terceira prorrogação em 2003, já na era Lula. Na última tentativa de prorrogar o imposto do cheque, desta vez mal sucedida, ele, novamente, votou contra. Isso aconteceu em 2007.

“[Há] 52 milhões [de pessoas] abaixo da linha da pobreza. É mais que a [população da] Espanha inteira”
Alvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo Podemos, em sabatina no programa Central das Eleições 2018, da Globonews, dia 30 de julho de 2018
Verdadeiro
Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais, estudo publicado pelo IBGE com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 25,4% da população brasileira vivia com até US$ 5,50 por dia em 2016. Essa é, pelos critérios do Banco Mundial, a linha da pobreza para países com renda média alta, caso do Brasil. De acordo com o IBGE, a população brasileira, naquele ano, era de 206,1 milhões de pessoas – logo, 25,4% disso equivale a 52,4 milhões. A população da Espanha é estimada em 48,7 milhões de pessoas.
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