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Na ditadura, Miriam Leitão não assaltou banco em São Paulo
07.08.2018 - 19h55
Rio de Janeiro - RJ
Circulam nas redes sociais uma imagem e um texto que atribuem à jornalista Miriam Leitão a participação no assalto a um banco no ano de 1968, durante a ditadura militar do Brasil. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que essas informações fossem checadas. Confira a seguir a análise da Lupa:
A imagem acima foi publicada no Facebook e tinha sido compartilhada 584 vezes até as 18h do dia 07 de agosto de 2018
Falso
A imagem analisada vem acompanhada do seguinte texto: “Foto do julgamento do assalto ao Banco Banespa da Rua Iguatemi, em São Paulo, ocorrido no dia 06 de outubro de 1968. A assaltante usava um revólver calibre 38 e junto com seus comparsas levou 80 mil cruzeiros, que seria equivalente a R$ 800 mil. Alguém reconhece a assaltante [foto da jornalista Miriam Leitão dos arquivos da ditadura]?”
A jornalista Miriam Leitão não participou de um assalto a agência do Banespa na capital paulista, em outubro de 1968. À época, ela tinha 15 anos de idade e morava em Caratinga, Minas Gerais, onde nasceu e cresceu.
Miriam foi realmente presa quatro anos depois, no 38º Batalhão de Infantaria em Vila Velha, no Espírito Santo. Na época tinha 19 anos e morava em Vitória. Estava grávida de seu filho mais velho, Vladimir Netto, e ficou detida por três meses. Nesse período foi torturada, espancada e ameaçada de estupro. Em determinada ocasião, um homem identificado como Dr. Pablo colocou uma jibóia dentro da sala e a deixou nua, sozinha com o animal.
Depois de ser solta, Miriam foi processada por participação na organização do PCdoB, à época um partido clandestino, por aliciamento de estudantes, panfletagem e pichações. Ela não foi acusada, em momento algum, de participar da luta armada ou de assalto a bancos. A jornalista foi inocentada.
A informação analisada nesta checagem circula na internet desde junho deste ano e já havia sido identificada como falsa pelo site Boatos.org. O conteúdo também foi usado como exemplo em vídeo de Youtuber que ensina a desmascarar notícias falsas.
Atualização feita às 18h40 do dia 31 de agosto de 2018: outras postagens com mesmo conteúdo falso foram encontradas no Facebook. Veja aqui, aqui e aqui.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
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Evelyn Fagundes
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