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Governo SP: candidatos prometem o que não está nos programas enviados ao TSE
Sete candidatos ao governo de São Paulo participaram, na noite da última sexta-feira (24), do debate promovido pela RedeTV!. A Lupa checou o que eles disseram. Veja o resultado a seguir:
“Vamos colocar mais 40 Delegacias da Mulher funcionando 24 horas [por dia]”
João Doria (PSDB)
De olho
A promessa feita por João Doria não consta de forma explícita no programa de governo que o candidato registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No que diz respeito ao combate à violência de gênero, o documento estabelece, genericamente, que, se eleito, Doria vai “enfrentar os crimes contra a mulher e a dignidade sexual, fazendo com que as Delegacias da Mulher apresentem maior efetividade nas medidas protetivas”. Vale ressaltar que a palavra “mulher” aparece apenas três vezes no conjunto de propostas do tucano: duas delas relacionadas à segurança, uma na área de economia. Atualmente, SP tem apenas nove delegacias especializadas no atendimento à vítima de violência de gênero. Todas elas funcionam na capital.
Em nota, a assessoria de Doria informou que “o plano de governo é um resumo das propostas que serão amplamente divulgadas e detalhadas durante o horário eleitoral gratuito”.

“[A despoluição do Rio Tietê] faz parte do nosso programa [de governo]”
Professora Lisete (PSOL)
Falso
No plano de governo que registrou no TSE, a professora Lisete não estabeleceu nenhuma meta específica para a despoluição do Rio Tietê. O que existe é a proposta de criar um plano para recuperar as bacias hidrográficas de São Paulo. Para isso, a candidata acredita que será necessário reflorestar as matas ciliares dos mananciais.
Atualização feita no dia 27 de agosto às 18h: A assessoria da professora Lisete afirmou que as propostas de governo da candidata foram “apresentadas de forma ampla, considerando que o Estado de São Paulo apresenta outros rios que sofrem do mesmo problema, como o Rio Pinheiros e outros afluentes do Rio Tietê. Nesse sentido, o Programa de Governo não se limita apenas ao Rio Tietê, mas também o contempla”.

“O estado de SP deve apoiar a revisão da reforma trabalhista”
Marcelo Cândido (PDT)
De olho
A proposta não está no programa de governo que o candidato enviou ao TSE. No documento, de apenas três páginas, ele lista “12 propostas básicas de campanha”, de forma genérica. Sobre geração de emprego e renda, onde poderia se encaixar o tema da reforma trabalhista, traz três sugestões amplas: “combate a desigualdade social, incentivo aos processos de geração de trabalho, emprego e renda, e desenvolvimento e incentivo aos projetos de economia criativa e solidária”. Procurado, Cândido não retornou.

“Os índices [de segurança pública], em quatro meses que estou no governo, todos eles melhoraram”
Márcio França (PSB)
Falso
Um análise dos dados mais recentes disponíveis no sistema da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, referentes aos meses de abril, maio e junho deste ano (ou seja, três dos quatro meses da gestão França), mostram que, em relação ao início deste ano, o número de roubos em SP teve alta de 2%. Passou de uma média mensal de 22,6 mil para 23,1 mil. No mesmo período, a média de homicídios culposos no trânsito por mês passou de 232 para 280. Em relação ao mesmo período do ano passado e a 2017 como um todo, houve um crescimento no número de estupros, especialmente de vulneráveis. Os demais indicadores de segurança pública realmente tiveram melhora em relação ao início do ano, ao mesmo período de 2017 e a 2017 como um todo. Procurado, França não retornou.

“Neste momento, sob as mãos do PSDB (…) [SP] passou a perder participação no PIB brasileiro”
Luiz Marinho (PT)
Falso
Dados da Fundação Seade e do IBGE mostram que a variação do PIB de São Paulo foi melhor do que a do Brasil durante a maior parte da era tucana no estado. Entre 2003 (dado mais antigo disponível na base de dados da Sedae) e 2017, o PIB de São Paulo cresceu 42,6%, enquanto o do Brasil cresceu 41,8%. Logo, ainda que ligeiramente, a participação de SP no Produto Interno Bruto nacional cresceu nos últimos 15 anos. No último ano, o desempenho econômico do estado também foi melhor do que a média do país. SP cresceu 1,7%, contra 1% do Brasil como um todo. Procurado, Marinho não retornou.

“Nós vamos defender a mulher”
_Rodrigo Tavares (_PRTB)
De olho
No programa de governo registrado no TSE, o candidato não listou nenhuma medida específica para a defesa da mulher e/ou combate à violência de gênero. No documento, a palavra “mulher” só aparece uma vez, ao falar do envolvimento delas numa proposta de um policiamento de rua. Procurado, Tavares não retornou.

“Nessas duas horas que estamos aqui juntos, 90 pessoas vão ter sido roubadas, assaltadas, mulheres violentadas.”
Paulo Skaf (MDB)
Exagerado
De acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, até junho de  2018, São Paulo registrou 165.814 ocorrências de roubo – uma média de 38,17 por hora. Isso inclui todos os tipos de roubo (de carro, carga e banco e outros, o que inclui assaltos). Já o total de estupros no mesmo período foi de 6.109, ou seja de 1,40 por hora. Somando os dois números, chegamos a 39,6 ocorrências dos crimes citados por Skaf por hora. Seriam, portanto, 79,2 em duas horas – abaixo do total citado pelo candidato.
Atualizado às 13h20 do dia 25 de agosto: Em nota, a assessoria do candidato disse que ele se referia aos dados de 2017. Naquele ano, foram 381,7 mil ocorrências, 370,6 mil de roubo e 11,1 mil de estupro, o que chega a 43,6 por hora, e 87,1 a cada duas horas.

“Homenageei a policial militar que confrontou bandido na porta de uma escola”
Márcio França (PSB)
Verdadeiro
No último 13 de maio, Dia das mães, Marcio França, atual governador de SP, levou flores à PM Katia Sastre, que disparou contra um bandido na porta da escola de sua filha. O tiro resultou na morte do bandido que havia ameaçado cometer um crime na porta do colégio. Em sua conta no Twitter, o hoje candidato à reeleição postou uma foto ao lado da homenageada e escreveu: “Fui hoje cedo ao 4° BAEP, na Zona Leste de São Paulo, para homenagear uma mãe muito especial: Cabo Katia Sastre. Sua coragem e precisão salvaram mães e crianças, ontem na porta de uma escola”

“Há candidatos, especialmente um a presidente do Brasil, que disse ontem ou anteontem que picaria o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]”
Professora Lisete (PSOL)
Verdadeiro
A candidata se referia a Jair Bolsonaro candidato à Presidência da República pelo PSL. Em entrevista coletiva concedida recentemente, ele disse o seguinte: “o ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina”. Para Bolsonaro, o documento é um estímulo à “vagabundagem e à malandragem infantil”.

“Fui eleito [presidente da Fiesp] com 60% dos votos e fui reeleito de forma quase unânime”
Paulo Skaf (MDB)
Verdadeiro
Paulo Skaf foi eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pela primeira vez em 2004, com 58% dos votos. Ele foi reeleito em 2007, com 96,7% dos votos, e em 2011, com 98,4%. Em 2014, ele estendeu seu mandato até 2018. Atualmente, Skaf está licenciado do cargo para concorrer ao governo de SP.

“[A ex-presidente] Dilma fez essa autocrítica e disse: ‘olha eu exagerei na renúncia fiscal, acreditando na boa fé do empresariado’”
Luiz Marinho (PT)
Verdadeiro
Em março de 2017, quando foi à Europa para participar de uma série de debates e seminários, a ex-presidente cassada foi questionada sobre se seria capaz de assumir algum erro ou reconhecer algum arrependimento em relação ao tempo em que havia estado à frente do Palácio do Planalto. O jornal O Estado de S.Paulo foi um dos meios de comunicação que registrou sua resposta: “Eu acreditava que, se diminuísse impostos, teria um aumento de investimentos”, disse Dilma Rousseff. “Eu diminuí. Eu me arrependo disso. No lugar de investir, eles [os empresários] aumentaram a margem de lucro”. E continuou:  “Fiz uma grande desoneração, brutalmente reduzimos os impostos”, afirmou a ex-presidente. “Ali fiz um grande erro”.

“Agropecuária cresceu 13% no ano passado”
João Doria (PSDB)
Verdadeiro
Em 2017, o setor agropecuário teve uma alta de 13% em comparação com o ano anterior – a maior taxa registrada desde 1996. Também foi o setor com o maior crescimento na economia, enquanto a indústria ficou estagnada, e o setor de serviços cresceu 0,3%.

“Fortalecer os e-sports, que são os esportes praticados através da tecnologia”
Rodrigo Tavares (PRTB)
Verdadeiro
No programa de governo que registrou no TSE, Tavares fala desse assunto. Diz que vai buscar o “reconhecimento estatal dos e-sports, com a criação de ligas estaduais de lol, cs, etc” (sic). As duas siglas citadas correspondem a dois famosos jogos eletrônicos disputados em rede no mundo todo: League of Legends e Counter Strike. De acordo com a fabricante do LOL, em 2016, havia 100 milhões de jogadores ativos no Brasil. No ano passado, a final do Campeonato Brasileiro de LOL foi disputada em Belo Horizonte, com um público de 8 mil pessoas – além disso, foi vista, pela internet, por outras 2,6 milhões.

“A USP (…) já desenvolve há mais ou menos 10 anos o projeto de um hidroanel metropolitano”
Marcelo Cândido (PDT)
Verdadeiro
A Universidade de São Paulo (USP) elaborou em 2011 um projeto para implantação do hidroanel no estado. Pela proposta, seriam criados 170 quilômetros de vias navegáveis nos rios Tietê e Pinheiros, para o transporte de cargas e passageiros, com a construção de 20 eclusas e 24 portos para passageiros. O projeto tem custo estimado em R$ 2 bilhões, deve ficar pronto em 2040 e gerar 40 mil empregos diretos, além de 120 mil indiretos.
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