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O que se ouve de errado na disputa pelo governo do Distrito Federal?
14.09.2018 - 12h00
A última pesquisa do Datafolha mostrou que a disputa pelo governo do Distrito Federal está indefinida. A Lupa ouviu o horário eleitoral e as entrevistas feitas pelo DF1 nos últimos dias. Checou, portanto, seis candidatos: Alberto Fraga, Ibaneis Rocha, Júlio Miragaya, Rodrigo Rollemberg e Rogério Rosso. Veja o resultado:
“[O Distrito Federal tem] uma das maiores taxas de desemprego [do Brasil]”
Horário eleitoral de Júlio Miragaya_, candidato do PT ao governo do DF
_
Exagerado
Dados do IBGE mostram que, no 2º trimestre de 2018, 12 das 27 unidades federativas do país apresentaram uma taxa de desemprego maior do que a do Distrito Federal. Nesse período, a taxa de desocupação do DF foi de 12,2%. É a maior do Centro-Oeste, mas não está entre as maiores do Brasil.
Os estados com maior taxa de desocupação no período analisado foram: Amapá (21,3%), Alagoas (17,3%), Pernambuco (16,9%), Sergipe (16,8%), Bahia (16,5%), Rio de janeiro (15,4%), Maranhão (14,3%), Amazonas (14,2%), São Paulo (13,6%), Acre (13,5%), Piauí (13,3%) e Rio Grande do Norte (13,1%).
Procurado, Miragaya não retornou.

“Jamais tivemos tanta criminalidade”
Horário eleitoral de Rogério Rosso_, candidato do PSD ao governo do DF
_
Falso
Os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social mostram que três indicadores de segurança caíram e um se manteve estável no Distrito Federal no último ano. Os homicídios no DF diminuíram progressivamente de 693, em 2014, para 498, em 2017. O mesmo ocorreu com os dados de latrocínio, que caíram de 47, em 2014, para 36, em 2017. Houve cinco casos de lesão corporal seguida de morte no ano passado. Em 2015, foram sete.
Além disso, o total de crimes contra o patrimônio caiu de 2014 a 2017. No ano passado, o indicador registrou 59.953 casos. Em 2014, 60.832. Os roubos de veículos – que estão incluídos nos crimes contra o patrimônio – diminuíram de 7.124, em 2014, para 4.855 em 2017.
Procurado, Rosso não retornou.

“No nosso governo, nós investimos quase R$ 3 bilhões com recursos de financiamentos”
Rodrigo Rollemberg, governador de candidato à reeleição PSB, em entrevista ao DF 1
Exagerado
Segundo os Relatórios Resumidos de Execução Fiscal (RREO), do Distrito Federal, o governo distrital investiu, de janeiro de 2015 a junho de 2018, R$ 2,2 bilhões (em valores efetivamente pagos). Os relatórios não distinguem investimentos realizados a partir de financiamentos externos e investimentos feitos com dinheiro do próprio caixa. Ainda assim, o valor total é R$ 800 milhões inferior ao citado pelo governador.
Atualização, dias 11 de outubro de 2018: Em nota, a assessoria da secretaria de Planejamento do Distrito Federal pontuou que, entre janeiro de 2015 e agosto de 2018, o investimento total superou os R$ 3,3 bilhões quando considerados os valores empenhados, e solicitou alteração na etiqueta utilizada. A reportagem, entretanto, considerou os valores pagos, que não atingem esse montante. Há uma diferença importante nessas duas categorias: valores empenhados significam somente a criação de uma obrigação de pagamento – que pode, em situações excepcionais, ser cancelada  –, e não um pagamento em si.

“O Plano Piloto é onde você tem a menor densidade populacional do Distrito Federal”
Ibaneis Rocha, candidato do MDB ao governo do DF, em entrevista ao DF1
Exagerado
Considerando as áreas totais das regiões administrativas, o Plano Piloto tem a 19ª maior densidade entre 31 subdivisões do Distrito Federal. Segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), da Codeplan, o Plano Piloto tem uma população de 210 mil habitantes. O Estudo Urbano e Ambiental Consolidado do Distrito Federal, por sua vez, mostra que a área da região é de 409,8 km². Isso quer dizer que a densidade populacional da região é de 512 pessoas por km².
Mesmo que Ibaneis estivesse se referindo à densidade urbana, que calcula a população sobre a área urbana, estaria exagerando. Segundo o mesmo estudo urbano e ambiental, o Plano Piloto tem a 26ª menor densidade urbana (2.031 por km²) entre 31 regiões administrativas, ou seja, há outros cinco locais com densidade urbana menor. São eles: SIA, Park Way, Lago Sul, Lago Norte e Jardim Botânico.
Por meio de de sua assessoria, o candidato pontuou que “das regiões adensadas, o Plano Piloto, até por causa das limitações do tombamento, tem uma das menores taxas do Distrito Federal”, e disse que não estava falando especificamente de regiões administrativas.

Como deputado federal, [Alberto Fraga] fez 15 leis escritas e aprovadas
Alberto Fraga, candidato do DEM ao governo do DF, em horário eleitoral
Exagerado
Em quatro mandatos como deputado federal, Alberto Fraga teve 10 propostas suas transformadas em lei pelo Congresso Nacional, segundo dados da Câmara dos Deputados. Outros sete projetos dele, já aprovados pela Câmara, aguardam apreciação do Senado. Uma proposta de Fraga foi alterada pelos senadores e, por isso, retornou à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Três proposições do atual candidato foram aprovadas na Câmara e rejeitadas no Senado, ou seja, acabaram arquivadas.
Procurada, a assessoria de Fraga enviou 14 – e não 15 – leis que consideram serem de autoria do deputado. Mas, em três delas, ele foi relator e não autor. A assessoria justifica que o relator “elabora a redação que será votada em plenário”. Além disso, uma proposta de autoria do executivo também foi creditada a Fraga. Segundo a assessoria, o texto de um projeto antigo do deputado foi usado na redação que compôs o substitutivo aprovado.

“A empresa [Dinâmica, de propriedade da família da candidata] já tem um acordo de não participar mais de licitações do GDF. Aliás, vem tomando essa iniciativa há algum tempo”
Eliana Pedrosa, candidata do PROS ao governo do DF, em entrevista ao DF 1
Verdadeiro, mas...
A Dinâmica, empresa da família de Eliana, não venceu licitações do governo do Distrito Federal no último ano, segundo o Portal da Transparência do DF. Mas tem pelo menos um contrato ativo com a Secretaria de Saúde, firmado em 14 de junho de 2018, ou seja, há exatos três meses. A contratação, no valor de R$ 24 milhões, foi feita de forma emergencial – sem a necessidade de licitação. A Dinâmica prestará serviços de limpeza, conservação, asseio e desinfecção de bens móveis e imóveis da secretaria até dezembro deste ano.
Além disso, a empresa fornecia mão de obra terceirizada para o metrô do DF até o ano passado. O contrato com o metrô foi fechado em 2011, com valor original de R$ 14,2 milhões e previsão de durar um ano. Com prorrogações, a Dinâmica prestou o serviço até 2017 – e recebeu, no total, R$ 123 milhões.
Procurada, a assessoria da candidata respondeu em nota que “o projeto do grupo é trabalhar somente com empresas privadas” no futuro.
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Gabriela Soares
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