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Governo de SP: Seis verdades ‘inconvenientes’ para Doria e França
24.10.2018 - 06h01
Rio de Janeiro - RJ
Em debates ao longo da campanha, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) trocaram acusações sobre seu passado político – desde decisões em mandatos anteriores até a relação com outras figuras da política nacional. Também foram mencionados em falas de candidatos que ficaram para trás na disputa, ainda no primeiro turno. A Lupa reuniu as críticas verdadeiras relacionadas aos dois candidatos que concorrem no segundo turno ao governo do estado de São Paulo. Veja o resultado:

As verdades sobre João Doria

“Ele [ex-presidente Lula] emprestou R$ 44 milhões do BNDES para você [João Doria] comprar um jatinho”
Márcio França (PSB), candidato ao governo de SP, no debate da Band no dia 18 de outubro de 2018
Verdadeiro, mas...
Em 2010, a empresa Doria Associados Consultoria e Comunicação Ltda tomou um empréstimo de R$ 44 milhões do BNDES. A informação consta no Portal da Transparência do banco. Não consta na página, porém, a finalidade desse empréstimo. O site Poder360 noticiou que se tratava da compra de um jatinho. À época, a informação não foi negada nem confirmada pelo atual candidato do PSDB ao governo de SP.
Procurado, Doria informou que o empréstimo foi realizado dentro de todas as normas legais.

“Você colocou essa OS [a Organização Social Adesaf] para trabalhar para você [na prefeitura de São Paulo]. O PT contratou. Você manteve”
Márcio França (PSB), candidato ao governo de SP, no debate da Band no dia 18 de outubro de 2018
Verdadeiro
Em 2016, a prefeitura de São Paulo, então governada por Fernando Haddad (PT), contratou a Organização Social (OS) Adesaf para gerenciar parte do programa Braços Abertos, destinado ao tratamento de usuários de crack. A Adesaf geria o Programa Operação Trabalho, que buscava a reinserção de usuários de crack em recuperação no mercado de trabalho. O valor do convênio foi de R$ 9,1 milhões.
Em 2017, já na gestão de João Doria, a prefeitura prorrogou o contrato por mais três meses, pagando R$ 1,3 milhão. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a Adesaf teria ligações com dirigentes do PSB, partido de Márcio França.
Procurado, Doria informou que “sempre incentivou o trabalho das organizações sociais e o continuará fazendo no Governo do Estado”.

“[Doria] Prometeu [ficar na prefeitura até o fim do mandato] e não cumpriu, ao sair da prefeitura de São Paulo”
Marcelo Cândido (PDT), ex-candidato ao governo de SP, no debate realizado pela TV Globo no dia 2 de outubro de 2018
Verdadeiro
Doria assinou um documento do portal Catraca Livre em que prometia cumprir seu mandato municipal integralmente. “Eu, João Doria, comprometo-me a cumprir integralmente meu mandato nos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020, caso seja eleito prefeito de São Paulo em 2016”, dizia o texto assinado pelo então candidato. Ele renunciou à prefeitura para disputar o governo do estado.
Procurado, Doria informou que saiu da prefeitura para ter mais força, condições e recursos para auxiliar os paulistas.

As verdades sobre Márcio França

“Na peça orçamentária [para 2019], não constam os 25% de aumento que ele [Márcio França] diz que vai dar aos policiais militares. (…) Ao contrário, há uma redução no investimento em segurança pública”
João Doria (PSDB), candidato ao governo de SP, em sabatina do programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 15 de outubro de 2018
Verdadeiro, mas...
O projeto de lei orçamentária (PLOA) para 2019 prevê a redução no orçamento de investimento da secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Em 2018, a previsão de investimentos era de R$ 376,4 milhões (de um orçamento total de R$ 21,5 bilhões), enquanto o PLOA de 2019 prevê R$ 295,1 milhões (de um orçamento total de R$ 22,1 bilhões).
Mas vale pontuar que, no orçamento público, aumento salarial não é considerado um investimento e sim despesa com pessoal – classificada como despesa corrente. Além disso, França não especificou o prazo para o aumento prometido de 25%.
A Lupa procurou França para que ele comentasse essa checagem, mas ele não retornou.

“Você [Márcio França] fez parte do conselho político do governo Lula”
João Doria (PSDB), candidato ao governo de SP, no debate realizado pela TV Globo no dia 2 de outubro de 2018
Verdadeiro
Em entrevista ao site da revista Veja, em março de 2012, o próprio Márcio França afirmou ter feito parte do Conselho Político do governo Lula. O Conselho reunia os presidentes dos partidos aliados ao governo petista no Palácio do Planalto. À época, França presidia o PSB de São Paulo.
A Lupa procurou França para que ele comentasse essa checagem, mas ele não retornou.

“Você (…) [foi] coordenador de campanha do Garotinho, que agora foi cassado”
João Doria (PSDB), candidato ao governo de SP, no debate promovido pela TV Record, no dia 29 de setembro
Verdadeiro
Então prefeito de São Vicente, Márcio França (PSB) assumiu a coordenação da campanha de Anthony Garotinho, à época filiado ao PSB, para a presidência da República, em 2002. Há registros da participação de França em várias reportagens da época (veja aqui, aqui e aqui). Garotinho teve sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral na última quinta-feira (27). Cabe recurso da decisão.
A Lupa procurou França para comentar essa checagem, mas o candidato não retornou.
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Catiane Pereira
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