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#ChuvaRJ: erros e acertos das autoridades e nas redes sociais sobre o temporal no RJ
09.04.2019 - 10h55
Uma forte chuva atingiu a cidade do Rio de Janeiro no fim da tarde de segunda-feira (8) e se estendeu ao longo de toda a madrugada, provocando a morte de ao menos três pessoas. O temporal levou a Prefeitura a suspender aulas na rede municipal e a conceder uma entrevista coletiva por volta das 9h.
A Lupa acompanhou o evento – e estará de olho no tema ao longo das próximas horas, com atualizações frequentes. A prefeitura do Rio de Janeiro foi procurada para comentar as frases verificadas, e esta publicação poderá ser atualizada com seu posicionamento ao longo das próximas horas.
“Na Zona Sul, que foi onde a precipitação foi maior (…)”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, em entrevista ao RJ TV 1, da TV Globo, no dia 9 de abril de 2019
Verdadeiro, mas...
Segundo dados do Alerta Rio, ao longo do dia 8 de abril, as seis estações localizadas na Zona Sul registraram, em média, 186,1 mm de chuva. Na Zona Oeste, a média foi de 103,8 mm, enquanto na Zona Norte a chuva foi de 58,4 mm e no Centro, 55,3 mm. Entretanto, a estação onde a chuva foi mais forte fica na Zona Oeste: Barra/Barrinha, onde choveu 226,8 mm de chuva ao longo do dia. Veja os dados aqui.

“31 sirenes tocaram em 15 comunidades, e nós pedimos para as pessoas não ficarem”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, em coletiva de imprensa no dia 9 de abril de 2019
Subestimado
Quando Crivella iniciou a entrevista coletiva, o dado público divulgado pelo twitter da Defesa Civil do Rio de Janeiro indicava que 39 sirenes tinham sido acionadas em 20 comunidades desde a noite da segunda-feira (8). A postagem havia sido feita às 22h53.
Durante o evento, a conta publicou uma atualização. Às 9h16 da terça-feira (9), informou que 45 sirenes tinham sido acionadas em 26 comunidades entre as 06h07 até aquele momento – número superior ao informado pelo prefeito.
O acionamento das sirenes em comunidades é feito pela Defesa Civil do município depois do monitoramento e avaliação dos índices críticos de chuva realizado por meteorologistas do Sistema Alerta Rio, localizados no Centro de Operações Rio.
Atualização feita no dia 10 de abril às 20h35: Procurada, a assessoria de Crivella informou que o prefeito utilizou o dado mais “atualizado para o momento da entrevista”. Contudo, vale lembrar que os números mencionados por Crivella não apareceram no Twitter da Defesa Civil antes ou  logo depois do horário da coletiva de imprensa.

“Nenhum de nós esperava tanta chuva nesta data”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, em coletiva de imprensa no dia 9 de abril de 2019
Contraditório
Às 14h31 e às 19h39 da segunda-feira (8), a Defesa Civil do Rio de Janeiro disparou alertas telefônicos, por SMS, sobre a intensidade das chuvas previstas para a cidade. No primeiro, falava sobre “chuva forte entre a tarde hoje e a manhã de 9/4”. No segundo, escrevia que “chove forte e muito forte em diversos bairros”. Veja imagem a seguir:
Atualização feita no dia 10 de abril às 20h35: Procurada, a assessoria de Crivella informou que dados do Sistema Alerta Rio apontaram a chuva de terça-feira (9) como a pior dos últimos 22 anos. A assessoria comunicou ainda que Crivella pretende editar um novo decreto com um novo protocolo a situações de emergências de chuva.

“O metrô está funcionando”
Joaquim Dinis, presidente da CET-Rio, em coletiva de imprensa no dia 9 de abril de 2019
Verdadeiro, mas...
De acordo com tuíte postado pelo MetrôRio às 9h08 do dia 9 de abril, exatamente quando ocorria a entrevista coletiva de imprensa da Prefeitura, as linhas 1, 2 e 4 estavam funcionando normalmente. Contudo, a linha do Metrô na Superfície que liga Botafogo à Gávea estava seguindo apenas até a estação Parque Lage e mantinha intervalos irregulares.

“Temos [no Rio] milhares de famílias morando em áreas de risco”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, em coletiva de imprensa no dia 9 de abril de 2019
Verdadeiro
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) divulgaram no ano passado um mapeamento da população em áreas de risco do Brasil. De acordo com o estudo, a cidade do Rio de Janeiro tem 444.893 habitantes em áreas de risco. Isso representa 7% do total da população do município. No estado do Rio de Janeiro, a capital é a cidade que concentra o maior número de pessoas nessas condições.
Os números foram extraídos a partir de uma associação entre os dados do Censo Demográfico de 2010 e as áreas de risco identificadas pelo Cemaden. O Rio de Janeiro é o terceiro município brasileiro em quantidade de pessoas que moram nesses pontos, atrás de Salvador, que lidera o ranking (tem 1,2 milhão de habitantes em áreas de risco), e São Paulo, no segundo lugar (com 674,3 mil pessoas nesses lugares).

“As redes de trens vão funcionar normalmente”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, em entrevista na noite de 8 de abril ao RJTV2
Falso
A SuperVia, empresa responsável pela operação de trens na região metropolitana do Rio de Janeiro, informou, em sua página, que as chuvas afetaram a circulação em cinco pontos desde a segunda-feira (8). Os ramais Santa Cruz, Japeri, Belford Roxo, Deodoro e Saracuruna (nos trechos Gramacho-Central do Brasil e Gramacho-Saracuna) funcionaram com intervalos irregulares. Nos ramais Santa Cruz, Japeri e Belford Roxo, também houve paradas para aguardar a ordem de circulação em alguns trechos. O acesso da estação Duque de Caxias pelo Mergulhão foi fechado.

“Anunciamos [que não haveria aula nas escolas municipais nesta terça-feira] por volta das 23h [de ontem]”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, em entrevista ao RJ TV 1, na manhã do dia 9 de abril de 2019
Verdadeiro
O anúncio feito feito antes mesmo do horário citado pelo prefeito. Às 20h25 do dia 8 de abril, a Prefeitura comunicou em seu twitter que as aulas estariam suspensas nas escolas da rede municipal nesta terça-feira (9). Para relembrar os cariocas, a prefeitura voltou a divulgar essa informação às 2h30 de hoje. Segundo a publicação, o motivo era a “forte chuva” que caía na cidade.

“Temos todos os nossos rios e lagoas poluídos”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, em coletiva de imprensa no dia 9 de abril de 2019
Verdadeiro
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) faz medições regulares da qualidade da água em todo o estado do Rio de Janeiro. O boletim mais recente da Região Hidrográfica V – Baía de Guanabara, que engloba a capital, é de janeiro de 2019. A situação em todos os 12 pontos onde foram feitas as medições recebeu a classificação de “ruim” ou “muito ruim”.
O estudo Observando os Rios 2018, elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica, analisou a qualidade da água nas bacias hidrográficas da Mata Atlântica. Ao analisar a medição de 12 pontos de coleta feitos nos principais corpos de água que passam pela cidade do Rio de Janeiro, incluindo a lagoa de Jacarepaguá, vê-se que o resultado foi “ruim” ou “regular”. De acordo com o levantamento, o município teve os piores indicadores de qualidade de água dentre os analisados em 17 estados. A análise identificou ainda uma piora em relação à coleta feita no ano anterior.
Veja a seguir a thread do @agencialupa:
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Ítalo Rômany
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