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Lupa
Com Witzel, agentes de segurança do RJ matam mais que no início das cinco gestões anteriores
24.05.2019 - 07h04
Rio de Janeiro - RJ
A política de segurança pública do governo Wilson Witzel levou o Rio de Janeiro a um novo recorde. O número de mortes por intervenção de agentes do estado nos quatro primeiros meses de 2019 chegou a 558 – o maior para o período inicial dos últimos cinco mandatos governamentais no estado. Na comparação com as mortes desse tipo ocorridas de janeiro a abril de 2015, nos quatro primeiros meses do governo de Luiz Fernando Pezão, o número mais do que dobrou. O crescimento foi de 113,8%.
Na última segunda-feira (20), Witzel, comemorou o resultado dos quatro primeiros meses de gestão divulgado pelo ISP. Pelo Twitter, o governador afirmou que os dados mostraram a eficiência da “política de segurança contra os narcoterroristas e a máfia das milícias”. Com relação a 2018, o único componente do indicador de letalidade violenta que cresceu foi o de mortes por intervenção de agentes e segurança – 19%. Homicídios dolosos tiveram queda de 25,8% (de 1.893 para 1.405 casos), enquanto latrocínios caíram 42% (de 78 para 45 casos) e lesões corporais seguidas de morte diminuíram 36% (de 19 para 12 casos).
O número de mortes por intervenção de agentes do estado nos primeiros quatro meses do governo Witzel já supera o total observado nos 12 meses dos anos de 2011 (523 mortes), 2012 (419) e 2013 (416) e quase se iguala ao de 2014 (584). Também é o maior para o período de janeiro a abril desde 2013.
A Lupa analisou os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) dos últimos cinco mandatos de quatro governadores – Rosinha, Sérgio Cabral, Pezão e Witzel. As mortes por intervenção de agentes do estado compreendem os assassinatos ocorridos durante ações de “agentes da segurança pública, do sistema prisional ou de outros órgãos públicos no exercício da função policial, em serviço ou em razão dele, desde que a ação tenha sido praticada sob quaisquer das hipóteses de exclusão de ilicitude.” O termo foi padronizado em portaria do então Ministério da Segurança Pública em dezembro de 2018.
Durante a campanha eleitoral, o atual governador pretendia assumir diretamente o comando das forças de segurança do Rio de Janeiro, tentando integrar os diversos agentes do estado. Em outubro de 2018, depois de ser eleito, Witzel defendeu a utilização de snipers no RJ. “Hoje, na Cidade de Deus, um helicóptero filmou cinco elementos armados de fuzis. Ali, se você tem uma operação em que nossos militares estão autorizados a realizar o abate, todos eles serão eliminados”, disse à época. No início de maio,  ele foi denunciado à ONU por sua política de segurança pública. Segundo o documento, a ação de segurança “está cada vez mais militarizada, com o uso de drones, helicópteros e carros blindados, além da técnica de snipers”.
As mortes em ações policiais fazem parte de um dos indicadores considerados estratégicos para a segurança pública pelo governo do Rio de Janeiro, o de letalidade violenta. O conceito também compreende os números de homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios (roubo seguido de morte). Nos quatro primeiros meses do governo Witzel, o índice cresceu 11% com relação ao mesmo período do governo Pezão. Foram 2.020 casos em 2019, contra 1.818 em 2015.
Os números deste ano são menores do que os do primeiro mandato de Sérgio Cabral e dos que o de Rosinha Garotinho. Em 2007, com Cabral, foram 2.749 casos – a diferença está no número de homicídios dolosos, maior do que o registrado com Witzel. Já em 2003, houve  mais de 965 casos de homicídios dolosos do que em 2019.
Os roubos de rua – soma de roubos a transeunte, em coletivo e de aparelho celular – também bateram recorde com Witzel, na comparação com os outros inícios de governo. Com relação aos quatro primeiros meses de Rosinha Garotinho, por exemplo, o aumento foi de 254% – eram 12.599 casos de janeiro a abril de 2003, contra 44.698 neste ano. O número também é maior do que o do mesmo período do ano passado, quando o estado teve 43.612 roubos de rua.
O Rio de Janeiro também teve recorde nos roubos de veículos para os primeiros quatro meses de um governo nos últimos mandatos. Em 2019, o estado registrou 14.870 casos deste tipo – um aumento de 21% com relação ao segundo índice mais alto, registrado em 2003 (12.294 casos), e de 144% na comparação com o mais baixo, em 2011 (6.092 casos). Com relação a 2018, houve uma queda de 26%.
O governo do Rio de Janeiro foi procurado para comentar os números, mas não respondeu à Lupa.
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Ítalo Rômany
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