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Lupa
Witzel erra ao comparar índices de criminalidade do Rio com outras cidades
18.11.2019 - 15h29
Rio de Janeiro - RJ
Na manhã da última quinta-feira (14), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, participou do lançamento do Segurança Presente em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na ocasião, ele comentou os indicadores de segurança do estado e da capital. A Lupa analisou algumas das declarações. Confira:
“Se nós olharmos para o resto do mundo, nós estamos no mesmo patamar de Nova York, de Paris e de Madri [com relação aos índices de criminalidade]”
Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, em entrevista durante o lançamento do programa Segurança Presente em Caxias, em 14 de novembro de 2019
Falso
Os índices de criminalidade na cidade do Rio de Janeiro são mais altos do que os de Nova York, Madri e Paris. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), em 2018, foram registrados 1.338 homicídios na cidade do Rio, desconsiderando as mortes em decorrência de ações policiais. Neste ano, já são 827. Em Nova York, foram 295 em todo o ano passado. Nas duas capitais europeias, os valores são ainda mais baixos para 2018: 92 em Madri e 51 em Paris.
O número de roubos de rua também é mais alto na capital fluminense do que nas outras três cidades citadas por Witzel. Em todo o ano passado, foram 44.903 roubos, contra 12.913 na metrópole norte-americana, 35.045 na capital espanhola e 14.093 na capital francesa. Até setembro deste ano, já foram registrados 31.671 roubos. O mesmo vale para o número de roubos e furtos de veículos: foram 31.848, número mais alto do que nas outras cidades citadas pelo governador. Em 2019, já foram 19.404.
Apenas quando considerado o crime de estupro, o número de casos na cidade do Rio de Janeiro é menor do que o de Nova York – 1.642 contra 1.794. Ainda assim, em Paris e Madri, esse número não chega a mil. Em 2019, já foram 1.271 casos. Veja os números aqui.
A Lupa procurou a assessoria de imprensa do governador, mas não recebeu resposta.

“Nas áreas turísticas do estado [do RJ] não acontecem tiroteios, eles acontecem nas comunidades”
Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, em entrevista durante o lançamento do programa Segurança Presente em Caxias, em 14 de novembro de 2019
Falso
Segundo a plataforma Fogo Cruzado, que registra tiroteios a partir de denúncias de moradores, a Zona Sul do Rio de Janeiro, que concentra a maioria dos pontos turísticos da cidade, teve 234 tiroteios somente em 2019. Embora a maioria dos casos tenha, de fato, ocorrido em favelas da região, há registro de sete tiroteios em Copacabana (dois deles a menos de cem metros do Copacabana Palace) e cinco em Ipanema, por exemplo.
Na Zona Central, que também concentra áreas turísticas importantes como Lapa, Santa Teresa e Porto Maravilha, houve 300 tiroteios. Três deles foram registrados nas imediações da Avenida Mem de Sá, região que concentra a vida noturna da Lapa. Há registro, também, de tiroteios no Largo da Carioca e na Praça Tiradentes.
A Lupa procurou a assessoria de imprensa do governador, mas não recebeu resposta.

“Tivemos [somente] dois turistas que sofreram violência nos últimos 10 meses”
Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, em entrevista durante o lançamento do programa Segurança Presente em Caxias, em 14 de novembro de 2019
Falso
Não há dados específicos sobre a violência cometida contra turistas no Rio. A assessoria de imprensa do Instituto de Segurança Pública (ISP) afirmou à Lupa, por telefone, que os crimes são compilados por tipo (roubos, furtos, homicídios etc) nas estatísticas e, por isso, não há uma distinção sobre o fato de a vítima estar visitando a cidade. Apesar disso, uma simples busca pelos termos “turista” e “rio” no Google mostra pelo menos 12 reportagens que relatam crimes cometidos contra visitantes da cidade desde 1º de janeiro deste ano, quando Witzel assumiu o cargo.
Em julho, a reportagem do jornal O Globo flagrou um furto de um turista em Copacabana. O caso foi citado em reportagem que mostrou que houve aumento de 81,2% na quantidade de roubos a pedestres na região, muito visitada por turistas, de janeiro a maio. Em agosto, um chileno foi esfaqueado em Copacabana, um turista chinês morreu e outro ficou ferido após um assalto em Ipanema e adolescentes foram detidos depois de furtarem uma americana. Câmeras de vigilância flagraram o roubo de uma turista em Copacabana, em outubro.
A Lupa procurou a assessoria de imprensa do governador, mas não recebeu resposta.
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Catiane Pereira
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