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É falsa discrepância de datas entre reportagem e conversa inicial de Hans River com jornalista da Folha
12.02.2020 - 12h30
Rio de Janeiro - RJ
Circula nas redes sociais um post com a afirmação de que a data das conversas entre a jornalista Patrícia Campos Mello e Hans River do Rio Nascimento seria posterior à publicação de uma matéria para a qual ele serviu de fonte. Isso indicaria que as conversas entre os dois teriam sido manipuladas pela Folha de S.Paulo. Nascimento depôs, na terça-feira (11), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, e fez acusações contra Campos Mello e o jornal Folha de S.Paulo. O jornal desmentiu as acusações publicando capturas de tela de conversas da jornalista com Nascimento e arquivos de áudio mandados por ele. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da ​Lupa​:
“SE O ZE PEQUENO [Hans River] FOI A FONTE, PORQUÊ AS DATAS NÃO BATEM? [imagens de uma conversa no WhatsApp de 19 de novembro e uma reportagem de 18 de outubro]”
Tuíte do perfil Joaquin Teixeira que, até as 11h do dia 12 de dezembro de 2020, tinha sido retuitado por mais de 200 pessoas
Falso
A afirmação analisada pela Lupa é falsa. Ao contrário do que sugere o post que circula nas redes sociais, Hans River Rio do Nascimento não foi fonte da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, publicada pela Folha de S. Paulo em 18 de outubro de 2018.
Ele foi citado em outra reportagem da Folha, de 2 de dezembro de 2018, cujo título é “Fraude com CPF viabilizou disparo de mensagens de WhatsApp na eleição”. Ou seja, as datas batem, considerando-se o contato inicial feito com a fonte e a publicação do primeiro texto em que Nascimento foi citado.
Nesse texto, a data da conversa, inclusive, é citada. “A Folha falou diversas vezes com o autor da ação, Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário de uma dessas empresas. Nas primeiras conversas, ocorridas a partir de 19 de novembro e sempre gravadas, ele disse que não sabia quais campanhas se valeram da fraude, mas reafirmou o conteúdo dos autos e respondeu a perguntas feitas pela reportagem”, diz trecho. É possível comprovar que essas frases não foram inseridas posteriormente na matéria utilizando a ferramenta Wayback Machine.
Documentos apresentados por Nascimento à Folha e à Justiça do Trabalho mostraram que a Yacows, uma das agências responsáveis pelo disparo em massa de mensagens de WhatsApp, usava o CPF de idosos sem o seu consentimento para registrar chips de celulares que eram usados para fazer esse serviço. Nascimento trabalhou na Yacows durante o período eleitoral.
Nesta terça-feira, após ser convocado pelo deputado Rui Falcão (PT-SP), Nascimento prestou depoimento à CPMI das Fake News. Além de citar informações comprovadamente falsas sobre sua relação com Campos Mello, ele também disse outras inverdades durante o depoimento. Em uma “pegadinha” feita pela deputada Natália Bonavides (PT-RN), por exemplo, ele disse ter trabalhado, em 2018, em uma campanha do paulistano Police Neto (PSD) – que sequer participou da disputa.
Nota:‌ ‌esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.
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