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Receita de etanol combustível com água é tóxica e não deve ser usada
23.03.2020 - 16h45
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais um texto dizendo que misturar álcool disponível em postos de gasolina com água gera uma substância que poderia ser uma “boa alternativa” para o álcool 70%. Vendido em supermercados, trata-se de um dos produtos capazes de matar o SARS-Cov-2, o novo coronavírus. Por isso, em sua versão líquida, é indicado para a higienização de ambientes e superfícies – mas não para a higienização da pele. Essa sugestão foi encaminhada por um leitor da Lupa pelo formulário LupaAqui, no qual é possível recomendar conteúdos para verificação. Confira o resultado:
“Sabe qual é uma boa alternativa para o álcool 70%? Comprar um litro de álcool do posto e misturar com água na proporção 70/30. Por exemplo, 700ml de álcool de álcool do posto (que é 100% álcool) e 300 ml de água. Aí você tem 1L de álcool 70”
Sugestão encaminhada por um leitor da Lupa pelo formulário LupaAqui
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. A receita que aconselha misturar “álcool do posto de gasolina” com água não é recomendada por especialistas para substituir o álcool 70%, substância que pode ser usada na desinfecção de superfícies e ambientes. O álcool vendido no posto de gasolina tem produtos nocivos para a saúde humana, incluindo metanol e alguns hidrocarbonetos – ou seja, não se trata de etanol puro. O Conselho Federal de Química (CFQ) informou, em nota, que a mistura pode ser tóxica, causando irritação na pele e mucosas e pode, em algumas situações mais graves, levar à morte.
Segundo a entidade, o etanol combustível, que tem graduação alcoólica superior a 90%, contém outras substâncias porque foi pensado para gerar energia a partir da combustão do veículo. Por sua vez, o álcool 70%, como o nome indica, tem uma graduação alcoólica menor, de 70%, mas é feito somente de etanol e água. Por não ter componentes extremamente perigosos, é mais indicado para a higienização de superfícies e ambientes.
O pesquisador Francisco Paumgartten, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também informou que o álcool usado como combustível tem uma concentração de 95,1% a 96% e não deve ser destinado a uso como desinfetante de superfícies. Segundo o especialista, o álcool 70%, em qualquer forma, pode fazer esse serviço. Entretanto, o álcool em gel é melhor “por ser sua forma mais segura para o uso doméstico, evitando derramamento e acidentes”.
O GT Covid UFF, um grupo de estudos organizado pela Universidade Federal Fluminense, também não aconselha a utilização do álcool do posto de gasolina. Uma solução mais segura, segundo o GT, é misturar um litro de álcool 46% com um litro de álcool 92%.
É importante pontuar que, mesmo assim, o álcool 70% líquido não deve ser utilizado para a higienização da pele. Segundo o CFQ, o mais correto é usar a versão em gel, que contém espessantes e emolientes. “Os espessantes aumentam a viscosidade, diminuindo a volatilidade do álcool e, os emolientes hidratam a pele evitando o ressecamento naturalmente causado pelo álcool”, explica a nota do conselho.
Paumgartten pontua, ainda, que o álcool em gel é menos eficaz do que água e sabão na desinfecção da pele humana. Sua vantagem é apenas a praticidade no uso.
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