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É falso que vacinas contra Covid-19 podem criar seres humanos geneticamente modificados
22.07.2020 - 19h47
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais que vacinas contra a Covid-19 seriam capazes de transformar o código genético das pessoas, transformando-as em “organismos geneticamente modificados”. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“As vacinas [de RNA] para Covid-19 são projetadas para nos transformar em Organsimos Geneticamente Modificados.”
Trecho de vídeo publicado Facebook que, até o dia 22 de julho, tinha sido compartilhado por mais de 700 pessoas.
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. Vacinas sobre plataformas de DNA ou RNA não alteram o código genético de células humanas. Na verdade, essa técnica consiste em inserir uma parte dos genes de um determinado patógeno em plasmídios, molécula de ácido nucléico presente em bactérias. Esses plasmídios, então, são injetados no corpo humano e entram nas células, onde passam a reproduzir partes do agente causador da doença. Isso produz uma resposta imunológica do organismo. Ou seja: o código genético que é modificado é o de uma molécula de uma bactéria, não o de um ser humano.
Esse tipo de tecnologia é recente. Até hoje, nenhuma vacina produzida sobre essa plataforma chegou a ser aprovada para uso em humanos. Das 168 vacinas sendo testadas até o momento contra a Covid-19, 37 usam essa técnica, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as vacinas que já estão entrando na terceira fase de testes, apenas uma, desenvolvida pela farmacêutica Moderna, usa essa tecnologia. Essa vacina está sendo testada nos Estados Unidos.
O objetivo de uma vacina é estimular a produção de anticorpos contra um determinado patógeno. A tecnologia mais tradicional usa o próprio vírus ou bactéria, em versão inativada ou atenuada, para gerar essa resposta do organismo. No caso das vacinas de DNA ou RNA, ao invés de inserir o próprio agente da doença, uma molécula geneticamente modificada produz uma determinada parte do microorganismo, o que estimula a produção de defesas.
De acordo com a OMS, essa abordagem oferece algumas vantagens sobre os métodos mais tradicionais. Em primeiro lugar, elas eliminam a necessidade de inserir qualquer agente infeccioso, como um vírus enfraquecido, no corpo humano. Além disso, ela é mais fácil de produzir em larga escala. Contudo, a tecnologia é muito recente, e só veio a ser testada em humanos a partir da pandemia de Covid-19. Antes disso, imunizações desse tipo para outras doenças foram testadas em animais.
Dois laboratórios patrocinados pela Fundação Bill e Melissa Gates foram pioneiros na produção de vacinas desse tipo. O laboratório Moderna, primeiro a desenvolver vacinas com base em RNA, teve resultados promissores em sua primeira fase de testes com humanos, publicados em 17 de julho. Já a INO-4800, estudada pelo laboratório americano Inovio Pharmaceutica, ainda se encontra na primeira fase de testes, com 120 voluntários. A Sanofi também apostou no desenvolvimento de vacinas desse tipo, mas os testes em humanos ainda não foram iniciados.
Peças de desinformação similares também circularam nos Estados Unidos, e foram checadas pela agência americana Reuters.
Nota:‌ ‌esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.
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João Pedro Capobianco
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