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Empréstimo, radares e ônibus: veja erros e acertos no horário eleitoral de SP
16.10.2020 - 12h30
Rio de Janeiro - RJ
Desde o último dia 9, o Horário Eleitoral Gratuito está sendo transmitido na televisão e no rádio. Agora com apenas 10 minutos e dedicado somente às candidaturas majoritárias, os programas estão sendo exibidos às 13h e 20h30 na TV e às 7h e 12h no rádio, de segunda a sábado. A Lupa verificou algumas das declarações presentes na primeira semana dos programas, confira:
“Em 2019, eu fui a Washington (EUA) para assinar um contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para investir R$ 1 bilhão na saúde de São Paulo”
Bruno Covas (PSDB) no programa de 9.out.2020
Exagerado
Em 19 de junho de 2019, Covas (PSDB) viajou a Washington para assinar um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para investimentos no programa Avança Saúde. O valor do empréstimo (identificado pelo código BID4641/OC-BR) é menor do que o citado e totaliza US$ 100 milhões. A cifra equivalia à época a R$ 385 milhões, com o dólar cotado a R$ 3,85 na data de assinatura do contrato. A liberação da primeira parcela do empréstimo ocorreu em março de 2020, com dólar cotado a R$ 4,63, segundo aponta a própria prefeitura, no valor de cerca de R$ 58 milhões. Até agosto de 2020, seis parcelas tinham sido pagas, e o total destinado ao Avança Saúde era de R$ 362,8 milhões.
A cifra citada por Covas é próxima do investimento total do programa, de US$ 200 milhões. Metade disso será pago pela própria prefeitura, como contrapartida.
Procurada, a assessoria de imprensa do candidato não se pronunciou.

“Eu assumi o compromisso de cuidar da saúde dos 2,5 milhões de crianças e adolescentes que estudam aqui na cidade de São Paulo. É por isso que mantivemos as escolas fechadas até agora”Bruno Covas (PSDB) no programa de 10.out.2020
Verdadeiro
Segundo a Sinopse Estatística da Educação Básica de 2019, a cidade de São Paulo tem 2,7 milhões de estudantes matriculados no ensino básico. Destas, 740 mil estudam na rede municipal.
O estado de São Paulo anunciou em setembro que a volta às aulas para a educação básica será realizada no dia 3 de novembro. Contudo, os municípios podem optar por adiar a abertura, com base em dados epidemiológicos locais – incluindo estabelecimentos estaduais, federais e privados. “A volta às aulas está condicionada à autorização dos prefeitos de cada um dos 645 municípios paulistas. As prefeituras são autônomas para decidir se vão ou não acompanhar o cronograma estadual. Os municípios podem adotar calendários mais restritivos, de acordo com dados epidemiológicos locais”, diz conteúdo publicado pela Secretaria de Educação do estado.

“[SP tem] um monte de radar escondido, espalhado pela cidade”
Arthur do Val (Patriota) no programa de 10.out.2020
Falso
São Paulo conta, atualmente, com 879 radares fixos em operação, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A localização deles pode ser consultada no próprio site da CET, ou seja, eles não estão “escondidos”, como diz Do Val. Em setembro, o Conselho Nacional de Trânsito (Conatran) aprovou a Resolução 798, que estabelece que, a partir de novembro, todos os radares devem ser sinalizados. Para os já existentes, o prazo para adaptação é até novembro de 2021.
Além disso, em outubro de 2020, a prefeitura de São Paulo não tinha nenhum radar móvel em operação. Os últimos radares desse tipo operados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) foram removidos em de 30 de janeiro de 2019, enquanto os da Guarda Civil Metropolitana (GCM) estão suspensos desde outubro de 2016. Os únicos radares móveis ainda em funcionamento no município são operados pela Polícia Militar, subordinada ao governo estadual, e não à prefeitura.
Em 2019, a prefeitura arrecadou R$ 1,6 bilhão com multas de trânsito.
Procurada, a assessoria de imprensa do candidato não se pronunciou.

“[Os outros candidatos] estão usando o seu dinheiro para fazer propaganda política (…). Eu sou o único candidato que abriu mão desse absurdo”
Arthur do Val (Patriota) no programa de 9.out.2020
Falso
Embora Do Val, de fato, tenha se comprometido a não utilizar recursos do fundo eleitoral, dois partidos, o Novo e o PRTB, abriram mão de receber sua cota do fundo em todo o país. Ambos têm candidatos em São Paulo – Filipe Sabará e Levy Fidelix, respectivamente. Do Val, até o momento, não recebeu recursos do fundo eleitoral. Segundo o TSE, a campanha arrecadou, por enquanto, R$ 269.649,12, dos quais R$ 119.692,73 vieram de financiamento coletivo, e o resto, de doadores individuais – incluindo Marcos Basso (R$ 50 mil), Ricardo Rittes (R$ 25 mil) e José Salim Mattar Júnior (R$ 25 mil).
Procurada, a assessoria de imprensa do candidato não se pronunciou.

“Cumpri meu mandato do primeiro ao último dia [como vereador]”
Andrea Matarazzo (PSD) no programa de 9.out.2020
Verdadeiro
Eleito pelo PSDB, Matarazzo foi vereador em São Paulo entre 2013 e 2017. Ele não se desligou durante o mandato para exercer outras funções, como secretário de estado, mas se candidatou a vice-prefeito de São Paulo no período – na chapa de Marta Suplicy (à época, filiada ao MDB).

“O Haddad é considerado o segundo pior prefeito de São Paulo”
Celso Russomanno (Republicanos) no programa de 9.out.2020
Verdadeiro
Na última pesquisa de avaliação realizada em seu mandato pelo Datafolha, em julho de 2016, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) teve 14% de aprovação do eleitorado. Foi o segundo pior resultado considerando as pesquisas feitas no fim de mandato com os prefeitos da capital. O ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000), chegou a ter 7% de aprovação na pesquisa do instituto. A série histórica do instituto vai até a gestão de Luiza Erundina (então no PT), de 1989 a 1993.

“[Como secretário de transportes] Criei o Bilhete Único”
Jilmar Tatto (PT) no programa de 9.out.2020
Verdadeiro, mas...
O Bilhete Único foi implementado na cidade de São Paulo em 2004, na gestão de Marta Suplicy (2000-2004). À época, Tatto era secretário municipal de Transportes (cargo que exerceu novamente no mandato de Haddad, entre 2013 e 2016). Mas o projeto do Bilhete Único já tinha sido aprovado em 1995 na capital paulista. A proposta do então vereador Carlos Zarattini (PT) – hoje deputado federal e candidato a vice de Tatto – foi vetada por Paulo Maluf, prefeito naquele ano. Zarattini foi secretário de Transportes na gestão Marta antes de Tatto e, em 2001, já prometia criar o bilhete.

“[As gestões Doria e Covas] aumentaram o valor da passagem [dos ônibus]”
Jilmar Tatto (PT) no programa n de 13.out.2020
Verdadeiro, mas...
Durante a gestão de Doria e Covas, a tarifa dos ônibus de São Paulo teve três reajustes, partindo de R$ 3,80 para R$ 4,40 em janeiro de 2020. Mas nas suas duas passagens pela prefeitura como secretário municipal dos Transportes, Tatto foi um dos responsáveis por quatro reajustes na tarifa dos coletivos. Na gestão de Marta, a passagem passou de R$ 1,40 para R$ 1,70 em janeiro de 2003. Já na gestão Haddad, a passagem passou de R$ 3 para R$ 3,20, em junho de 2013 – a decisão disparou uma onda de protestos em São Paulo, e mais tarde pelo país, e a prefeitura desistiu do aumento. Houve novos reajustes em 2015 (R$ 3,50) e em 2016 (para R$ 3,80). Tatto era o secretário em todas as ocasiões.

“[Fui a] Deputada federal mais votada da história do Brasil”
Joice Hasselmann (PSL) no programa de 13.out.2020
Verdadeiro
Joice Hasselmann (PSL) foi a mulher mais votada para deputada federal nas eleições de 2018, com 1.078.666 votos. Essa também foi a votação mais alta para uma mulher disputando esse cargo na história das eleições no Brasil.
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