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É falso que vacina contra H1N1 aplicada no Brasil é da Sinovac
17.11.2020 - 18h36
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais que a vacina contra H1N1 disponibilizada no Brasil é produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. A empresa fabrica a CoronaVac, vacina contra a Covid-19 que está na última etapa dos testes em humanos. Parte dos ensaios clínicos do imunizante ocorre em São Paulo, com a coordenação do Instituto Butantan. O texto sobre a vacina contra o H1N1 foi compartilhado pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e reproduzido por outros perfis. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“A vacina contra gripe e H1N1 que você toma é da Sinovac Biotech, que é chinesa! (…)”
Texto em post do Facebook, que, até as 10h de 17 de novembro de 2020, tinha 353 compartilhamentos
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. O Brasil não usa uma vacina da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech para combater o H1N1. A Sinovac Biotech de fato produz um imunizante contra a H1N1, a Panflu, desde 2010, mas a Lupa solicitou, em 26 de outubro, usando a Lei de Acesso à Informação (LAI), a relação dos fabricantes do imunizante no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, todas as doses administradas atualmente na campanha de vacinação contra H1N1 são produzidas pelo Instituto Butantan.
O Butantan passou a fabricar a vacina em outubro de 2009, em parceria com a farmacêutica francesa Sanofi Pasteur. Neste ano, o ministério adquiriu 80 milhões de doses, todas elas fornecidas pelo instituto, numa transação que custou mais de R$ 1,2 bilhão.
De acordo com o Ministério da Saúde, as vacinas são trivalentes, pois previnem também contra os vírus H3N2 e influenza B, além do H1N1. A composição do imunizante é determinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o hemisfério sul.
Após a detecção do vírus da gripe H1N1 em 2009, vários países começaram a corrida para desenvolver uma vacina contra o que na época foi chamado de gripe suína, segundo o Center for Health Security, departamento de saúde da Universidade Johns Hopkins, localizado nos Estados Unidos. Os primeiros imunizantes e os laboratórios responsáveis por eles, assim como os países que os aprovaram, estão tabelados no site da instituição.
Na época, as autoridades reguladoras de cada país aprovaram, de acordo com suas vias regulatórias, vacinas produzidas em laboratórios de diversos países, entre eles a China, diz a OMS. No entanto, a dose aplicada na população brasileira é feita no Brasil. Em julho de 2009, o então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já anunciava em reuniões que o Instituto Butantan seria o possível produtor da vacina no país.
A Lupa questionou a deputada Sâmia Bomfim sobre o erro no post original. A assessoria da parlamentar disse, por e-mail, que a informação divulgada está correta. “No dia 21 de outubro, dissemos que a vacina da H1N1 que hoje protege os brasileiros contra essa doença foi desenvolvida pela Sinovac Biotech. O laboratório chinês foi pioneiro no desenvolvimento dessa vacina que, inclusive, passou por todos os testes regulatórios da Anvisa. Atualmente, a vacina distribuída pelo SUS é produzida pelo Instituto Butantan”, diz o texto.

“[A vacina contra H1N1 da Sinovac] tem registro da Anvisa”
Texto em post do Facebook, que, até as 10h de 17 de novembro de 2020, tinha 353 compartilhamentos
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. A assessoria de imprensa da Anvisa afirmou, por e-mail, que não há nenhuma vacina da Sinovac registrada no Brasil. A agência enviou ainda a lista de todos os produtos desse tipo válidos no Brasil contra H1N1 – nenhum deles é da empresa. Não há também nenhuma menção a registro ou compra de imunizantes fabricados pela Sinovac no Diário Oficial da União de 1º de janeiro de 2009 até 17 de novembro de 2020. As únicas referências à empresa apareceram este ano, por causa da vacina contra a Covid-19.
Sobre esta afirmação, a assessoria da deputada Sâmia Bomfim disse à Lupa, por e-mail, que a informação “foi amplamente divulgada por importantes veículos de imprensa à época da nossa publicação”, como o Correio Braziliense, o portal Terra, a rádio Jovem Pan e a agência de notícias da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, nenhuma delas menciona que a vacina tenha sido registrada pela Anvisa.
Uma versão semelhante desse conteúdo também foi checada pelo Estadão Verifica.
Atualização às 19h30 de 17 de novembro de 2020: Incluída a lista de vacinas contra H1N1 válidas no Brasil, fornecida pela Anvisa.
Nota: esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.
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Evelyn Fagundes
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