UOL - O melhor conteúdo
Lupa
É falso que estudo demonstra que vacina contra Covid-19 pode afetar fertilidade masculina
05.01.2021 - 17h26
Rio de Janeiro - RJ
Circula nas redes sociais que um estudo da Universidade de Miami comprova que a vacina contra a Covid-19 pode afetar a fertilidade masculina. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“Vacina Contra Covid pode afetar Fertilidade Masculina segundo Estudo da Universidade de Miami”
Título de texto publicado pelo site Crítica Nacional que, até as 13h de 5 de janeiro de 2021, tinha sido compartilhado mais de 500 pessoas
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. Não há nenhum estudo completo que diga que a vacina pode afetar a fertilidade masculina. O único estudo já publicado pela Universidade de Miami trata, na verdade, dos efeitos da Covid-19 na fertilidade masculina — e não da vacina. Em novembro de 2020, pesquisadores da instituição demonstraram que o SARS-CoV-2 pode infectar o tecido testicular em alguns homens infectados. A instituição iniciou pesquisa para averiguar o efeito da vacina, mas os testes ainda estão na fase de recrutamento.
Um dos coordenadores da pesquisa em andamento, o médico Ranjith Ramasamy, explica no próprio site da instituição que, com base no mecanismo pelo qual o mRNA atua, é improvável que as vacinas da Covid-19 tenham impacto na fertilidade masculina. “É por isso que estamos fazendo este estudo, para voltar e testar a segurança da vacina na fertilidade masculina para que possa educar e, possivelmente, tranquilizar o público”, disse o Dr. Ramasamy. O pesquisador reafirma que é importante que todos se vacinem contra o vírus.
O urologista Daniel Nassau, da Universidade de Miami, afirma que a proposta é avaliar a produção e a qualidade dos espermatozoides para homens que estão pensando em fertilidade no presente ou no futuro e que receberão a vacina. “Queremos ver se há alguma diminuição na produção ou qualidade do esperma. Vamos olhar uma amostra de sêmen antes de eles receberem a vacina e, em seguida, três e seis meses depois”. Os pesquisadores da Escola Miller preveem que terão pelo menos dados preliminares até o momento em que a maioria da população for capaz de tomar a vacina.
A pesquisa está sendo realizada porque o próprio instituto vem estudando o impacto da Covid-19 na fertilidade masculina. Em novembro de 2020, os pesquisadores publicaram um estudo que demonstra que o vírus pode afetar o tecido testicular — o que não comprova, contudo, que ele causa infertilidade. Essas descobertas, na verdade, podem ser um primeiro passo para descobrir o impacto potencial do novo coronavírus na fertilidade masculina e se o SARS-CoV-2 pode ser transmitido sexualmente.
Em dezembro de 2020, a Lupa verificou conteúdo similar. Circulou nas redes sociais a informação de que a vacina da Covid-19 causaria infertilidade em mulheres. O post afirmava que o imunizante continha uma proteína chamada sincitina-1, vital para a formação da placenta humana em mulheres. “Se a vacina funcionar de modo a formarmos uma resposta imunológica contra a proteína spike, também estaremos treinando o corpo feminino para atacar a sincitina-1, o que pode levar à infertilidade em mulheres por um período não especificado”. O boato foi desmentido.
Nota:‌ ‌esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.
Editado por
Clique aqui para ver como a Lupa faz suas checagens e acessar a política de transparência
A Lupa faz parte do
The trust project
International Fact-Checking Network
A Agência Lupa é membro verificado da International Fact-checking Network (IFCN). Cumpre os cinco princípios éticos estabelecidos pela rede de checadores e passa por auditorias independentes todos os anos.
A Lupa está infringindo esse código? FALE COM A IFCN
Tipo de Conteúdo: Verificação
Conteúdo de verificação de informações compartilhadas nas redes sociais para mostrar o que é falso.
Copyright Lupa. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização.

Leia também


14.03.2025 - 15h47
Saúde
Bebida com inhame, limão, laranja e chá de baleeira não “cancela” sintomas da dengue

Circula nas redes um vídeo afirmando que uma bebida preparada com inhame, limão e laranja além de um chá de baleeira poderiam “cancelar” os sintomas da dengue. É falso. Não existe qualquer comprovação científica de que esses alimentos sejam eficazes no combate à doença. Alguns desses itens, inclusive, já foram citados em outras receitas falsas.


Evelyn Fagundes
14.03.2025 - 14h20
Religião
Post com pedido de oração pela Síria atribuído ao Papa é fake

Circula, pelas redes sociais, um pedido de orações pela Síria feito pelo Papa Francisco. No texto da publicação, são mencionadas pessoas decapitadas na cidade de Qaraqosh, no Iraque. É falso. A mensagem circula nas redes desde, pelo menos, 2017. Não se tem notícia de mensagem semelhante divulgada pelo Pontífice.

João Pedro Capobianco
14.03.2025 - 14h15
Cultura
‘Ainda Estou Aqui’ não foi financiado pelo BNDES

Circula nas redes sociais um post afirmando que o filme “Ainda Estou Aqui” foi financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É falso. A produção foi custeada com recursos próprios, não públicos. A publicação distorceu uma notícia sobre o banco ter aprovado recentemente um financiamento para uma coprodutora do longa.


Evelyn Fagundes
13.03.2025 - 17h30
Política
Vídeo em que homem diz ter orgulho da prisão de Lula foi editado

Circula nas redes sociais um vídeo em que um homem declara que um dos momentos de maior orgulho de sua vida foi o dia em que o presidente Lula foi preso. É falso. O vídeo foi editado. Na fala original, ele afirma que tinha “muito orgulho do presidente” e que, no momento em que Lula foi preso durante a Lava Jato, o petista enfrentou a situação de “cabeça levantada”.

Ítalo Rômany
13.03.2025 - 17h01
Economia
É falso que governo decretou o fim das férias consecutivas de 30 dias

Circula nas redes sociais um post que afirma que o governo decretou o fim das férias consecutivas de 30 dias com a nova lei trabalhista vigente em 2025. É falso. Não existe qualquer mudança ou alteração sobre esse direito. Faltas justificadas por atestados médicos não impactam nas férias do trabalhador.

Ítalo Rômany
Women Owned
Assine nossa newsletter
sobre desinformação
Acompanhe nossas redes
Lupa © 2025 Todos os direitos reservados
Feito por
Dex01
Meza Digital