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É falso que os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de hidroxicloroquina
22.01.2021 - 20h40
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais que a hidroxicloroquina foi aprovada para uso contra a Covid-19 nos Estados Unidos. O deputado federal e ministro da Cidadania Onyx Lorenzoni (DEM) também compartilhou essa informação em seu perfil no Twitter. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“Hidroxicloroquina!
Após o presidente Bolsonaro negar apoio ao uso da Vacina Chinesa Coronavac, e ser acusado pelo Governador de São Paulo João Doria por negacionista em defesa do uso de cloroquina.
Hoje 22/01, o Estados Unidos tbem aderiu em Sistema de Saúde a indicação de Hidroxicloroquina a população Americana!”
Post publicado no Facebook que, até as 18h30 do dia 22 de janeiro de 2021, tinha 17 compartilhamentos
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. O governo dos Estados Unidos não passou a indicar a hidroxicloroquina como tratamento precoce da Covid-19 para sua população no dia 22 de janeiro. Desde junho de 2020, a FDA (Food and Drug Administration, na sigla em inglês), órgão do governo norte-americano similar à Anvisa no Brasil, não recomenda o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina como profilaxia para a doença. O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NHI, na sigla em inglês) também não indica esses medicamentos para tratar a infecção pelo novo coronavírus.
Uma peça de desinformação similar circulou também no Twitter. O Ministro da Cidadania, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM), foi uma das pessoas que compartilhou o trecho de um vídeo em que uma comentarista da rádio Jovem Pan faz uma interpretação equivocada de um estudo publicado no The American Journal of Medicine, publicação científica da área médica. Segundo o vídeo, a revista teria passado a recomendar o uso da hidroxicloroquina e da azitromicina justamente no dia que o democrata Joe Biden tomou posse como presidente dos Estados Unidos.
Diferentemente do que sugerem o vídeo no Twitter e a publicação das redes sociais, o The American Journal of Medicine não passou a recomendar o uso dessas substâncias para tratar a Covid-19. Na verdade, em 1º de janeiro deste ano a revista divulgou a revisão de um artigo de opinião originalmente publicado em agosto do ano passado. No documento, os pesquisadores afirmam, com base na avaliação de estudos do começo de 2020, que a hidroxicloroquina é ineficaz para tratar casos hospitalares de Covid-19, mas que em pacientes ambulatoriais, segundo os autores, pode reduzir a progressão da doença.
No entanto, pesquisas posteriores confirmaram que a hidroxicloroquina também não tem eficácia em pacientes ambulatoriais e, além disso, pode causar efeitos adversos. Em outubro, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos divulgou um texto em que enumerou diferentes testes com o medicamento. Um deles foi um ensaio clínico randomizado com pacientes hospitalizados no Reino Unido. “A hidroxicloroquina não diminuiu a mortalidade em 28 dias quando comparada ao tratamento padrão usual. Os participantes que foram randomizados para receber hidroxicloroquina tiveram uma permanência hospitalar média mais longa do que aqueles que receberam o tratamento padrão”, diz o Instituto.
O Instituto Nacional de Saúde norte-americano também lista uma série de efeitos colaterais do medicamento, incluindo arritmia ventricula.
Nota:‌ ‌esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.
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João Pedro Capobianco
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