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É falso que senador citou ‘médica Mia Khalifa’ durante sessão da CPI
26.05.2021 - 18h39
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais que o senador Luís Carlos Heinze (PP-RS) citou uma “médica” na CPI da Covid tendo como base uma notícia falsa que circulou no ano passado. O boato dizia que a infectologista “Marcela Pereira”, um prodígio brasileiro, estava realizando um estudo em larga escala sobre a cloroquina para o Instituto Emílio Ribas. A “profissional” mostrada na foto era, na verdade, a ex-atriz pornô Mia Khalifa. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
“Mia Khalifa – Senador Luís Carlos Heinze cita ‘médica’ durante a CPI da Covid-19. A então médica é uma atriz de filmes pornográficos”
Frase em imagem de tuíte compartilhado no WhatsApp
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. O senador Luís Carlos Heinze não citou a ex-atriz pornô Mia Khalifa durante depoimento na CPI da Covid na última terça-feira (25). Ao fazer perguntas à secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, o parlamentar referiu-se a uma reportagem do jornal inglês The Guardian, de junho de 2020, sobre a empresa Surgisphere, que forneceu dados para estudos científicos publicados nas revistas The Lancet e New England Journal of Medicine sobre a Covid-19. Em uma das reportagens, o veículo mencionou, na época, que a funcionária responsável pelo marketing da empresa era uma “modelo de conteúdos adultos”.
O Guardian publicou uma série de matérias investigativas questionando as origens dos dados usados em pesquisa observacional publicada na Lancet, que concluiu que a cloroquina e a hidroxicloroquina não apresentavam benefícios no tratamento da Covid-19. Segundo o jornal britânico, a Surgisphere, empresa que forneceu informações para esse e outros estudos sobre a Covid-19, não explicou a metodologia adotada ou a origem das suas bases. No caso específico da pesquisa publicada pela Lancet, havia também inconsistências dos dados apresentados com estatísticas oficiais.
Além da falta de transparência e dos problemas nos dados, o jornal britânico também reportou incongruências no tamanho da Surgisphere. A empresa possuía uma presença muito tímida em redes sociais, e as pessoas que apareciam como seus empregados não tinham experiência na área de ciências – além da atriz pornô não identificada como diretora de marketing, havia, por exemplo, um escritor de ficção científica listado como editor de ciências. Após a publicação da reportagem, o site oficial da Surgisphere saiu do ar e as contas nas redes sociais foram apagadas.
Durante a CPI, Heinze citou o caso e falou, em determinado momento, da presença de uma atriz pornô na empresa americana. “Pesquisadores começaram a investigar e descobriram que a gerente de vendas da Surgisphere era – pasmem, senhoras deputadas que estão aqui, senhores senadores! –; a gerente de vendas da Surgisphere era uma atriz pornô. Uma atriz pornô. Nada contra ela”, disse, durante a sessão.
Em nota, o senador criticou ter seu nome associado a um boato. “Tentar ridicularizar uma opinião contrária não é respeitar a democracia. Pior ainda se o desrespeito é realizado com ‘fake news’, propagando uma calúnia para milhares de internautas”, escreveu. “Em minha fala na CPI da Pandemia, na terça-feira, não citei nenhuma médica como ex-atriz pornô como o perfil ‘Nos Trends Brasil’ afirmou. Isto é criminoso.” Ele fez então referência à reportagem do The Guardian e às descobertas do veículo sobre a Surgisphere.
Esta‌ ‌verificação ‌foi sugerida por leitores através do WhatsApp da Lupa. Caso tenha alguma sugestão de verificação, entre em contato conosco pelo número +55 21 99193-3751.
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Evelyn Fagundes
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