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É falso que o MST destruiu casas populares em Santa Cruz do Capibaribe
18.10.2021 - 13h03
Rio de Janeiro - RJ
Circula em correntes de WhatsApp um vídeo no qual uma mulher afirma que o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) teria destruído casas no município de Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco. A narradora sugere que esses imóveis seriam entregues a famílias pobres e afirma, ainda, que essa ação foi feita a mando do Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo ela, o MST pertence ao PT. A gravação mostra cenas de algumas casas. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
“Você sabe o que é isso? Aqui em Pernambuco, Santa Cruz do Capibaribe, o MST foi destruir as casas que seriam entregues para as pessoas mais pobres, famílias carentes (…)”Conteúdo de vídeo que circula em correntes de WhatsApp
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. Integrantes do MST não destruíram casas em Santa Cruz do Capibaribe. Na verdade, em agosto deste ano alguns imóveis em construção pelo programa Minha Casa Minha Vida foram ocupados por pessoas que teriam sido tiradas da lista de beneficiários do incentivo habitacional. A Polícia Civil da cidade confirmou, por telefone, que não foi registrado nenhum envolvimento de integrantes do MST. Em nota, a assessoria de imprensa da organização informou que não tem nenhuma área ocupada nesse município pernambucano. “A direção do movimento nega qualquer envolvimento sobre o ocorrido, se trata de uma ‘fake news’ entre muitas outras que são criadas para criminalizar o MST”, diz o texto.
As casas fazem parte do Residencial Cruzeiro, um complexo formado por 500 imóveis que começou a ser construído em 2017 com financiamento da Caixa Econômica Federal pelo Minha Casa Minha Vida — esse programa, criado em 2009, foi substituído pelo Casa Verde e Amarela em 2021. A obra deveria ter sido entregue em 2019, mas atrasou e a previsão é que fique pronto em dezembro de 2021.
O site local Merece Destaque noticiou essa ocupação no dia 29 de agosto. Na ocasião, pessoas que estavam na lista de contemplados para financiar o imóvel por meio do programa federal justificaram a invasão porque seus nomes tinham sido removidos da seleção de beneficiários. Em setembro, o canal Slam & Balaiô Caruaru entrevistou pessoas envolvidas na ocupação. Num dos relatos, uma moradora da cidade explicou que a ação foi organizada em poucas horas. Ela também contou que se inscreveu três vezes no programa, que a obra estava atrasada há dois anos e que algumas casas já estavam se deteriorando. Não há qualquer menção de envolvimento com o MST.
Na época, a Caixa Econômica Federal se pronunciou a respeito das invasões e informou que a construção das 500 casas seria concluída até o final do ano. Também afirmou ter acionado autoridades competentes para que fossem adotadas medidas legais em relação às ocupações irregulares do residencial.
Por uma decisão da Justiça Federal de 23 de setembro, a Polícia Federal (PF) foi acionada para fazer a reintegração de posse em favor da Caixa Econômica Federal contra os ocupantes. De acordo o delegado da PF Guilherme Figueiredo Silva, chefe em exercício da delegacia de Caruaru (comarca responsável pelas ocorrências de Santa Cruz do Capibaribe), as casas foram invadidas por moradores da região. “Até o momento, não tem qualquer informação de que os participantes da ocupação sejam integrantes do MST ou do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)”, afirmou, por telefone.
Uma semana antes da ocupação, a Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe divulgou uma nota oficial informando que havia discutido o prazo de entrega das casas com a Caixa. A prefeitura também informou que estava atualizando cadastros das pessoas contempladas e que havia reforçado a segurança do residencial para evitar invasões e depredações.

Você acha que mesmo que o PT está preocupado com os pobres?  Isso é a mando do PT. São do PT o MST. São eles que saem às ruas contra o governo federal.”
Conteúdo de vídeo que circula em correntes de WhatsApp
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. O MST não pertence ao PT. Embora o movimento e o Partido dos Trabalhadores tenham uma relação próxima, essas duas organizações são independentes uma da outra.
Em nota, a direção do MST explicou que é um movimento social autônomo dos partidos políticos, com independência de estrutura organizativa, formas de lutas e programa. “PT, CUT (Central Única dos Trabalhadores) e MST surgiram no ciclo de lutas pela redemocratização que começou no final dos anos 70. Desde então, são parceiros na luta pela reforma agrária e por mudanças na sociedade brasileira para combater a desigualdade social e garantir os direitos do povo brasileiro”, informa a nota.
Esta‌ ‌verificação ‌foi sugerida por leitores através do WhatsApp da Lupa. Caso tenha alguma sugestão de verificação, entre em contato conosco pelo número +55 21 99193-3751.
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