UOL - O melhor conteúdo
Lupa
É falso que Eliane Cantanhêde fez declarações críticas ao PT porque achava que câmera estava desligada
11.01.2022 - 14h05
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais um vídeo que mostra a jornalista Eliane Cantanhêde apresentando um programa. Ela está ao lado do também jornalista William Waack e do convidado e comentarista, o doutor em sociologia Rodrigo Augusto Prando. Cantanhêde aparece na gravação analisando criticamente o período de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Cantanhêde diz que o PT (Partido dos Trabalhadores) poderia ter realizado várias reformas — previdenciária, trabalhista, tributária, entre outras —, mas não efetuou nenhuma delas porque “optou sempre pela popularidade”. A legenda presente no vídeo afirma que a apresentadora não sabia que estava sendo gravada e que por esse motivo estaria “entregando o PT”, como afirma alguns compartilhamentos do mesmo vídeo. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
“ATENÇÃO! Quando o câmera deixa o equipamento ligado e vai tomar um café. Jornalista conta explana tudo !”
Texto em vídeo publicado no Facebook que, até as 12h de 11 de janeiro de 2022, tinha 50 mil compartilhamentos
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. O vídeo mostra um programa transmitido ao vivo sobre as eleiçoẽs de 2018 com apresentação dos jornalistas Eliane Cantanhêde e William Waack, de realizado pelo jornal O Estado de S.Paulo — e não pela Rede Globo, como afirmam algumas peças de desinformação sobre o mesmo vídeo. A gravação não foi acidental, e estava sendo transmitida ao vivo e com consentimento das pessoas filmadas no canal do YouTube do Estadão, no Twitter e também no Facebook do jornal, além da página do Facebook do portal de notícias Terra.
O programa acompanhava a apuração dos votos do primeiro turno das eleições de 2018, no dia 7 de outubro daquele ano, e contou com diversos comentaristas convidados, entre eles o filósofo Roberto Romano e o cientista político Jairo Pimentel, que se revezaram durante a transmissão. No momento em que esse trecho foi transmitido, o doutor em sociologia Rodrigo Augusto Prando estava com os apresentadores.
Após 1 hora e 24 minutos do início da gravação, Waack comenta com Cantanhêde sobre o panorama da disputa de segundo turno para o cargo presidencial daquele ano. Ele também falou sobre um editorial do Estadão que opinava sobre o plano de governo do PT questionando se esse plano de governo abriria alguma “brecha” para o então candidato à presidência o deputado Jair Bolsonaro (então filiado ao PSL). Logo após essa observação, Cantanhêde analisa criticamente o período de governo do PT. O vídeo que circula pelas redes sociais corta o momento que a jornalista comenta sobre o “outro lado” da disputa, quando fala, também criticamente, sobre o plano econômico de governo de Bolsonaro.
Além disso, a troca de cortes de câmera com mudança de foco da jornalista para um plano geral com todos os participantes do programa em dois ou mais momentos. Isso mostra que houve uma direção de produção para deixar a gravação do programa dinâmica para o telespectador e, portanto, não foi uma gravação feita enquanto o câmera tomava um “cafezinho”.
Em nota enviada por e-mail, Cantanhêde, que é colunista do Estadão e da GloboNews, diz que o vídeo sobre o debate é verdadeiro, mas que é “fake news” que ela não sabia que estava sendo gravada pois o debate foi transmitido ao vivo. A jornalista disse ainda que não é petista ou antipetista. “Não sou nem uma coisa nem outra, sou jornalista, e fiz uma análise de fatos”, declara.
Nota:‌ ‌esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.
Editado por
Clique aqui para ver como a Lupa faz suas checagens e acessar a política de transparência
A Lupa faz parte do
The trust project
International Fact-Checking Network
A Agência Lupa é membro verificado da International Fact-checking Network (IFCN). Cumpre os cinco princípios éticos estabelecidos pela rede de checadores e passa por auditorias independentes todos os anos.
A Lupa está infringindo esse código? FALE COM A IFCN
Tipo de Conteúdo: Verificação
Conteúdo de verificação de informações compartilhadas nas redes sociais para mostrar o que é falso.
Copyright Lupa. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização.

Leia também


19.09.2024 - 11h24
Política
É falso que 95% dos deputados federais não foram 'eleitos' em 2018

Circula nas redes a informação de que 95% dos deputados federais foram eleitos por redistribuição de votos nas eleições de 2018. Portanto, somente 5% conseguiram votos suficientes, sem levar em consideração o quociente partidário. É falso. Somando o número de eleitos, um total de 74,2% não precisaria entrar na redistribuição de votos

Ítalo Rômany
19.09.2024 - 11h02
Economia
É falso que Receita Federal recebe dados de qualquer operação financeira

Post diz que qualquer operação financeira é informada à Receita Federal, além de alegar que o órgão monitora imediatamente a venda de imóveis em cartório, compras acima de R$ 2,5 mil no cartão de crédito e saques acima de R$ 50 mil. É falso. Em nota, a Receita Federal desmente as informações e explica o que acontece em cada caso.

Maiquel Rosauro
18.09.2024 - 17h20
Política
Vídeo manipula falas de jornalistas da GloboNews e sugere ordem do STF para incêndios

Um vídeo mostra comentários de Eliane Cantanhêde e Miriam Leitão, na GloboNews, sugerindo que o STF teria ordenado incêndios. É falso. As falas, retiradas de diferentes programas exibidos no dia 23 de novembro de 2023, discutiam a PEC que limita decisões monocráticas do Supremo, sem qualquer ligação com os incêndios que atingem o Brasil.

Catiane Pereira
18.09.2024 - 16h51
Redes
É falso que STF decretou o fim do sigilo bancário

Circula pelas redes sociais um vídeo no qual um homem afirma que o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou o “fim do sigilo bancário no Brasil”. É falso. A decisão do STF apenas reconhece a constitucionalidade da responsabilidade das instituições financeiras de fornecerem informações sobre seus clientes aos órgãos fiscais estaduais para fiscalização.

Gabriela Soares
18.09.2024 - 15h34
Política
Jair Bolsonaro não declarou apoio a Pablo Marçal; vídeo foi feito com IA

Circula pelas redes sociais um vídeo que mostra uma mensagem de Jair Bolsonaro em apoio ao candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB). É falso. Ferramentas de detecção de Inteligência Artificial indicam que o conteúdo foi gerado artificialmente.

João Pedro Capobianco
Lupa © 2024 Todos os direitos reservados
Feito por
Dex01
Meza Digital