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É falso que Lula se apropriou de faqueiro presenteado pela rainha da Inglaterra
02.06.2022 - 13h58
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais uma imagem que mostra um faqueiro supostamente de ouro em cima de uma toalha branca. A legenda da publicação afirma que o conjunto foi um presente da rainha Elizabeth 2ª dado ao então presidente Arthur da Costa e Silva, em 1968, quando ela visitou o Brasil. O texto afirma ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou consigo o conjunto ao deixar o cargo, em 2010. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
Você sabia? Costa e Silva ganhou um faqueiro de ouro da Rainha da Inglaterra em 1968. Luiz Inácio mandou empacotar e o levou consigo quando deixou o palácio em 2010. Você acha que está correta a atitude desse ex-presidente viva alma?
– Legenda em imagem publicada no Facebook que, até ás 13h de 2 de junho de 2022, tinha 776 compartilhamentos
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. A rainha da Inglaterra, Elizabeth 2ª, não deu a Arthur da Costa e Silva, presidente durante a ditadura militar, um faqueiro de ouro. Em novembro de 1968, a monarca esteve no Brasil, acompanhada pelo príncipe Philip, e se encontrou com o general. Ela o presenteou com uma taça de prata e um centro de mesa, segundo informou o jornal O Estado de S. Paulo, na época. Na ocasião, a rainha também foi presenteada com balangandãs de ouro, um retrato de Costa e Silva e um quadro.
A imagem do faqueiro que circula pelas redes sociais veio de um site de leilões e não tem a ver com o acervo da Presidência da República. Apesar de não estar mais disponível online, o registro foi armazenado no Wayback Machine no dia 7 de maio de 2019. Ao analisar a publicação, feita no site do leiloeiro Mozart Melo, é descrito que o faqueiro é um conjunto de origem coreana de aço inoxidável e banhado a ouro, leiloado em 2013. Não há informações sobre a procedência do faqueiro.
Em 2016, a Polícia Federal investigou bens recebidos por Lula durante os seus dois mandatos e armazenados em uma agência do Banco do Brasil de São Paulo. Os agentes não encontraram nenhum faqueiro mantido pelo ex-presidente naquele local. Dentro da sala-cofre foram encontradas moedas de ouro, medalhas, esculturas, uma espada e até uma adaga
Em 2017, uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo, no blog de Fausto Macedo, retomou o caso dos bens confiscados no cofre de Lula. A reportagem falava sobre a decisão do então juiz federal Sergio Moro de autorizar a incorporação de 21 itens apreendidos ao patrimônio da União. No decorrer do texto, foram anexados documentos sobre o caso. Um deles é o relatório final da Secretaria de Administração da Presidência, que verificou o material. Na página 17 consta a relação de todos os itens averiguados, mostrando que nenhum faqueiro foi apreendido.
Por meio de mensagem no WhatsApp, a assessoria de imprensa do ex-presidente Lula declarou que todo o acervo presidencial foi organizado por funcionários públicos, de acordo com a legislação. Disse ainda que não foi encontrada nenhuma irregularidade após a investigação. 
Esse conteúdo também foi verificado por Aos Fatos, Estadão Verifica, Boatos. org e E-Farsas.
Esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.
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