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No Pânico, Bolsonaro volta a mentir para atacar urnas
26.08.2022 - 16h30
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar a segurança das urnas durante entrevista ao Pânico, da Jovem Pan, nesta sexta-feira (26). Foram quase três horas de entrevista, quando Bolsonaro reciclou informações falsas, como a de que teriam sido encontradas "centenas de vulnerabilidades" nas urnas. Outros temas recorrentes do presidente, como o uso de medicamentos ineficazes para o tratamento da Covid-19 e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), marcaram o clima da entrevista.
A Lupa checou algumas das frases ditas pelo presidente na entrevista. A assessoria de imprensa de Bolsonaro foi procurada, e esta checagem será atualizada se houver respostas. Veja, a seguir, o resultado:
[Lula] Saiu com três condenações…
– Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em 26 de agosto de 2022
Exagerado
Lula sofreu duas condenações, e não três, como disse Bolsonaro. O petista foi condenado nos casos do "triplex de Guarujá” e do "sítio em Atibaia". As duas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021.
... Mas aí o Fachin sacou a questão do CEP, que deveria ser julgado lá em Brasília e não em Curitiba. E daí foram anuladas essas condenações e voltou para primeira instância, em Brasília
– Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em 26 de agosto de 2022
Verdadeiro
Em março de 2021, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou as duas condenações de Lula por entender que ambas deveriam tramitar em Brasília e não em Curitiba, o que fez o ex-presidente recuperar seus direitos políticos e o tornou elegível para o pleito deste ano.
Na prática, ambos os casos retornaram à primeira instância. Porém, quando foram reiniciados já estavam prescritos. Do total de 11 acusações conhecidas no âmbito da Operação Lava Jato, Lula foi absolvido em três. As demais foram suspensas, arquivadas ou encerradas por erros processuais.
Em 8 de novembro de 2019, a Justiça Federal de Curitiba autorizou a soltura de Lula da prisão (estava detido desde abril de 2018 e deveria cumprir pena de 8 anos, 10 meses e 20 dias de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro), devido à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia anterior, que derrubou a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância.
No primeiro momento, foram centenas de vulnerabilidades encontradas [nas urnas]
– Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em 26 de agosto de 2022
Falso
Não é primeira vez que Bolsonaro repete que as Forças Armadas encontraram vulnerabilidades nas urnas eletrônicas. Porém, jamais apresentou provas. Em fevereiro deste ano, por exemplo, ele citou em uma live que o Exército identificou "dezenas de vulnerabilidades", mas não apontou quais seriam.O TSE disse, à época, que "não há levantamento sobre possíveis vulnerabilidades" e que as declarações veiculadas "não correspondem aos fatos nem fazem qualquer sentido".
Se começar lá atrás com Fernando Henrique Cardoso, oito anos de governo dele, tivemos em média uma invasão de terra por dia…
– Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em 26 de agosto de 2022
Exagerado
De acordo com dados do Incra, durante os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), foram registradas 2.442 invasões em imóveis rurais, uma média de 305 por ano ou 0,83 por dia.
... No nosso governo passou a ser quatro por ano
– Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em 26 de agosto de 2022
Falso
Dados do Incra repassados ao Comprova em abril de 2022 mostravam um total de 40 invasões de terra durante o governo de Jair Bolsonaro. Oito foram em 2019, nove em 2020, 11 em 2021 e 12 em 2022, segundo dados atualizados no fim de abril deste ano. A média é de 10 invasões ao ano e não quatro, como afirmou o presidente. 
O Supremo falou que quem decidia [medidas contra a pandemia] no fim das contas era o prefeito
– Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em 26 de agosto de 2022
Falso
O STF não definiu que apenas os prefeitos possuem o "controle" das medidas estratégicas contra a pandemia da Covid-19. Na realidade, o Supremo julgou três ações e entendeu que governadores e prefeitos têm autonomia para traçar planos de combate ao vírus em seus respectivos territórios. O entendimento dos ministros era de que a União também poderia traçar estratégias de abrangência nacional. 
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6.341, o Supremo decidiu que os governos municipais e estaduais podiam determinar o isolamento social, quarentena e fechamento do comércio. Já na ADI 6.343, os ministros entenderam que os governadores e prefeitos poderiam restringir a locomoção interestadual e intermunicipal, caso achassem necessário. Por último, na Arguição de descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 672, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que as autoridades estaduais e municipais tinham a competência para adotar ou manter medidas de combate à pandemia. 
Nenhuma das decisões afastava a possibilidade de o governo federal tomar medidas para a contenção da pandemia. Ou seja, o STF não determinou que todas as ações fossem tomadas pelos governadores e prefeitos, e sim que o governo federal não poderia interferir em ações locais, como o estabelecimento de quarentenas e o fechamento do comércio.
Em 2018 eles erraram todas [as pesquisas], o próprio Datafolha, Ibope
– Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em 26 de agosto de 2022
Falso
Tanto o Datafolha quanto o Ibope acertaram a liderança de Bolsonaro no primeiro turno das eleições presidenciais de 2018 e sua vitória no segundo, considerando os levantamentos realizados mais próximos da eleição. 
Em pesquisa divulgada em 6 de outubro daquele ano, véspera do primeiro turno das eleições, o Datafolha mostrou Bolsonaro com 40% das intenções de votos válidos e Fernando Haddad (PT) com 25%. Na mesma data, o Ibope publicou pesquisa em que o atual presidente liderava com 41% e Haddad aparecia em segundo com os mesmos 25%. O Ibope ainda publicou uma pesquisa de boca de urna que mostrava o então deputado com 45% e o ex-prefeito com 28%. Na eleição, Bolsonaro teve 46% dos votos, e o petista 29%.
No segundo turno, o Datafolha e o Ibope apontavam vitória de Bolsonaro no sábado anterior à eleição. O Datafolha mostrava o então deputado com 55% dos votos válidos, enquanto o segundo apontava 54%. O Ibope publicou também uma pesquisa de boca de urna que mostrava o presidente com 56%.
Mesmo nas pesquisas anteriores, no início da corrida presidencial, quando muitos eleitores ainda estão indecisos, os institutos de pesquisa já apontavam para uma vitória de Bolsonaro. Em agosto de 2018, quando Lula ainda estava na disputa pelo Planalto, pesquisa Datafolha apontava vantagem do petista, com 39% das intenções de voto, sobre Bolsonaro, com 19%. Em um segundo cenário, caso o ex-presidente não estivesse na disputa, Bolsonaro liderava a pesquisa com 22% e, na segunda posição, estava Marina Silva, com 16%.
Após a candidatura de Lula ter sido indeferida, o instituto apontou, em setembro daquele ano, a liderança de Bolsonaro no primeiro turno, com 24% das intenções de voto, seguida de Ciro Gomes, com 13%.
Já o Ibope, indicava, em agosto de 2018, a liderança de Lula, com 37%, e Bolsonaro em segundo lugar, com 18%. Em setembro, o instituto apontou que Bolsonaro liderava com 28% e que Haddad apareceria no segundo lugar, com 19%.
Nas eleições estaduais, houve discrepância entre pesquisas divulgadas no sábado e o resultado das urnas. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Datafolha indicava Wilson Witzel (PSC) em empate com Romário (Podemos) na segunda colocação com 17% dos votos, enquanto o Ibope mostrava o candidato do PSC com apenas 12% dos votos, em terceiro lugar empatado com Índio da Costa (PSD). Contudo, ele acabou fazendo 41%
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