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É falso que carne está cara porque JBS fechou frigoríficos no Mato Grosso
02.09.2022 - 18h00
Rio de Janeiro - RJ
Circula no WhatsApp o vídeo de um homem afirmando que a culpa de a carne estar cara é o fato de a JBS ter comprado e fechado frigoríficos, como na cidade de Brasnorte, no Mato Grosso. A empresa teria pego empréstimos sem juros do BNDES durante os governos de Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016) para eliminar a concorrência e ditar os preços.
Por WhatsApp, leitores sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
“É por isso que a carne tá cara! Porque a JBS, em complô com o PT, pegava dinheiro a juro praticamente zero, comprou todos os frigoríficos do estado de Mato Grosso e fechou para ter o monopólio”
– Fala de homem em vídeo compartilhado no WhatsApp
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. Não foi um suposto monopólio da JBS que fez o preço da carne subir. Valorização do dólar, impactos do clima e mercado internacional aquecido são alguns dos fatores que têm influenciado o valor do produto, que está em crescimento desde o início da pandemia de Covid-19. 
Entre março de 2020 e maio de 2022, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, o valor do quilo da carne bovina subiu 91,11% a mais do que a inflação oficial no período, que foi de 19,9%. Já a alta na carne de frango foi de 70,08%.
O frigorífico de Brasnorte também não foi fechado pela JBS. A unidade começou a operar em janeiro de 2020, após investimento de mais de R$ 70 milhões, e ainda está ativa. Em janeiro de 2022, a prefeitura entrou com uma ação judicial para retomar o imóvel onde fica a indústria, que estaria sendo subutilizado. A Justiça negou o pedido. Em abril, o processo foi extinto pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso (consulte por “numeração única” o processo nº 1000025-38.2022.8.11.0100).
De fato, investimentos via BNDES para financiar a aquisição de empresas pela JBS durante os governos do PT foram alvos de investigações nos últimos anos. O banco liberou apoio financeiro para aquisição de empresas como Swift Foods, Bertin, Pilgrim’s, National Beef e SmithField entre 2007 e 2009, além de uma oferta inicial de ações (IPO) nos EUA.
Uma checagem do Estadão Comprova, publicada em janeiro de 2022, ainda detalha a liberação de R$ 187,5 milhões para a compra da empresa argentina Swift Armour em 2005. Porém, o empréstimo não foi feito sob juro próximo de zero: foram 3% de juros ao ano e prazo de 48 meses para pagamento, após 12 meses de carência.
A Lupa entrou em contato com a assessoria da JBS em busca de esclarecimentos sobre a atual situação do frigorífico de Brasnorte e sobre a participação da empresa no mercado de carnes de Mato Grosso, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Esta‌ ‌verificação ‌foi sugerida por leitores através do WhatsApp da Lupa. Caso tenha alguma sugestão de verificação, entre em contato conosco.
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