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Lupa
Compare os dados de desmatamento e queimadas na Amazônia nos governos Lula e Bolsonaro
26.10.2022 - 15h30
Rio de Janeiro - RJ
Um dos assuntos mais recorrentes na pauta ambiental durante a campanha, a Amazônia ganhou destaque no até então único debate do segundo turno ao expor divergências entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre quem foi mais eficiente na redução do desmatamento e das queimadas. Na ocasião, após destacarem seus feitos, ambos sugeriram aos eleitores uma pesquisa no Google para comprovar o que disseram. 
Para entender o que ocorreu na gestão de cada um dos candidatos a presidente da República, Lupa fez uma análise dos dados sobre desmatamento da Amazônia disponibilizados pelo Prodes e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Confira:

DESMATAMENTO

GOVERNO LULA
  • Primeiro mandato
Quando Lula assumiu a presidência, em 2003, a área desmatada na Amazônia estava em 21.651 km² – dado referente a agosto de 2001 a julho de 2002, ano em que o petista foi eleito. Já no período entre agosto de 2002 a julho de 2003, que inclui os primeiros sete meses de mandato de Lula, o desmatamento aumentou para 25.396 km² (+17,3%). 
Entre agosto de 2003 e julho de 2004, o índice atingiu 27.772 km² (+9,3%). A partir de 2005, no entanto, houve uma reviravolta. A área desmatada caiu para 19.014 km² entre agosto de 2004 e julho de 2005 (-31,5%). 
No ciclo seguinte, diminuiu para 14.286 km² entre agosto de 2005 e julho de 2006 (-24,9%). Comparando o último dado sobre desmatamento divulgado no ano final do governo de Fernando Henrique Cardoso (julho de 2002) e o último balanço do Prodes de 2006 (até julho daquele ano), Lula terminou o primeiro mandato com redução de 34% na área desmatada. 
  • Segundo mandato
Os números continuaram em queda no começo do segundo mandato de Lula. A área desmatada caiu para 11.651 km² entre agosto de 2006 e julho de 2007 (-18,4%). Em seguida, subiu para 12.911 km² de agosto de 2007 a julho de 2008 (+10,8%), voltando a reduzir no período seguinte (agosto de 2008 a julho de 2009) para 7.464 km² (-42,2%). 
Entre agosto de 2009 e julho de 2010, último dado divulgado pelo Prodes durante o segundo governo do petista, a área desmatada na Amazônia caiu para 7.000 km² (-6,2%) – a menor registrada durante sua gestão na Presidência da República. 
Na comparação entre o último dado divulgado no seu primeiro mandato (julho de 2006) e o último do segundo mandato (julho de 2010), a redução foi de 51%. Já considerando seus dois governos, a redução foi de 67,6% – a área desmatada da Amazônia Legal saiu de 21.651 km² em julho de 2002 (último dado divulgado antes de Lula assumir) para 7.000 km² em julho de 2010 (último dado divulgado durante o seu mandato).
GOVERNO BOLSONARO
Jair Bolsonaro encontrou uma situação diferente da de Lula quando chegou ao governo federal, em 2019. A área desmatada na Amazônia Legal era de 7.536 km² – dado referente a julho de 2018 (último dado disponível do Prodes antes de ele assumir a Presidência). 
Durante o governo Bolsonaro, porém, o desmatamento cresceu. Entre agosto de 2018 e julho de 2019, subiu para 10.129 km² (+34,4%) – o dado inclui apenas os primeiros sete meses de sua gestão. Já entre agosto de 2019 e julho de 2020, cresceu para 10.851 km² (+7,1%). Depois, mais um crescimento para 13.038 km² no período entre agosto de 2020 e julho de 2021 (+20%).
No acumulado, o desmatamento da Amazônia aumentou 73% durante o governo de Jair Bolsonaro – de agosto de 2018 (último dado divulgado antes de ele assumir a Presidência) a julho de 2021 (último dado divulgado durante o seu mandato). O Prodes ainda não disponibilizou dados referentes ao período entre agosto de 2021 e julho de 2022. 

COMPARAÇÃO ENTRE GOVERNOS
Em números absolutos, considerando os dados divulgados pelo Prodes do primeiro ao terceiro ano de mandato, a média anual de desmatamento foi de 24,06 mil km² no primeiro mandato de Lula, 10,67 mil km² no segundo mandato do petista e de 11,34 mil km² no governo Bolsonaro.
É importante observar, entretanto, que a área de desmatamento recebida por Lula ao assumir a Presidência era quase três vezes maior do que a registrada quando Bolsonaro chegou ao poder (21.651 km² em julho de 2002 contra 7.536 km² em julho de 2018).
Já considerando a variação percentual entre os dados divulgados pelo Prodes no ano anterior à posse e no terceiro ano de mandato, a área desmatada caiu 12,18% no primeiro mandato de Lula (de 21.651 para 19.014 km²) e 47,75% no segundo mandato do petista (de 14.286 para 7.464 km²). Já no governo Bolsonaro, ocorreu o oposto: um crescimento de 73% (de 7.536 para 13.038 km²).
Desde que o Prodes começou a fazer o levantamento, em 1988, o menor registro de área desmatada na Amazônia em um ciclo (agosto a julho do ano seguinte) ocorreu em 2012, durante o governo de Dilma Rousseff (PT): 4.571 km². 
Durante essa gestão, que foi a primeira da petista, a média anual de desmatamento foi de 5,62 mil km², considerando os dados divulgados pelo Prodes do primeiro ao terceiro ano de mandato. Já a redução na área desmatada comparando o ano anterior à posse e o terceiro ano de mandato de Dilma foi de 15,8% (de 7.000 para 5.891 km²).

QUEIMADAS

GOVERNO LULA
De acordo com dados do Inpe, em 2003, as queimadas chegaram a 113,1 mil km² no bioma, crescendo nos anos seguintes até o pico em 2005 (160,8 mil km²). O primeiro mandato do petista, entretanto, terminou com redução em 2006 (97,3 mil km²).
Já o segundo mandato de Lula iniciou com nova alta em 2007 (154,5 mil km²), seguido de duas quedas em 2008 e 2009 e uma retomada no último ano da gestão, em 2010 (112,8 mil km²). 
De acordo com o Observatório do Clima, alguns fatores explicam o aumento de áreas afetadas por incêndios durante o governo do petista, entre eles o fato da Amazônia ter sofrido, em 2005 e 2010, as duas piores secas da história – em um ano de seca, costuma haver mais queimadas. Além disso, o fenômeno El Niño influenciou no aumento da área queimada em 2007 ao reduzir drasticamente as chuvas reduzissem na região.
GOVERNO BOLSONARO
Quando Bolsonaro assumiu a presidência, em 2019, a área de queimadas foi de 72,4 mil km², de acordo com o Inpe. No ano seguinte, o número saltou para 77,4 mil km². Já em 2021, ficou em 45,5 mil km².
Até agosto de 2022 – dado mais recente disponibilizado pelo Inpe –, a área queimada na Amazônia chegava a 35,8 mil km². Em relação ao mesmo período do ano passado, é 33% maior (era de 26,8 mil km²)
Além disso, o número de focos de incêndio entre janeiro e setembro de 2022 já supera o total registrado em todo o ano de 2021. Até o dia 19 de setembro, havia 76.587 queimadas na região – em todos os meses de 2021 foram 75.090. Na série histórica iniciada em 1998, o recorde registrado em um único ano foi em 2004, durante o governo Lula (218.637).
COMPARAÇÃO ENTRE GOVERNOS
Em números absolutos, a área queimada na Amazônia durante o governo de Lula foi maior do que na gestão de Bolsonaro. Considerando os três primeiros anos de governo, a média anual foi de 143,6 mil km² no primeiro mandato de Lula, 95,4 mil km² no segundo mandato do petista e de 65,1 mil km² no governo Bolsonaro.
Já considerando a variação percentual entre os dados do Inpe registrados no ano anterior à posse e no terceiro ano de mandato, a área queimada aumentou 118,5% na primeira gestão de Lula (de 73,6 para 160,8 mil km²) e caiu 41,4% no segundo mandato do petista (de 97,3 para 57 mil km²). Já no governo Bolsonaro, houve aumento de 5,5% (de 43,1 para 45,5 mil km²).
Nos últimos 20 anos, segundo os dados do Inpe, o menor registro de área queimada na Amazônia em um ano ocorreu em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff (PT): 36 mil km².
Durante essa gestão, que foi a primeira da petista, a média anual nos três primeiros anos de mandato foi de 47,8 mil km². Considerando a variação percentual entre os dados registrados no ano anterior à posse e no terceiro ano de mandato, houve uma redução de 68% (de 112,8 para 36 mil km²).
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