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Aliados de Bolsonaro silenciam sobre Do Val, enquanto senador é chamado de ‘traidor ’nas redes
02.02.2023 - 17h56
Rio de Janeiro - RJ
No intervalo de 12 horas entre a denúncia do senador Marcos do Val (Podemos-ES) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a mudança de versão sobre o caso nesta quinta-feira (2), o parlamentar passou a ser alvo de críticas de bolsonaristas e foi chamado de “traidor”. Embora as primeiras reações de políticos bolsonaristas tenham sido nulas ou mornas durante a manhã, páginas e perfis de extrema-direita acusaram Do Val de “abandonar o barco” e de não ser confiável.
Na madrugada desta quinta-feira (2), o político do Espírito Santo denunciou, durante uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, que teria sido coagido por Bolsonaro a ser seu aliado em uma tentativa de golpe de Estado. O plano envolveria grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e contaria com a participação do ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). À revista Veja, o senador detalhou reuniões e trocas de mensagens via WhatsApp que comprovariam o caso. 
Horas depois, no entanto, durante a tarde, Do Val mudou a versão e disse que o plano teria partido de Daniel Silveira, preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira, e não de Bolsonaro. De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, a mudança aconteceu depois de o parlamentar receber ligações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). 
Coincidentemente, embora um levantamento da Lupa mostre que as menções a Do Val como “traidor” tenham crescido nas principais redes sociais nas primeiras horas do dia, alguns dos políticos aliados ao ex–presidente, como Gustavo Gayer (PL-GO), Nikolas Ferreira (PL-MG), Damares Alves (PL-DF), além dos próprios filhos de Bolsonaro, silenciaram sobre o assunto.
Uma das exceções foi o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que no começo da tarde apenas publicou montagem com três manchetes de sites de notícia: uma em que o senador denuncia que Bolsonaro tentou coagi-lo; outra sobre o pedido da PF para que o ministro Alexandre de Moraes ouça Do Val; e, por fim, uma notícia sobre a mudança de versão do parlamentar capixaba.
O deputado federal Filipe Barros (PL-PR) também fugiu à regra do silêncio. Conhecido aliado de Bolsonaro, ele manteve-se em cima do muro: não se omitiu sobre a denúncia, mas também não condenou a atitude de Do Val. Limitou-se apenas a postar em tom informativo notícias sobre o caso no Facebook. 

Reação nas redes

Nas primeiras 12 horas do dia 2 de fevereiro, o termo “Marcos do Val” apareceu em 1.351 publicações no Facebook dentre os perfis, páginas e grupos monitorados pela ferramenta CrowdTangle, que renderam 223,2 mil interações. No Instagram, embora o número de publicações com o nome do senador tenha aparecido em menos posts, 464 até as 14h do dia 2, ele rendeu mais de 1,3 milhão de interações. A maior parte desses posts, segundo dados do CrowdTangle, era neutra em relação ao caso. 
Pesquisas mais objetivas, no entanto, mostraram que o termo “Do Val traidor” apareceu em 112 publicações que, juntas, somaram 11,4 mil interações nas primeiras horas do dia 2 de fevereiro, só no Facebook. 
No Gettr, canal criado por ex-assessores de Donald Trump que atraiu usuários de extrema-direita no Brasil, usuários não pouparam críticas a Marcos do Val. “Traíra safado”, “pilantra” e “não vale nada” foram alguns dos termos adotados. Nessa plataforma, que costuma ser usada por influenciadores bolsonaristas, os políticos aliados ao ex-presidente também se calaram. 
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