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12 fakes sobre os povos indígenas já desmentidas
09.08.2023 - 08h00
Rio de Janeiro - RJ
Marcha e ato em Frente Congresso Nacional em 24 de abril de 2023. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Conteúdos desinformativos sobre os indígenas têm sido analisados regularmente pela Lupa nos últimos anos, com alegações que incluem desde supostos crimes de desvio de dinheiro público até acusações infundadas sobre seus representantes. Uma das vítimas é a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
Em alguns casos, os posts falsos serviram como armas de defesa pela extrema-direita – como durante a crise humanitária Yanomami, em uma tentativa de reduzir a responsabilidade do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em outros, imagens e vídeos foram tirados do seu contexto original para reforçar estereótipos ou criar versões inventadas de acontecimentos, com o objetivo de defender um discurso político.
Selecionamos, a seguir, 12 das principais publicações com alegações falsas – já desmentidas pela nossa equipe – que citam os povos originários. 

1. São falsas as vaias em vídeo de Lula caminhando ao lado de indígenas

É falso o vídeo no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é supostamente vaiado com gritos de “Ladrão! Ladrão!”, enquanto caminha ao lado de indígenas. Trata-se de uma montagem. O áudio com as vaias foi inserido digitalmente no vídeo, gravado em 21 de janeiro de 2023. O registro original mostra que, na realidade, a população presente gritava em apoio ao petista. 

2. Vídeo sobre homicídios na Aldeia Indígena de Serrinha é antigo e não foi gravado na Amazônia

Um vídeo mostra o relato desesperado de uma indígena sobre mortes que estariam acontecendo em uma aldeia chamada Serrinha. Texto que acompanha a postagem diz que o caso ocorreu na Amazônia e que um cacique recebeu dinheiro para matar seu próprio povo. O post também culpa o governo Lula pela situação. O vídeo é antigo e foi gravado em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). A aldeia da Serrinha não está localizada na Amazônia, mas no Rio Grande do Sul.

3. É falso que ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse que o ‘açúcar vem do mel da abelha’

Circula nas redes sociais um vídeo no qual uma mulher diz que o açúcar é extraído das abelhas. A legenda afirma que se trata da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. A informação foi analisada pela Lupa e é falsa. A mulher que aparece no vídeo é, na verdade, uma moradora de uma ocupação situada perto do pico do Jaraguá, em São Paulo. 

4. É falso que entidade que denunciou desnutrição dos Yanomami desviou R$ 33 milhões

Um print de um texto alega que a entidade que denunciou a desnutrição de indígenas Yanomami teria desviado R$ 33 milhões. Trata-se de uma informação falsa. O texto confunde duas organizações com nomes parecidos para fazer a acusação infundada.

5. Foto de indígenas desnutridos foi registrada no Brasil, não na Venezuela

É falso que uma foto com crianças indígenas desnutridas que circula pelas redes sociais foi registrada na Venezuela, não no Brasil. A fotografia foi tirada em território brasileiro, na Terra Indígena Yanomami, no estado de Roraima.

6. Homem entrevistado pela Globo não finge ser indígena e não se chama Henrique

Um post afirma que Henrique Souza Filho, que viralizou ao conceder diversas entrevistas para emissoras de TV do Recife (PE), fingiu ser indígena em uma reportagem veiculada pelo Jornal da Globo. Ele teria falsamente se identificado como “Marcos Xukuru”. É falso. As imagens da publicação mostram duas pessoas diferentes. Henrique Souza Filho virou meme depois de ser entrevistado diversas vezes por veículos locais da capital pernambucana. Já Marcos Xukuru é uma liderança indígena e política da cidade de Pesqueira (PE). 

7. É falso que indígenas protestando em vídeo cobravam dinheiro de ‘passeata contra Bolsonaro’

Circula pelas redes sociais um vídeo que mostra um grupo de indígenas protestando em frente ao Centro Administrativo da Bahia. A legenda que acompanha a gravação afirma que o grupo queria invadir a Governadoria da Bahia para cobrar dinheiro prometido em troca da sua participação em uma passeata contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Porto Seguro (BA). A informação é falsa. A manifestação indígena em frente à sede administrativa do governo da Bahia, no dia 26 de abril de 2022, foi uma marcha do 4º Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia. Segundo representantes do movimento, a manifestação foi realizada com o objetivo de cobrar demandas relacionadas à educação, incluindo a construção de escolas.

8. É falso que nome no TSE prove que Sônia Guajajara não é indígena

Circula pelas redes sociais um post que acusa Sônia Guajajara de não ser indígena. A “prova” seria a reprodução da ficha de registro de sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que traz o seu nome completo: Sonia Bone de Sousa Silva Santos. A alegação, contudo, é falsa. O nome de registro de Sonia Guajajara não prova que ela não é indígena. Quando a ex-candidata a vice-presidente nasceu, em 1974, ainda não era regulamentado o registro civil de sobrenomes indígenas. 

9. É falso que indígena na comitiva brasileira da ONU é filha de Damares

Um conteúdo afirmava que Ysani Kalapalo – mulher indígena que integrou a comitiva brasileira na 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, em 2019 – seria filha adotiva da ex-ministra Damares Alves. A afirmação é falsa. YouTuber e apresentadora, Ysani foi criada no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, e não é filha da atual senadora.

10. É falso que Funai ‘reestruturada por Bolsonaro’ descobriu 36 contratos de venda de terras indígenas

Circula nas redes sociais que, durante o governo Bolsonaro, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) detectou 36 contratos de venda de terras indígenas que seriam irregulares. Isso é falso. A Funai informou que o caso ocorreu em 2012, ou seja, no governo de Dilma Rousseff (PT). Na época, o órgão informou que os contratos eram considerados nulos e que cada um seria avaliado pela Advocacia-Geral da União (AGU).

11. Homens presos por indígenas não são funcionários de ONG e foto é de 2014

Uma foto compartilhada nas redes sociais mostra um grupo de homens presos cercados por indígenas. Segundo a legenda, a imagem seria de membros de ONGs que teriam sido retidos pelo grupo após serem flagrados colocando fogo na Amazônia. A afirmação é falsa. A foto é antiga e não tem relação com os incêndios na Amazônia de 2019. Trata-se de um registro do fotógrafo Lunaé Parracho, da Reuters, de agosto de 2014. A fotografia mostra membros da etnia Ka’apor prendendo supostos madeireiros ilegais que atuavam dentro da Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão. 

12. Imagens de ‘massacre’ contra indígenas que circulam no Facebook são antigas

Circulam nas redes sociais duas imagens que mostram indígenas sendo agredidos por policiais. A legenda de uma das fotos diz que o registro é atual e teria sido feito no Mato Grosso do Sul, enquanto outra coloca a culpa no “psicopata” eleito para governar o país. As fotos são reais, mas foram tiradas em 2008 no estado do Amazonas, não no Mato Grosso do Sul. Na época, policiais retiraram à força um grupo de 400 indígenas em uma reintegração de posse em Lagoa Azul, nas proximidades de Manaus (AM).
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