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É falso que comandante do Exército confessou ter vendido armas para o tráfico
26.10.2023 - 18h05
Rio de Janeiro - RJ
Um vídeo no YouTube afirma que o comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, teria confessado ao Superior Tribunal Militar (STM) a venda de armas para o tráfico. Isso teria ocorrido após investigação conduzida pelo general Décio Luís Schons, que supostamente descobriu o esquema. A gravação ainda diz que Schons também teria denunciado o envolvimento de Paiva em um esquema de propina com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. É falso. 
Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
“Tomás Paiva confessou ter vendido armas para o tráfico após ser conduzido por oficiais do Exército a pedido do ministro do Superior Tribunal Militar Lourival Carvalho [Silva]”
– Trecho de fala em vídeo que circula nas redes
Falso
As acusações feitas contra o general Tomás Ribeiro Paiva no vídeo do YouTube são falsas. Em notas, tanto o Superior Tribunal Militar (STM) como o Centro de Comunicação Social do Exército negaram que ele tenha confessado a participação em um esquema de venda de armas para o tráfico. Também não foram encontradas as supostas denúncias em buscas no Google e no site do STM.
Paiva assumiu o comando do Exército em 21 de janeiro deste ano. Em 20 de outubro, o general determinou a exoneração do tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, que era o diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo, onde 21 metralhadoras foram furtadas
Até o dia 26 de outubro, 17 metralhadoras haviam sido recuperadas em operações conjuntas do Exército e das polícias do Rio de Janeiro e de São Paulo. Outras quatro armas ainda estavam desaparecidas. Segundo o Exército, as armas furtadas são consideradas “inservíveis”, ou seja, teriam que passar por manutenção para serem usadas.
“De acordo com o chefe de inteligência que descobriu todo o esquema do comandante Paiva, o general Décio Luís, não é a primeira vez que Tomás Paiva é flagrado vendendo armas. Quando era comandante militar do Sudeste, uma grande quantidade de armas de guerra havia desaparecido do quartel-general onde estaria o então comandante Paiva”
– Trecho de fala em vídeo que circula nas redes
Falso
Como citado anteriormente, não há acusações contra Tomás Paiva. Por telefone, o general da reserva Décio Luís Schons, apontado no vídeo que circula nas redes como responsável pela tal investigação, também afirmou que as alegações são “fake news” e que não realizou tal denúncia. Ele esclareceu que não tem envolvimento com o Exército desde 2021. 
“Isso é uma grande fake news. Não tenho nada a ver com isso. Estou na reserva desde abril de 2021. Não tenho ligação nenhuma com o Exército, a não ser por ser um general da reserva. Não trabalho para o Exército. Atualmente trabalho em empresa civil da iniciativa privada”, informou Schons à Lupa.
Também é falso que armas tenham desaparecido quando Paiva era Comandante Militar do Sudeste. Em 2009 ocorreu o furto de sete fuzis em um quartel do Exército em Caçapava (SP). Contudo, na época, Paiva não ocupava o cargo. Ele só assumiu o Comando Militar do Sudeste em 15 de abril de 2021 e ficou até 21 de janeiro de 2023, quando passou para o comando do Exército.
“General Décio Luís [Schons] encontrou ilicitudes no emprego de militares para cumprir ordens do ministro Alexandre de Moraes, levando o caso para o Tribunal Militar, pois há relatórios detalhando o envolvimento do ministro do Supremo com o comandante do Exército [Tomás Paiva]. Até mesmo pagamentos de propinas foram para pagar os chefes das Forças Armadas para que disponibilizassem militares das três instituições a fim de servirem as excelências do Poder Judiciário”

– Trecho de fala em vídeo que circula nas redes
Falso
À Lupa, o general da reserva, Décio Luís Schons esclareceu que a alegação é falsa. Ele negou que tenha encontrado “ilicitudes no emprego de militares para cumprir ordens do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes”, a partir de um suposto esquema de pagamento de propina. 
Schons contou que o único envolvimento que já teve com o ministro foi na época em que Moraes era Secretário de Segurança Pública de São Paulo — entre janeiro de 2015 e maio de 2016. “Conheci o ministro Alexandre de Moraes quando eu comandava a segunda divisão do Exército de São Paulo, quando ele era Secretário de Segurança Pública de São Paulo. Foram as únicas passagens que tivemos. (...) Nunca mais conversei com ele. Não tenho nada contra ele, absolutamente nada contra ele. É tudo fake. Totalmente fake”, explicou à Lupa.
Em nota, o Superior Tribunal Militar (STM) também negou as acusações sobre esquema de pagamento de propina envolvendo agentes do Exército e Moraes. 
Conteúdo semelhante foi verificado pelo Aos Fatos e pelo Estadão.

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