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É falso que mineradora foi ‘obrigada’ a demitir funcionários por causa do governo Lula
01.12.2023 - 15h00
Florianópolis - SC
Circula pelas redes sociais que 2 mil trabalhadores foram demitidos no Pará por culpa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um vídeo com essa alegação mostra funcionários com o uniforme do Consórcio Araguaia, ligada ao projeto Araguaia Níquel,da mineradora Horizonte Minerals. Nos letreiros, a gravação sugere “empresas foram obrigadas a demitir” em razão de impostos aplicados pelo governo federal. É falso
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
“governo da destruiçãoLula mete imposto nas empresas e elas são obrigada a demitirmilhares de emprego perdido”
– Texto em vídeo que circula em correntes de WhatsApp 
Falso
Empresas não foram “obrigadas” a demitir em razão de aumento de impostos pelo governo Lula. Na verdade, a empresa mostrada no vídeo, a britânica HZM — sigla para Horizonte Minerals —, anunciou que vai pausar um de seus projetos de mineração em Conceição do Araguaia (PA), o Araguaia Níquel, em razão de um déficit no capital necessário para concluir o projeto. Em nota, a empresa afirmou que a decisão “não tem qualquer relação com o governo federal”.  
Ao pesquisar no Google o nome e o logotipo — Consórcio Araguaia — que aparecem estampados no uniforme das pessoas filmadas junto ao termo “demissões”, chega-se a uma série de notícias e vídeos que explicam os motivos dos desligamentos dos trabalhadores. Pesquisas com os termos “Araguaia Níquel” também mostram matérias sobre a paralisação das obras de extração de níquel na cidade de Conceição do Araguaia.
Em 15 de novembro, o portal Brasil Mineral noticiou que a decisão sobre a suspensão foi tomada após “uma série de visitas de acionistas e representantes de credores” que não querem aportar mais dinheiro sem uma revisão dos parâmetros do projeto. Em 17 de novembro, por exemplo, o portal Olavo Dutra noticiou que a desmobilização teria prazo de quatro meses e que havia suspeita de má aplicação de recursos de investidores. 
Um vídeo publicado no TikTok mostra o momento em que um dos gestores dos trabalhadores que foram desligados anuncia a paralisação do projeto. Nota-se que os uniformes são os mesmos. Ao longo de cinco minutos, ele explica que havia “dinheiro no caixa para fazer a obra” e que posteriormente se chegou à conclusão que não seria possível terminar o projeto no prazo estimado.
“Pediram mais uma grana. (...) Vocês viram muita visita de gringo, pessoal do banco, eles vieram para fazer a auditoria para [poder então] liberar esse refinanciamento, ou seja, aportar esse dinheiro a mais”, diz o homem. Contudo, continua ele, embora a obra esteja boa e organizada, “eles [credores estrangeiros] disseram ‘não vamos colocar US$ 250 milhões sem saber o que está acontecendo’. E aí veio a notícia para todos nós de que o projeto vai passar por um recesso de desmobilização de cerca de 4 meses (...)”.
Vale pontuar que já em 23 de outubro a mineradora HZM divulgou em sua página que o aumento da quantidade de materiais, mudanças de escopo e aumento de prazo de entrega, entre outros pontos, demandaram um financiamento adicional. Em 14 de novembro, a empresa sediada em Londres fez um novo pronunciamento, reafirmando que iria “reduzir as atividades de construção no Araguaia” enquanto acionistas e credores discutem recursos e fundos para o projeto. 
Esse conteúdo também foi desmentido pelo Estadão Verifica.

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Ítalo Rômany
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