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É falso que Cruz Vermelha recusa sangue de pessoas vacinadas
23.01.2024 - 17h03
Rio de Janeiro - RJ
Circula nas redes sociais um post afirmando que a Cruz Vermelha estaria recusando sangue de pessoas vacinadas contra a Covid-19. A publicação está em português, não diz se a narrativa seria sobre a Cruz Vermelha do Brasil, mas está acompanhada por um um vídeo em inglês. É falso.
Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
Cruz Vermelha recusa sangue vacinado
Escute – por que eles não iriam querer sangue contaminado com uma terapia genética experimental de mRNA?
Você faz as contas…..

– Texto do post que circula nas redes sociais
Falso
A Cruz Vermelha dos Estados Unidos não está recusando doação de sangue de pessoas vacinadas contra a Covid-19. No caso da organização de ajuda humanitária do Brasil, a instituição não trabalha com coleta de sangue. A Lupa contatou as organizações de ambos países e elas afirmaram que o post analisado é desinformativo. 
A Cruz Vermelha dos Estados Unidos esclareceu em nota encaminhada à Lupa, que “receber uma vacina contra a Covid-19 aprovada não impede que um indivíduo doe sangue à Cruz Vermelha Americana ou a outros coletores de sangue dos EUA, desde que se sinta bem no momento da doação. Além disso, as doações de sangue de indivíduos que receberam a vacina contra a Covid-19 são seguras para transfusão. Semelhante a outras vacinas, como sarampo, caxumba ou gripe, a vacina Covid-19 foi projetada para gerar uma resposta imunológica para ajudar a proteger um indivíduo contra doenças, mas os componentes da vacina em si não são encontrados na corrente sanguínea”.
Diferentemente da organização dos EUA, a Cruz Vermelha do Brasil não recebe doações de sangue, mas presta serviços de ajuda humanitária, como campanhas de arrecadação de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. “Não realizamos serviços voltados à coleta e armazenamento de sangue, portanto qualquer post que diga o contrário trata-se de fake news”, disse a instituição por mensagem. “Salientando e esclarecendo que nossa instituição não se opõe contra a vacinação da Covid-19, uma vez que possuímos, inclusive, um ônibus de vacinação a nível nacional em parceria com a Mercedes Benz para campanha de vacinação contra a Covid-19”, afirmou
Segundo o Ministério da Saúde, pessoas vacinadas contra a Covid-19 podem doar sangue, mas precisam obedecer um tempo de espera para que possam realizar a doação, variando de acordo com a vacina recebida. Por exemplo, para o imunizante Coronavac, o período de inaptidão para doação de sangue é de 48 horas, para a vacina da Jassen, a espera é de 7 dias. “Após esse período e atendendo aos demais critérios para doação de sangue, qualquer pessoa pode se candidatar a doar”, disse o Ministério em nota encaminhada à Lupa.

Origem da desinformação 

O post em português é uma tradução de uma publicação que foi feita originalmente em inglês por outro usuário no X (antigo Twitter). A postagem em inglês é acompanhada por um vídeo noticioso. Por ferramentas de busca reversa, a Lupa identificou que a mulher que fez as afirmações no vídeo se chama Samantha Jones e que a emissora que transmitiu a gravação é a KMOV4, dos Estados Unidos. 
A apresentadora fala sobre doação de plasma para a Cruz Vermelha. Segundo a mulher, a organização estaria recusando plasma convalescente de vacinados contra a Covid-19. O plasma convalescente é a parte líquida do sangue em que estão concentrados os anticorpos. Durante a pandemia do vírus da Covid-19, por exemplo, projetos de pesquisa experimentais buscaram entender se o plasma convalescente coletado de pacientes que se recuperaram da infecção pelo coronavírus poderiam auxiliar no combate à doença por meio da transfusão de seus anticorpos. 
Segundo informações disponibilizadas no site da Cruz Vermelha dos Estados Unidos, que se baseia nas orientações do FDA (Food and Drug Administration, órgão similar à Anvisa nos Estados Unidos), pessoas que receberam vacinas podem doar plasma convalescente. No entanto, por conta do declínio na procura e porque já existe um fornecimento suficiente do material para satisfazer as necessidades dos pacientes doentes, a Cruz Vermelha estadunidense afirmou que parou de recolher plasma convalescente desde julho de 2021.
O mesmo vídeo de Samantha já foi tema de uma checagem de fatos estrangeira. Em maio de 2021, a agência estadunidense AFP produziu uma verificação desmentindo as afirmações da apresentadora. Dessa forma, nota-se, também, que o vídeo não é atual.
Segundo a verificação de 2021 feita pela AFP, a emissora que repercutiu a desinformação sobre a doação de plasma convalescente afirmou para a agência que “as informações incorretas foram atualizadas em nosso site”, no entanto, ao pesquisar por “plasma convalescente” em inglês no portal do KMOV4, não é possível identificar a matéria sobre o assunto. A Lupa contatou o veículo, mas não recebeu retorno até o momento da publicação desta checagem.

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