UOL - O melhor conteúdo
Lupa
Ação do PL contra urnas foi rejeitada e não provou fraude na eleição de 2022
31.01.2024 - 14h51
Rio de Janeiro - RJ
Circula nas redes sociais um vídeo em que um homem afirma que o Partido Liberal (PL) teria encontrado irregularidades em 60% das urnas utilizadas nas eleições de 2022. Com a anulação dos votos irregulares, o vencedor do pleito seria Jair Bolsonaro. A gravação é antiga e circula fora de contexto.
Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
ATENÇÃO!! Presidente do PL afirma irregularidades em 60% das urna
– Legenda do vídeo que circula nas redes sociais
Falta contexto
O vídeo foi gravado em novembro de 2022. Desde então, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, rejeitou a ação proposta pelo PL que pedia a invalidação dos votos registrados em 59% das urnas utilizadas no segundo turno das eleições daquele ano. O relatório do partido tinha alegações frágeis e não apontava falhas que colocassem em risco a integridade dos resultados, avaliaram especialistas ouvidos pela Lupa à época.
Semanas após o segundo turno das eleições presidenciais, em 22 de novembro de 2022, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e outros integrantes da sigla alegaram a existência de uma falha nos arquivos de log das urnas fabricadas antes de 2020.
O log é um arquivo comum em sistemas computacionais que registra todo o histórico de eventos relevantes. No caso das urnas, esse arquivo informa a data e o horário em que o dispositivo foi ligado ou recebeu votos, por exemplo. Não há relação direta com o registro e a contagem dos votos, que são armazenados em outros arquivos.
De acordo com a petição do PL, todas as urnas modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015 teriam gerado arquivos de log em que não constavam seus próprios códigos identificadores — o que, segundo a sigla, poderia prejudicar “a vinculação entre a unidade física – urna eletrônica – e o documento gerado por ela”.
Para especialistas ouvidos pela Lupa na ocasião, a falta desses códigos identificadores não justificaria a anulação de votos, já que os arquivos de log não são críticos para a integridade dos votos.
Os pesquisadores reforçaram que o código faltante em parte dos logs poderia ser substituído a partir de um simples cruzamento com outras informações que estavam devidamente identificadas no próprio arquivo, como município, zona eleitoral, seção eleitoral e código de carga.
“A alegação de que seria impossível associar um arquivo de log a uma urna/seção eleitoral na ausência desse código não procede, dado que ele armazena outras informações de identificação que permitem atestar sua origem”, afirmaram, em nota conjunta, os professores Diego Aranha, da Universidade de Aarhus (Dinamarca) e Paulo Matias, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Além dos arquivos de log, o relatório do PL não identificou fraude ou mau funcionamento em outros pontos do sistema eleitoral brasileiro.

Ação rejeitada

Embora a ação do PL pedisse a anulação apenas de parte dos resultados do segundo turno, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a sigla também incluísse em seu relatório dados sobre o primeiro turno, já que as mesmas urnas foram usadas em ambas as ocasiões. O partido não respondeu.
Diante disso, em 23 de novembro de 2022, Moraes rejeitou a ação do PL e condenou a sigla a pagar R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé. Em sua decisão, o ministro criticou a “total ausência de quaisquer indícios de irregularidades” e acusou a “existência de uma narrativa totalmente fraudulenta dos fatos” com a finalidade de incentivar movimentos criminosos e antidemocráticos.
A condenação foi, posteriormente, confirmada pelo plenário do TSE e paga pelo PL

Leia mais


Esta‌ ‌verificação ‌foi sugerida por leitores através do WhatsApp da Lupa. Caso tenha alguma sugestão de verificação, entre em contato conosco.
Editado por
Clique aqui para ver como a Lupa faz suas checagens e acessar a política de transparência
A Lupa faz parte do
The trust project
International Fact-Checking Network
A Agência Lupa é membro verificado da International Fact-checking Network (IFCN). Cumpre os cinco princípios éticos estabelecidos pela rede de checadores e passa por auditorias independentes todos os anos.
A Lupa está infringindo esse código? FALE COM A IFCN
Tipo de Conteúdo: Verificação
Conteúdo de verificação de informações compartilhadas nas redes sociais para mostrar o que é falso.
Copyright Lupa. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização.

Leia também


13.09.2024 - 17h05
Política
Governo Lula não fez confisco na ‘calada da noite’ de R$ 12 bi e expropriação de R$ 8 bi

Circula pelas redes sociais publicação segundo a qual o governo federal promoveu, “na calada da noite”, confisco e expropriação de dinheiro pertencente aos cidadãos brasileiros. É falso. O PL 1847/24 autorizou que o Tesouro Nacional incorpore valores esquecidos em instituições financeiras, mas credores ainda podem resgatar os bens.

João Pedro Capobianco
13.09.2024 - 16h25
Internacional
Criança em mala não foi resgatada no aeroporto de Dubai; vídeo é ‘brincadeira’

Circula nas redes um vídeo que mostra um bebê dentro de uma mala. Segundo a legenda do post, a criança foi encontrada na bolsa de um passageiro acusado por tráfico infantil no Aeroporto de Dubai. É falso. A gravação não passou de uma brincadeira. A Lupa identificou um perfil no Instagram que publicou trecho do vídeo viral e imagens da mesma criança


Evelyn Fagundes
13.09.2024 - 10h30
Política
Vídeo engana ao alegar que Flávio Dino segue regras de Lenin; decálogo é falso

Post mostra trecho de uma entrevista do ministro do STF, Flávio Dino, onde ele diz que segue o que Lenin recomendava. O vídeo, então, mostra o que seria o Decálogo de Vladimir Lenin, com mandamentos que os comunistas deveriam seguir. É falso. Dino não cita as ideias do decálogo. Pesquisadores dizem que o texto é uma fraude republicada desde 1946.

Maiquel Rosauro
12.09.2024 - 16h03
Fraude
É golpe plataforma que ‘remunera’ por avaliações de anúncios no Facebook

Circulam nas redes publicações sobre uma suposta premiação de R$ 250, pagos pelo Facebook, para quem avaliar anúncios da rede social, a partir da ferramenta “Facebook Safespace”. É falso. O Facebook não promove tal plataforma, nem qualquer outra ferramenta a partir da avaliação de propagandas. Usuários denunciaram a fraude no Reclame AQUI. 


Gabriela Soares
12.09.2024 - 14h41
verificação
É falso que traficantes foram executados na frente de crianças na China

Circula nas redes um post afirmando que dois traficantes foram executados na frente de crianças na China para “educá-las”. É falso. Os homens foram condenados à pena de morte na presença das crianças, mas mortos em outro espaço. O caso ocorreu no Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, celebrado no dia 26 de junho na China.


Evelyn Fagundes
Lupa © 2024 Todos os direitos reservados
Feito por
Dex01
Meza Digital