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Vacina da Pfizer não causou 1.223 óbitos nos três primeiros meses de uso
31.01.2024 - 12h42
João Pessoa - PB
Circula nas redes sociais vídeo de um trecho de entrevista com a médica Maria Emília Gadelha Serra em que ela afirma que um relatório da Pfizer apontou que, entre dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, houve um total de 1.223 óbitos provocados pela vacina de RNA mensageiro produzida pela empresa farmacêutica. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
O relatório da Pfizer, nos três primeiros meses de uso, de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, quando ela recebeu o registro definitivo aqui no Brasil,  já apontava 1.223 óbitos e já tinha lá o relato dos eventos adversos
– Legenda de imagem que circula no WhatsApp
Falso
Ao contrário do que diz a médica, o documento da Pfizer traz dados que mostram todos os relatos e casos adversos notificados que supostamente estariam relacionados à vacina da Covid-19. Entretanto, a Pfizer explica que os números não devem ser interpretados como finais, que essas notificações não foram, necessariamente, investigadas e que não há comprovação de relação causal entre as mortes e as vacinas. 
O documento da Pfizer intitulado "BNT162b2 - Análise acumulativa de relatórios de eventos adversos pós-autorização", citado pela médica, foi apresentado como parte de seu pedido de licença biológica à Administração Federal de Medicamentos dos Estados Unidos (FDA). Nele, constam relatos voluntários feitos por meio de sistemas nacionais e internacionais de notificações. Entretanto, esses casos precisam ser investigados, ou seja, não necessariamente há uma casualidade com algum efeito adverso do imunizante. 
No caso do documento da Pfizer, há um total de 42.086 relatos de casos adversos notificados, não necessariamente associados, além de um relato de 1.223 óbitos entre 1º de dezembro de 2020 a 28 de fevereiro de 2021. Contudo, como o próprio relatório menciona, essas notificações não indicam necessariamente que esses relatos foram causados pela vacina. "Em vez disso, o evento pode ser devido a uma doença subjacente ou a algum outro(s) fator(es), como histórico médico anterior ou medicação concomitante", explica (página 6).
O documento reforça ainda que "os resultados destas análises de detecção de sinal são consistentes com o perfil de segurança conhecido da vacina. [...] Os dados não revelam quaisquer novas preocupações de segurança ou riscos que exijam alterações no rótulo e apoiam um perfil benefício-risco favorável para a vacina". 
Segundo o FDA, em nota enviada à reportagem, até o momento, não há qualquer padrão incomum de mortes após a imunização que pudesse indicar que as vacinas contra a Covid da Pfizer estão causando ou contribuindo para mortes. "É importante observar que relatos de eventos adversos, incluindo morte, [...] não significam que [...] foram causados pela vacina. [...] Geralmente, os legistas estaduais e locais determinam a causa inicial da morte", diz. 
Um estudo publicado na Lancet em janeiro de 2023 concluiu, a partir de dados, que não foi encontrada nenhuma evidência de qualquer associação da vacinação contra a Covid com um risco aumentado de morte nos Estados Unidos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos também afirma em seu site que as pessoas que recebem vacinas têm menos probabilidade de morrer de Covid e das suas complicações.
Em nota, a assessoria da Pfizer afirmou que já distribuiu no mundo mais de 4,7 bilhões de doses da vacina "e não há, até o momento, qualquer alerta de segurança ou preocupação, de modo que o benefício da vacinação segue se sobrepondo a qualquer risco", afirma. A empresa diz que acompanha as notificações de casos adversos e reforça que agências regulatórias como a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e Anvisa autorizaram o uso da vacina. 
Conteúdo similar foi verificado no Brasil por Estadão Verifica. Agências e veículos internacionais como AFP, Reuters e USA Today também desmentiram boato. 
Outro lado
A Lupa entrou em contato com a médica Maria Emília Gadelha Serra por e-mail, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

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