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Não há evidência que protocolo com Broncho-Vaxom acelera recuperação da dengue
09.02.2024 - 15h38
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais vídeo em que um homem indica um protocolo para “melhorar rápido da dengue”. Ele indica o uso de própolis, vitaminas C e D e Broncho-Vaxom. É falso. 
Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
“Protocolo para melhorar rápido da dengue:
Própolis (...) 
Vitamina D (...) 
Vitamina C (...) 
Broncho-Vaxom”

– Trechos de fala em vídeo que, até 17h o dia 8 de fevereiro de 2024, havia sido visualizado por 79 mil usuários no Facebook
Falso
Não existe um protocolo de tratamento específico para a dengue e as formas graves da doença. Além disso, nenhuma das substâncias citadas aparece no manual de manejo clínico de dengue do Ministério da Saúde. Especialistas consultadas pela Lupa também negaram a eficácia do tratamento que circula nas redes.
De acordo com a professora Mariângela Ribeiro Resende, do departamento de Clínica Médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), não existem estudos que indiquem a eficácia do protocolo citado no vídeo
Em nota, a professora Clarissa Barros Madruga, da área de Doenças Infectocontagiosas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), também negou a eficácia do método. “Até o momento não temos nenhum antiviral específico que consiga eliminar o vírus”, explicou.
A médica ressaltou ainda que o medicamento Broncho-Vaxon pode ter alguma aplicabilidade no tratamento de doenças bacterianas de vias aéreas superiores — como nariz e faringe —, mas não para a dengue, doença infecciosa febril aguda causada por vírus.
Segundo a bula do medicamento, o Broncho-Vaxon é indicado como terapia auxiliar para “processos infecciosos do trato respiratório”, como bronquites, amigdalite, faringite, laringite e infecções resistentes a antibióticos convencionais, bem como complicações bacterianas de infecções virais, especialmente em crianças e idosos. O documento não cita indicação para o tratamento da dengue.
A médica ainda reforçou haver risco em adotar o tratamento. A suplementação de vitamina D, por exemplo, citada no protocolo, só deve ser usada conforme a necessidade individual do paciente. Um estudo publicado em janeiro pela revista científica Nutrients, citado por Clarissa na explicação, aponta que doses excessivas da substância podem causar lesões renais e cardiovasculares, entre outros sintomas.

Tratamento para dengue

De acordo com o Ministério da Saúde, não existe tratamento específico para a dengue. A recomendação é priorizar a reposição adequada de líquidos e repousar, além de buscar orientação médica. A automedicação também é desaconselhada pela pasta.
“A população deve ficar alerta aos sinais de alarme: vômitos, dor abdominal, tontura, sangramento, para buscar o serviço de saúde. Pessoas com saúde frágil, crianças, idosos e outras pessoas com comorbidades devem ser levadas ao serviço de saúde para avaliação mesmo que não tenham sinais de alerta”, acrescentou Clarissa.

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