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É golpe anúncio no Facebook com indenização de R$ 30 mil da Serasa
15.03.2024 - 12h10
Rio de Janeiro - RJ
Publicações nas redes sociais afirmam que a Serasa irá indenizar consumidores em R$ 30 mil após a empresa ter sido supostamente condenada pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo vazamento de dados pessoais de mais de 200 milhões de brasileiros em 2021. As postagens também orientam como consultar se foi vítima e resgatar os valores. É golpe. 
Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que o material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
Gente, teve um vazamento de dados e a empresa responsável tá tendo que indenizar em até 30 mil reais para todo mundo que se prejudicou...
– Legenda em vídeo que circula nas redes sociais
Falso
O MPF não realiza julgamentos. Logo, não poderia ter aplicado uma multa contra a Serasa ou qualquer outra instituição. Em nota, o órgão desmentiu o boato. Há de fato um pedido de indenização do MPF contra a Serasa por conta de um possível vazamento de dados em 2021, contudo, a ação ainda tramita na Justiça Federal do Estado de São Paulo.
Para enganar potenciais vítimas, os golpistas usam páginas com o layout de portais de notícia — neste caso, o do portal G1. Essa tática é semelhante à de outros golpes já desmentidos pela Lupa. O primeiro indício da fraude está na própria “reportagem”. O domínio do falso site é “indenizacaoconsultar.online”, enquanto o do portal da Rede Globo é “g1.globo.com”.
A falsa “notícia” também traz um link para “acessar a página oficial” da suposta indenização. Após clicar, o usuário é levado a uma página falsa que imita o layout do site do Serasa, na qual é orientado a informar o CPF. Depois, a pessoa é encaminhada a um falso chat de conversa onde, novamente, é conduzida a compartilhar dados. A Lupa não prosseguiu com o cadastro após o pedido, pois a ferramenta alertou não ter localizado o CPF usado no teste — que era falso.
O esquema foi tema de reportagem do UOL em fevereiro. A matéria mostrou que os golpistas promoveram mais de 5 mil anúncios pagos nas plataformas da Meta, dona do Instagram e Facebook, para impulsionar a fraude.

Inteligência artificial facilita o golpe

Em um dos conteúdos localizados pela Lupa no Facebook, os golpistas usaram a imagem da advogada e influenciadora Miriane Ferreira para promover a fraude. A voz dela foi inserida artificialmente no vídeo, como se ela estivesse orientando como resgatar a falsa indenização. Em suas redes sociais, a advogada desmentiu o vídeo e alertou para o golpe.
“Utilizaram a minha imagem indevidamente e modificaram a minha fala por meio da inteligência artificial. Infelizmente, várias pessoas têm entrado em contato comigo dizendo que pagaram uma taxa e não obtiveram nenhum retorno”
– desmentiu Miriane

Ação sobre vazamento de dados da Serasa

Em 2021, a Serasa Experian foi suspeita de vazar os dados, como CPF, foto e o imposto de renda, de mais de 223 milhões de brasileiros falecidos e vivos. No mesmo ano, o Instituto SIGILO (Instituto Brasileiro de Defesa da Proteção de Dados Pessoais, Compliance e Segurança da Informação), que defende a proteção de dados pessoais, entrou com uma ação judicial contra a empresa de análise de risco de crédito pela suposta comercialização das informações dos consumidores, que viola a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.º 13.709, de 14 de agosto de 2018). 
Em novembro de 2023, o MPF se tornou coautor da ação. Em dezembro, o órgão solicitou uma compensação de R$ 30 mil para cada consumidor prejudicado e a imposição de uma multa correspondente a até 10% do faturamento anual da empresa no último exercício — sendo que o valor não poderia ser inferior a R$ 200 milhões. O Instituto SIGILO, citado nas publicações golpistas, também desmentiu e repudiou as publicações do golpe e esclareceu que, apesar de existir uma ação, ela ainda não foi julgada. 
A Serasa nega o vazamento dos dados e afirma que a perícia entregue às autoridades mostrou a “ausência de invasão nos seus sistemas e de qualquer indício de que o suposto vazamento tivesse tido origem em suas bases de dados”. 
Conteúdos semelhantes foram verificados por Aos Fatos, Estadão Verifica, Reuters e UOL Confere.

SAIBA MAIS:

Esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.


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