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É falso que militares em vídeo destruíram objetos para incriminar invasores no 8 de janeiro
27.03.2024 - 16h53
Rio de Janeiro - RJ
Circulam nas redes sociais posts alegando que teria vazado um vídeo em que militares do Exército destruíram objetos do Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, para incriminar os invasores que estavam no local. É falso.
Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
Quer dizer que o exército também forjou o 8 de janeiro ???? Como é que é ???? Pra incriminar as pessoas ??? #videovazado8dejaneiro,aos poucos a verdade vai aparecendo
– Legenda do vídeo que circula nas redes sociais
Falso
O vídeo que circula nas redes sociais não “vazou”. Trata-se de um trecho das gravações do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto registradas em 8 de janeiro de 2023. As imagens foram divulgadas pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) em abril de 2023, após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O vídeo original mostra que os militares chegaram depois dos golpistas e utilizaram mesas para barrar a passagem dos invasores. Em nenhum momento os integrantes do Exército quebram objetos, como diz a legenda enganosa. Os itens danificados que aparecem na gravação foram destruídos antes, pelos manifestantes. 
A gravação foi filmada por uma câmera do 3º andar da escada oeste do Palácio do Planalto. Conforme é apontado em alguns momentos no canto direito superior do vídeo desinformativo, o registro foi feito perto das 16h. A Lupa procurou pela versão original das filmagens feitas nesse horário e identificou que os trechos do post que está sendo compartilhado nas redes sociais foram extraídos de um arquivo que contempla os acontecimentos gravados entre 16h30 e 17h. 
As gravações feitas das 15h30 às 16h mostram que o relógio clássico do século 17 – que aparece destruído no vídeo analisado – foi derrubado, primeiramente, às 15h33 pelo invasor Antônio Cláudio Ferreira. Ele continua sendo mantido preso sob decisão do ministro Alexandre de Moraes. Dez minutos depois, às 15h43, pessoas trajando camisas verde e amarela e enroladas em bandeiras do Brasil levantam o móvel em que o relógio estava localizado e também retiram do chão o objeto
O relógio foi derrubado novamente às 16h12 por outro golpista. Policiais militares chegaram ao local pela escada do andar superior por volta das 16h27. Às 16h29, um policial surge nas câmeras carregando uma mesa que é arrastada por ele e colocada na passagem para a escada do andar inferior, como uma tentativa de bloquear o acesso. Às 16h32, dois homens, um de colete bege e outro de camisa clara azul, aparecem empurram a mesa para acessar o espaço. 
Nessas imagens gravadas entre 16h30 e 17h, que também foram republicadas pelo portal Poder360, é possível verificar que, ainda nesse intervalo de tempo, outros golpistas passaram pela área. Às 16h49, os manifestantes foram orientados pelo mesmo homem de camisa azul clara citado anteriormente a saírem em direção às escadas. É por volta desse mesmo horário que surgem os militares do Exército.
Após cerca de três minutos, o homem de camisa azul clara solicita que um dos militares o ajude a levantar a mesa que estava deitada para bloquear o acesso da escada para os golpistas. Ao longo da gravação, nota-se que um manifestante tenta subir a escada, mas é repreendido. Outros invasores surgem do andar superior e são orientados a descer.
Perto das 16h57, o mesmo militar que auxiliou o homem de camisa azul a bloquear o acesso da escada com uma mesa decide arrastar outra e colocá-la em cima da que já estava impedindo a passagem.
À esq., captura do vídeo original divulgado pelo GSI; à dir., print do vídeo desinformativo
A gravação desse momento tem sido utilizada no Facebook para alegar que os militares estariam “quebrando móveis e fazendo baderna no interior do Palácio do Planalto” antes da chegada dos golpistas. No Kwai, a Lupa apurou a existência de posts que também apontam para a mesma narrativa falsa, alegando que: “exército participaram do quebra quebra do 8 de janeiro e os patriotas foram quem pagaram a conta” e “novas imagens de 8 de janeiro mostra GSI de Lula quebrando tudo antes do atentado”.
Verificação similar foi feita no ano passado por Boatos.org e Estadão Verifica.

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Nota: Este conteúdo faz parte do projeto Mídia e Democracia, produzido pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI) em parceria com Democracy Reporting International e a Lupa. A iniciativa é financiada pela União Europeia.
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Ítalo Rômany
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