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Post omite que efeitos adversos da vacina da AstraZeneca são raros e foram relatados desde 2021
02.05.2024 - 16h00
João Pessoa - PB
Circula nas redes sociais post afirmando que a farmacêutica AstraZeneca admitiu pela primeira vez que sua vacina contra Covid-19 pode causar efeitos colaterais mortais, a exemplo de trombose. A postagem usa como prova uma reportagem do jornal britânico The Telegraph, sobre uma ação coletiva na Justiça que alega que o imunizante provocou efeitos raros graves num pequeno número de famílias. Falta contexto.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
AstraZeneca admite pela primeira vez efeitos colaterais mortais em vacina
– Legenda de post que circula no WhatsApp
Falta contexto
Os posts compartilhados deixam de mencionar que os efeitos adversos por causa da vacina são raros e foram relatados desde 2021, e que a AstraZeneca traz em sua bula essa possibilidade de ocorrência — ou seja, isso nunca foi omitido. Aqui no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acompanha a incidência de casos raros de trombose desde 2021, quando houve a notificação desses efeitos em países europeus. Entretanto, a agência reafirma que esse tipo de ocorrência adversa é rara no país.
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que o risco de tromboembolismo venoso é de duas a seis vezes maior em pacientes com Covid-19 do que em pessoas sem infecção. "Os eventos adversos são raros e ocorrem, em média, uma vez a cada 100 mil doses aplicadas, apresentando um risco significativamente inferior ao das complicações causadas pela infecção da Covid-19", ressalta.
A Fiocruz, que foi responsável pela fabricação da vacina da AstraZeneca no Brasil, também reforçou que os casos de trombose "são extremamente raros e possivelmente associados a fatores predisponentes individuais". "Vale destacar ainda que não há histórico de pessoas que tenham apresentado efeitos tardios com relação a doses administradas anteriormente", diz a nota. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, reafirma que os benefícios do imunizante superam os riscos do uso desses produtos. 

Entenda o caso

Segundo reportagem publicada pelo jornal britânico The Telegraph, a AstraZeneca admitiu em documentos judiciais que sua vacina contra a Covid-19 poderia causar efeito secundário raro, especificamente incidências de Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (TTS). 
A resposta foi dada em uma ação coletiva na Justiça que alega que a vacina provocou efeitos raros graves num pequeno número de famílias. É citado no texto um caso de um homem que apresentou coágulo sanguíneo e uma hemorragia no cérebro após ter tomado o imunizante. Entretanto, a AstraZeneca afirma que é preciso investigar os casos — e que não necessariamente possuem uma relação causal com o uso do imunizante. "Admite-se que a vacina pode, em casos muito raros, causar TTS. O mecanismo causal não é conhecido. Além disso, o TTS também pode ocorrer na ausência da vacina. A causalidade em qualquer caso individual será matéria para prova pericial.”
“A partir do conjunto de evidências em ensaios clínicos e dados do mundo real, a vacina AstraZeneca-Oxford tem demonstrado continuamente ter um perfil de segurança aceitável e os reguladores em todo o mundo afirmam consistentemente que os benefícios da vacinação superam os riscos de efeitos secundários potenciais extremamente raros”, reforçou a AstraZeneca em comunicado à Justiça. 

Ministério da Saúde acompanha casos desde 2021

Vale lembrar que o Ministério da Saúde vem acompanhando desde 2021 - por meio de notas técnicas - supostos casos de trombose em pessoas que tomaram as vacinas da Janssen e da AstraZeneca em países europeus. Esse acompanhamento é feito pela pasta para adotar medidas emergenciais no país, em casos específicos. O órgão afirma que esse tipo de ocorrência adversa é rara no Brasil.
No final de 2022, a pasta voltou a falar sobre o assunto, em nota técnica. “Os eventos adversos, inerentes a qualquer medicamento ou imunizante, são raros e ocorrem, em média, um a cada 100 mil doses aplicadas, apresentando risco significantemente inferior ao de complicações causadas pela infecção da Covid-19" disse, também, em nota publicada no próprio site do Ministério da Saúde em abril de 2023. “O atual cenário da Covid-19 no país, com redução de casos graves e óbitos pela doença, é resultado da população vacinada”, ressaltou.
Em 2022, o Ministério da Saúde concluiu que, levando em consideração a elevada cobertura vacinal na população adulta e a disponibilidade de doses de diferentes produtores, seria necessário atualizar as orientações sobre a vacinação contra a Covid-19. Neste sentido, a pasta passou a recomendar, preferencialmente, a administração de vacinas de vetor viral - AstraZeneca e Janssen -, para a população acima de 40 anos. Para indivíduos abaixo dessa faixa etária, a pasta indicou a aplicação de imunizantes de RNA mensageiro, a exemplo da farmacêutica Pfizer.
Checagem similar foi produzida por Estadão Verifica.

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