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Desastres por chuvas quintuplicaram no Brasil em três décadas
11.05.2024 - 12h45
Rio de Janeiro - RJ
Enchente na Avenida Loureiro da Silva, em Porto Alegre (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini/Divulgação)
O país enfrenta uma escalada preocupante no número de desastres causados pelas chuvas nas últimas três décadas, revelam dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil. Entre 1991 e 2022, houve um alarmante aumento de 385% nessas ocorrências, superando em vinte pontos percentuais o crescimento de incidentes registrados no Rio Grande do Sul no mesmo período. Em outras palavras, os registros quintuplicaram em 32 anos.
Em 32 anos, 29.789 desastres no Brasil foram relatados na base de dados — 14.356 ocorridos entre 2013 e 2022, representando um aumento significativo em comparação com os 2.960 desastres documentados entre 1991 e 2000, quando a série histórica teve início, resultado de uma colaboração entre o Banco Mundial e a Universidade de Santa Catarina (UFSC).
A base de dados atualmente mantida pelo Departamento de Articulação e Gestão da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, revela outra informação alarmante: os incidentes registrados apenas na última década correspondem ainda a 48,2% do total de desastres no período monitorado, de 32 anos. Um percentual muito similar ao registrado no Rio Grande do Sul (48,4%).
É importante notar que os dados coletados se referem a desastres desencadeados por chuvas e tipologias frequentemente associadas às enxurradas e tempestades, excluindo-se incêndios e estiagem, por exemplo. No entanto, alguns dos desastres relatados, como o rompimento de barragens, podem ter outras causas além das chuvas, como a catástrofe ocorrida em Brumadinho, em 2019.
A exemplo do que vem acontecendo no Rio Grande do Sul, o aumento da frequência de fortes chuvas têm levado ao acúmulo de prejuízos no país. Perdas relacionadas a desastres causados pelas mau tempo entre 2003 e 2022 totalizam aproximadamente R$ 114 bilhões, conforme valores corrigidos pelo IGP-DI em 2022.
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Sul é região mais atingida

O Atlas indica que Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão entre os estados mais frequentemente afetados por enxurradas desde 1991. Dos cinco mais atingidos, três estão no Sul e dois no Sudeste.
Com o oitavo menor território entre as unidades da federação, Santa Catarina registrou o maior número de desastres em 32 anos. Foram 5.534 incidentes provocados por enxurradas em três décadas. O estado é seguido por Minas Gerais (4.476), Rio Grande do Sul (4.007), Paraná (2.091) e São Paulo (2.075).
Quando se observa os dados estruturados por regiões, a distribuição do incidentes fica assim: Sul (11.632), o equivalente a 39% do total, seguido pelas regiões Sudeste (9.042), com 30,3%; Nordeste (4.655), com 15,6%; Norte (2.443), com 8,2%; e Centro-Oeste (2.017), com 6,8%.

Bilhões em prejuízos

Os prejuízos no setor privado superaram as perdas no setor público entre 2003 e 2022. A partir de dados do Atlas, é possível estimar em cerca de R$ 86,37 bilhões o impacto no setor privado. No público, pouco mais de R$ 27,66 bilhões. Por sua vez, o valor total perdido em infraestrutura chega a R$ 62,62 bilhões.
A economia tem sido duramente atingida: 75,7% dos prejuízos totais estão relacionados a setores produtivos, chegando a R$ 86,37 bilhões entre 2003 e 2022. Entre as áreas, é o campo que mais têm relatado prejuízos, com perdas de safras, equipamentos e animais. Como no Rio Grande do Sul, mas em escala nacional, as maiores perdas foram na agricultura, de cerca de R$ 57,19 bilhões. Em segundo lugar, ficou o setor de serviços (R$ 10,49 bilhões), seguido por pecuária (R$ 10 bilhões) e indústria (R$ 8,67 bilhões).
O resultado disso é que estados dedicados ao setor primário têm sido mais economicamente afetados pelo mau tempo  Os cinco primeiros da lista têm forte tradição agrícola. O Rio Grande do Sul registra os maiores prejuízos — R$ 22,5 bilhões, correspondendo a 19,7% das perdas totais no país. O estado gaúcho é seguido por Santa Catarina (R$ 16,14 bilhões), Mato Grosso (R$ 15,96 bilhões), Minas Gerais (R$ 9,03 bilhões) e Paraná (R$ 7,77 bilhões).
O Atlas ainda permite um olhar sobre as áreas sociais mais impactadas. As maiores perdas foram na habitação, com prejuízos estimados em R$ 27,66 bilhões. Já as perdas no ensino foram substancialmente menores, de aproximadamente R$ 2,46 bilhões. Na saúde, somaram cerca de R$ 1,19 bilhão.

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Ítalo Rômany
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