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Lupa
Post de ‘trapalhadas’ do Exército tem vídeos antigos e sem relação com RS
16.05.2024 - 14h59
Rio de Janeiro - RJ
O texto foi atualizado para incluir nota da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)
28.05.2024 - 17h14
Circula pelas redes sociais um vídeo no qual o apresentador Orestes de Andrade, do canal Ulbra TV, critica a ação do Exército no Rio Grande do Sul. Para embasar sua desaprovação, ele exibe três vídeos que mostram uma suposta atuação recente dos militares durante a assistência aos municípios gaúchos. Dois deles são falsos.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
Olha aí um salvamento de um tanque [no Rio Grande do Sul]. O Exército conseguiu derrubar um tanque de guerra e tá virado na beira da estrada
– Trecho de vídeo que circula pelo WhatsApp
Falso
A gravação que mostra um guincho tentando resgatar um blindado militar tombado foi feita em 13 de agosto de 2018, no Mato Grosso do Sul. Na ocasião, duas viaturas, ambas pertencentes ao Exército, tombaram na rodovia estadual MS-384, na região de Bela Vista (MS), a 322 quilômetros de Campo Grande, fronteira com o Paraguai. 
O mesmo vídeo já foi usado em outra peça desinformativa. Em agosto de 2021, circulou a informação de que os veículos capotaram a caminho de um desfile militar no Palácio do Planalto. A Lupa verificou, contudo, que o incidente não teve qualquer relação com o evento
Olha só, mais uma trapalhada do Exército Brasileiro [no Rio Grande do Sul]. Estão ajudando agora as pessoas a descerem do caminhão, olha que barbaridade. [Mulher cai do veículo]
– Trecho de vídeo que circula pelo WhatsApp
Falso
A gravação que mostra uma mulher caindo após tentar descer de um veículo militar também é antiga. Em nota enviada à Lupa, o Centro de Comunicação Social do Exército informou que o incidente “não ocorreu na região atingida pelas enchentes do Rio Grande do Sul”. 
Uma busca reversa por frames do vídeo leva a publicações de outubro de 2023 em diferentes redes sociais (veja aqui e aqui). Não foi possível localizar a origem e data exata da gravação, mas é certo que o registro não foi gravado este ano no Rio Grande do Sul.
Após ser procurada pela Lupa, a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), responsável pela TV Ulbra, disse que a análise do jornalista Orestes de Andrade sobre as ações do Exército nas enchentes do Rio Grande do Sul foi um “teste de fake news". A universidade declara que exibiu vídeos sem contexto para investigar a repercussão do trecho do programa no Tik Tok. Eles afirmam que o “teste de fake news” foi revelado uma semana depois
“Fizemos isso para mostrar como algo feito fora de contexto, mas que atende ao que as pessoas estão procurando — um conteúdo chamativo e de denúncia — tem muito mais apelo nas redes sociais do que materiais informativos”, afirmou a Ulbra em nota
Uma corrente humana (...) para distribuição de comidas [no Rio Grande do Sul]. Olha a animação dos nossos militares, olha a agilidade deles, a velocidade com que eles estão passando os donativos de uma mão para outra. [Soldados jogam garrafas de água em uma corrente humana]
– Trecho de vídeo que circula pelo WhatsApp
Verdadeiro
Já o vídeo que registra a logística usada por militares para carregar um caminhão com garrafas d’água foi gravado recentemente no contexto da Operação Taquari II, que é um conjunto de ações de resgate e apoio das Forças Armadas na região afetada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. 
Em nota enviada à Lupa, a Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Sul informou que o vídeo mostra o momento da descarga de água de um avião particular para uma viatura militar. Segundo a instituição, os agentes que aparecem nas cenas foram advertidos por sua conduta. 
“O Exército Brasileiro permanece trabalhando incansavelmente para apoiar as vítimas da enchente no Rio Grande do Sul e atitudes como essa não refletem as diversas ações realizadas em prol da sociedade gaúcha”, declarou o Comando Militar do Sul. A gravação gerou grande repercussão nas redes sociais, sendo utilizada como conteúdo satírico
Por mensagem, o capitão Freitas, da Comunicação do Comando Militar do Sul, afirmou que a logística criticada nas imagens, inicialmente, seria uma corrente humana para transportar materiais pesados do avião para o caminhão. Freitas diz que ao final do carregamento sobraram poucas garrafas d’água e os agentes optaram por manter a mesma logística adotada desde o início. “Como já estavam fazendo esse procedimento, eles continuaram fazendo a mesma coisa”, justificou o militar.

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Carol Macário
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