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Maduro mente ao afirmar que urnas no Brasil não são auditáveis
24.07.2024 - 13h14
João Pessoa - PB
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: Divulgação/governo da Venezuela
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou sem provas que as urnas eletrônicas no Brasil não são auditáveis. O discurso foi feito em comício de campanha na noite de terça-feira (23), no estado de Aragua. 
Maduro também questionou em sua fala outros processos eleitorais, como nos Estados Unidos e na Colômbia, para afirmar que as eleições na Venezuela tem "o melhor sistema eleitoral do mundo". No domingo (28), eleitores irão eleger o novo presidente do país. Maduro chegou a dizer em comício anterior, em Caracas, que na Venezuela poderia haver 'banho de sangue' e 'guerra civil' caso ele não vencesse o pleito. 
A Lupa checou trecho do discurso de Nicolás Maduro sobre as urnas eletrônicas no Brasil, confira:
No Brasil [...] não auditam um registro [de urna]
– Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, em comício de campanha no país realizado em 23 de julho de 2024
Falso
Ao contrário do que afirmou o presidente da Venezuela, as urnas eletrônicas no Brasil são auditáveis. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) explica em seu site que as eleições passam por diversas fases de auditoria interna e externa durante toda as eleições. Um desses instrumentos é o Boletim de Urna (BU), que é impresso nas seções eleitorais ao encerramento da votação. 
O BU é um comprovante que traz o total de votos por partido, o total de votos por candidato, o total de votos em branco, o total de comparecimento, e o total de votos nulos. Além disso, inclui dados como identificação da seção e zona eleitoral, a hora do encerramento da eleição, o código interno da urna eletrônica e a sequência de caracteres para validação do boletim. 
Após o encerramento da votação, a urna imprime, em cinco vias, o BU. Uma das vias impressas é afixada imediatamente no local de votação, visível a todos, para que o resultado da urna se torne público. 
Nas eleições 2022, o Tribunal de Contas da União (TCU) selecionou, aleatoriamente, 4.161 urnas eletrônicas em operação no dia da votação, para comparar a informação do boletim impresso com a informação disponibilizada pelo TSE. Não houve qualquer divergência nos dados.
Sem fraudes desde 1996
De acordo com o TSE, desde 1996 não se registram no Brasil casos de fraudes eleitorais envolvendo a captação ou totalização de votos. Além disso, o código-fonte da urna é mantido sob um sistema de controle de versões de software, com acesso restrito e com registro de todas as modificações. Esse controle permite que, na cerimônia de lacração, os fiscais possam analisar se houve alguma mudança ou manipulação, sendo possível identificar o que foi modificado e quem realizou esse serviço. 
Em toda votação é promovido o Teste de Integridade, simulação na qual votos em cédulas de papel são manualmente inseridos em urnas, sorteadas na véspera da data do pleito. Todo o procedimento é transmitido ao vivo pela internet e acompanhado por empresas de auditoria externa. Ao final do teste, é possível comparar se o resultado das cédulas do papel equivale ao consolidado pelo dispositivo de votação e, assim, validar a integridade das urnas eletrônicas.
Entidades atestam lisura da eleição
Diversas entidades e organizações atestaram a lisura das eleições presidenciais de 2022. O Ministério da Defesa publicou relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação em que afirma que não houve presença de códigos maliciosos que prejudicassem a segurança do sistema. Em outro relatório preliminar do Carter Center – organização internacional não governamental sem fins lucrativos – publicado em 4 de novembro de 2022, não foi apontada nenhuma irregularidade no processo eleitoral brasileiro.
O relatório preliminar da Missão Integrada de Observação Eleitoral da União Interamericana dos Órgãos Eleitorais (Uniore), publicado em 31 de outubro de 2022, também atestou a segurança do sistema eletrônico de votação. Já o relatório final do Conselho Federal da OAB, divulgado em novembro de 2022, também reforçou que o processo eleitoral foi limpo e seguro. É possível consultar todos os relatórios das missões no site do TSE.

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