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É falso que atletas do Brasil estão passando fome em Paris e que uniformes têm relação com a Janja
01.08.2024 - 10h16
Rio de Janeiro - RJ
Circula nas redes sociais um vídeo em que Rayssa Leal relata que ela e outros atletas do skate foram “esquecidos” pelo ônibus que os levaria para a Vila Olímpica, após treino em Paris. A legenda do vídeo afirma que os atletas do Brasil estariam passando fome. Também insinua que os uniformes usados pela delegação brasileira foram criados com influência da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja. É falso. 
Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
“(...) Atletas passam fome ao chegar em Paris. Raissa Leal, ouro do skate, denuncia o descaso [do COB]”
– Texto em vídeo que circula nas redes sociais
Falso
De fato, os atletas — não só do Brasil —, apontaram problemas com a logística de transporte após o treino das equipes de skate. Contudo, o deslocamento e alimentação oferecidos pela Vila Olímpica são responsabilidade do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Paris. Além disso, o caso mostrado por Rayssa Leal foi pontual e não significa que os “atletas passam fome”, como apontado pela legenda do vídeo.  
Em nota à Lupa, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) reforçou que não tem relação com o problema relatado pelos atletas, mas que acompanhou o caso. “O Comitê Olímpico do Brasil trabalha para que todos os atletas tenham as melhores condições para treinar, descansar e ter a melhor performance da carreira nos Jogos Olímpicos. Obviamente, a situação foi monitorada e, caso não houvesse evolução, o COB atuaria para tentar solucionar. A prova de que essa questão não foi um problema é que a atleta Rayssa Leal já competiu e ganhou uma medalha olímpica de bronze [no skate street]”, informou. 
O caso relatado no vídeo aconteceu em 24 de julho, dois dias antes da cerimônia de abertura da Olimpíada. Segundo o relato da atleta, a equipe de skate foi “esquecida” na pista, após treino. “A gente ia sair 16h20 daqui da pista para ir para Vila [Olímpica] para poder comer, tomar um banho e descansar. Adivinha que horas são? São 19h17, está todo mundo aqui esperando um tal de ônibus chegar e não chega. Ninguém está entendendo isso aqui”, relatou a skatista. 
As equipes brasileiras não foram as únicas a sofrer com o atraso do transporte. A skatista Pamela Rosa também usou suas redes sociais para relatar o caso. Na gravação dela é possível verificar que as equipes do Japão e da Holanda também ficaram à espera do transporte. 

Reclamações sobre alimentação na Vila Olímpica 

Atletas do mundo inteiro reclamaram sobre a falta de proteína no refeitório da Vila Olímpica, com pouca oferta, reposição lenta e filas extensas. Na segunda-feira (29), o Comitê Organizador da Olimpíada de 2024 anunciou mudanças no menu, com aumento da oferta de proteínas. A Sodexo Live, empresa responsável pela operação, afirmou que vai "levar muito a sério o feedback dos atletas" e "trabalhar ativamente" para adaptar os fornecimentos "ao consumo real observado".
Em nota à Lupa, o COB ressaltou que os atletas brasileiros podem fazer suas refeições na base do Time Brasil em Chateau de St Ouen, localizado próximo à Vila Olímpica. 
  • “Além do uniforme ridículo da Janja (...)”
    – Texto em vídeo que circula nas redes sociais
    Falso
A primeira-dama Rosângela Silva não teve nenhuma relação com a escolha e confecção dos uniformes usados pela delegação brasileira para os Jogos Olímpicos de Paris, como esclareceu o Comitê Olímpico do Brasil (COB), em nota à Lupa
O boato surgiu após publicações relacionarem as peças usadas pelos atletas brasileiros na cerimônia de abertura dos jogos com o vestido usado pela primeira-dama em seu casamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — ambos confeccionados por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas (RN). Contudo, as peças da cerimônia de abertura dos jogos foram confeccionadas pela Riachuelo, que também forneceu as roupas de viagem, enquanto a Havaianas forneceu os tradicionais chinelos brasileiros
Além das duas marcas, a empresa chinesa Peak forneceu mais de 50 mil peças de material esportivo usadas na Vila Olímpica, locais de competição e no pódio. A Mormaii ficou responsável pelo fornecimento dos uniformes para outros envolvidos na Missão Paris 2024. 
É valido citar que além dos itens oficiais, os atletas e seleções também têm patrocínio próprio, como a skatista Rayssa Leal, por exemplo, que é patrocinada por 13 marcas diferentes. 

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Catiane Pereira
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