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Capitães venezuelanos que sugerem rebelião contra governo não estão na ativa
02.08.2024 - 10h37
João Pessoa - PB
Circula nas redes sociais um vídeo que mostra dois supostos capitães das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (Fanb), da Venezuela, que afirmam que o país elegeu um novo presidente e que é preciso que o Exército tome uma decisão para resolver o conflito — sugerindo uma rebelião contra o governo de Maduro. A mensagem, compartilhada como um comunicado oficial nas redes, diz ainda que é "urgente e necessário que nós, os militares, sejamos os chamados a resolver o conflito, pois é evidente que na Venezuela neste momento não existem poderes públicos independentes para sustentar a governabilidade". Falta contexto.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
Já era para o Maduro. Capitão manda mensagem para os soldados"
– Trecho de vídeo que circula no WhatsApp
Falta contexto
Apesar de o comunicado ser direcionado aos militares, o registro foi feito por ex-capitães que não têm mais poder no Exército. Quem aparece nas imagens são os irmãos Javier Nieto Quintero e Juan Carlos Nieto Quintero, capitães aposentados que vivem no exílio após terem sido detidos. 
A agência de checagem venezuelana EsPaja explica que Javier Nieto Quintero foi detido em 2004 por suposta participação em um complô para assassinar o então presidente da Venezuela Hugo Chávez. Segundo informações publicadas pelo Hola News, o ex-capitão foi solto dois anos após a prisão e vive atualmente nos Estados Unidos. 
Juan Carlos Nieto Quintero, por sua vez, era capitão reformado da Guarda Nacional Bolivariana. Seu caso foi denunciado ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) por ter sido torturado após sua prisão em 2 de abril de 2014, quando foi forçado a revelar a posição política de um general. O governo Maduro acusou o ex-capitão de conspiração e tentativa de golpe. Juan Carlos Nieto foi preso dias após Nicolás Maduro anunciar aos ministros das Relações Exteriores da Unasul a descoberta de um suposto golpe de Estado para derrubá-lo.
Ao contrário do que afirmam algumas legendas, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, expressou em rede nacional "absoluta lealdade e apoio incondicional" das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas ao presidente Nicolás Maduro após o resultado das eleições no país. 
Crise política na Venezuela
A eleição presidencial da Venezuela, que ocorreu no domingo (28), tem sido marcada pela instabilidade política, protestos e pela disseminação de conteúdos falsos nas redes sociais. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país informou na madrugada de segunda (29), por volta de 1 hora (horário de Brasília), que o atual presidente Nicolás Maduro foi reeleito. O órgão, no entanto, não apresentou boletins oficiais nem números finais. A coalizão de oposição, que apoia o candidato Edmundo González, ainda não reconheceu o resultado e contestou o CNE. 
Diversos confrontos vêm ocorrendo no país desde o pleito, resultando em feridos e mortos. Até a manhã de quarta-feira (31), a organização não-governamental Foro Penal informou que 11 pessoas morreram e outras 429 foram detidas em protestos na Venezuela desde o fim da eleição. Um outro monitor, com informações obtidas por repórteres, correspondentes e comunicados enviados por hospitais, mostra que, até a tarde de terça-feira (30), o total de vítimas era de 13 pessoas.
Checagem similar foi produzida por Estadão Verifica.

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